GUIAS

quarta-feira, 11 de julho de 2012

A Vida do Deficiente Físico

Deficiente Físico - Também é cidadão!
120711 - Adaptar para viver Feliz!

            Ninguém quer ser um Deficiente Físico, e muito menos deseja ter um filho deficiente. Isso acontece, logicamente, sem permissão ou desejo da pessoa. Um acidente. Uma doença.

         Deficiente físico não é Marca, qualidade e muito menos raça! É deficiente. parece bobagem dizer isso aqui, mas muitos me perguntam se meus filhos também são deficientes... ingenuidade!

              Minha própria mãe e família (pais e irmãos), não concordavam de eu ter uma namorada, uma esposa, filhos... etc. Achavam que a deficiência que possuo seria uma barreira que impediria de namorar, casar e ter uma vida sexual normal.

               Como disse acima, deficiência não é uma raça, como por exemplo: japoneses são filhos de japoneses e seus filhos são japoneses (isso é raça), e  eles tem sua característica física diferente. Afros são africanos e africanos geram africanos, eles são negros e essa é a caracterísca deles, e se eles casarem entre si, vão ter filhos negros - isso é raça! (Obs. Não quero que pensem que discrimino raças ou cores). Deficientes não vão ter filhos deficientes, necessariamente, e nem necessitam de casar com deficientes apenas). Outro dia dentro do mercado com minha irmã, deparamos com uma jovem cadeirante, assim como eu, e minha irmã me disse: Vai cumprimente-a, Eu disse; mas eu não a conheço! Ela afirmou: mas ela é deficiente também! Ai eu pergunto: E o que é que eu tenho a ver com isso? Porque ela é deficiente, cadeirante, eu tenho que ir até ela, chamar a atenção e cumprimentá-la, apenas por sermos deficientes? Você cumprimenta todos que é semelhante a você, quando os vê na rua ou no mercado? Pessoas da mesma raça tua, da mesma cor, ou que tem características semelhantes?

                Um Deficiente pode ter diversas características pessoais, apenas dele, que não tem nada a ver com outro deficiente: Visíveis e não visíveis, notáveis e não notáveis, Como por exemplo: Física, emocional, financeira, e no seu ponto de vista, de pensar etc. E isto difere de pessoa para pessoa. Somos seres humanos, lembre-se disto primeiramente.

                 A população, de modo geral, pelo menos na minha nobre cidade, está tão despreparada para lidar com o Portador de deficiência, seja ela qual for, que vou ocupar um espaço aqui para explicar sobre esse assunto. Incrível o despreparo.

               Tem gente que pensa que todo deficiente físico é bobo, surdo e sem raciocínio. Sério, é verdade! Acontece de vez em quando, alguém chega bem perto do meu ouvido (como quem quer cochichar alguma coisa), e falar bem alto, por exemplo, Gritar bem próximo do meu ouvido: Precisa de ajuda?
ou de repente quando tento escalar uma rampa, uma pessoa pegar na minha cadeira, por trás e me empurrar repentinamente, sem aviso prévio, sem falar nada, e dar-me aquele arranco inesperado.

                    Atualmente sou cadeirante, mas já andei de muletas por nove anos, após o acidente que ocorreu comigo em 1985. Quando andava de muletas canadenses, era normal alguém surgir, quando ia escalar os degraus de um micro-ônibus, e segurar-me pelos braços, tentando ajudar, sem antes oferecer-me a ajuda. O que acontecia: Eu não tinha firmezas nas pernas, utilizava da força dos braços para segurar nas barras laterais para subir, ai chegava um indivíduo incomunicável, segurava em meus braços, próximo as axilas, tirava a força dos meus braços, eu descontrolado amontoava sobre as pernas fracas e o irresponsável não tinha forças suficientes para manter o meu peso elevado, deixava eu cair no chão. Isso me deixava furioso, porque todos pegavam no mesmo lugar, nos braços.

                  Outros pensam que deficientes não raciocinam, e nunca conversa com eles, perguntam prá quem está do lado, o que ele está precisando, mas não dialoga com o mesmo.

               Sou nascido em Unaí, cidade à 161 quilômetros do Distrito Federal - Brasília-DF. Aqui tenho muitos amigos e sou conhecido de muitos. Vivi meus 47 anos aqui nesta cidade que atualmente tem aproximadamente 100.000 habitantes. Uma cidade próspera, sendo reconhecida nacionalmente por ser a campeã na produção de grãos, como o Café, Soja, milho e feijão. Cidade da agropecuária, da mulher bonita, e uma cidade onde mais possui ciclistas no Estado de Minas Gerais. Um lugar muito bom para se viver.

            A adaptação arquitetônica para facilitação da locomoção do deficiente físico, principalmente dos cadeirantes ainda está muito longe de poder dizer que existe, porque em poucos locais está na maneira correta, até mesmo os engenheiros da prefeitura não estão preparados para fiscalizar obras que estão sendo erguidas. Um exemplo do que estou falando é que a própria Sede municipal (a Prefeitura) não está correta com a adaptação. O prédio de três lages, tem a maioria das secretarias no segundo e terceiro pavimento, e o acesso é restritamente feita por escadas, e o deficiente cadeirante é que se lasque. O Prefeito, tanto os anteriores (Adélio Martins, Sebastião Alves "Tão" e José Braz) como o atual Antero Manica, que está completando oito anos no governo, não está nem ai com isso. Muito longe de se preocupar com a adaptação da cidade, construiu canaletas em quase todas as esquinas do centro da cidade, para comportar as águas fluviais, (o que deveriam ser canalizadas por baixo do asfalto), que agora tornou-se um grande obstáculo para o cidadão cadeirante.

            minha indignação é grande, quanto aos políticos de Unaí, que não se responsabiliza pelo bem estar do cidadão unaienses, e que na época de campanha política, invadem ruas e logradouros em busca de votos, e até corrompem cidadãos de bem com falsas promessas, o que nunca se cumpre. E a cidade continua no mesmo caos, sem nenhuma melhoria!
           Volto a falar do assunto. Em breve!

A seguir: Fotos ...


                  Em Unaí, os direitos do Deficiente Físico são suprimidos, esquecidos, e as leis que dão direito aos portadores de deficiência são congeladas em meras palavras gravadas em papéis e nunca são colocadas em práticas. Não há rampas suficientes e algumas que há, sempre tem um veículo, moto ou bicicleta de um irresponsável que estaciona no local, fechando ela, impossibilitando de ser usada, e na maioria dos casos, quando um deficiente chama a polícia para obrigar o proprietário do veiculo a retira-lo, ainda ouvimos dizeres como: "não há lei que proíba", as leis não são suficientemente adequada para obrigar a retirar o veículo de frente de uma rampa, a não ser que esta seja de uma garagem. Os prédios não adaptam, e as pessoas responsáveis pelos projetos não tem preparos para fiscalizar, ordenar ou proibir, eles simplesmente fazem como quer e não há quem os oriente a fazer adequadamente como deve. Caso lamentável. Ninguém está ai, com o portador de deficiências.


               Todo mundo sabe que "calçada" existe para tráfego de pedestres. Já imaginou uma cidade onde não houvesse calçadas? os veículos estacionando na porta dos comércios? A calçada existe para tráfego de pedestres e cadeirantes, já o ciclista não pode trafegar sobre as calçadas, com excessão da cidade de Unaí, onde não cumprem as leis. Aqui o comerciante estão expondo suas mercadorias sobre as calçadas. Será que o prédio não cabe mais sua mercadoria, que é necessário colocá-las sobre as calçadas? ou é porque o comerciante pensa que cercando o cliente com suas mercadorias expostas nas calçadas, ele venderia mais? ou ainda, será que é porque seu imóvel não cabe mais? nesse caso deveria alugar um local maior. Veja a situação da foto acima. Isso daí tem culpa do município não fiscalizar, ACIU, sei lá. Isso é descaso e desrespeito para com o cidadão unaiense, principalmente com o cadeirante.


                    Este procedimento feito nas esquinas, para escoamento das águas fluviais, pelo prefeito Antero manica, no inicio de 2005, inicio de seu primeiro mandato, foi um grande descaso com a população unaiense, que o elegeu com 74% dos votos válidos. O deficiente físico, cadeirante, não consegue transpor esta valeta, com cadeira de rodas, e se tentar ultrapassa-los pode quebrar sua cadeira de rodas, principalmente os que usam a cadeira de rodas elétrica, como no meu caso que já quebrei a minha cadeira por três vezes, nestas canaletas.



                 Aqui estou, fazendo uma demonstração, de como acontece, quando se tenta ultrapassar a canaleta. As rodas dianteiras se encaixa dentro da canaleta e não há como sair, exceto com a ajuda de terceiros, para que suspenda-a e coloque fora. Pena que em Unaí-MG não existe ninguém para compreender este caso e o prefeito não tá nem ai com os portadores de deficiências e os usuários de cadeira de rodas. Mas um dia ele vai cair do poder...


              Este modelo ai acima é um dos modelos que deveria ser usado neste caso, onde tem mais espaço para a água passar internamente, abaixo do asfalto, sem ter que modificar o nível superior e nem deixar o canal aberto, mas como o deficiente cadeirante aqui é muito desvalorizado, isso aconteceu sem que ninguém pensasse que em Unaí tem aproximadamente 150 cadeirante, onde uns 30 são usuários de cadeira elétrica. Uma cadeira manual normal esta valendo em torno de 3.000,00 para adquiri-la na cidade, sendo que em Unaí não existe a venda. Já uma cadeira Motorizada esta com o valor entre 8 a 9.000,00 (nove mil reais). E a manutenção, além de muito cara, somente na fábrica das mesmas (FREEDOM), em Porto Alegre-RS. Se uma mola de suspensão, que vale 10,00, para adquiri-la com representantes na cidade, vai para quase 50,00; e diretamente via sedex, com pedido particular feito pela internet sai por volta de 30,00. E estas canaletas não perdoa mesmo, é só querer saltar sobre elas, que as molas dianteiras quebram mesmo. As eleições se aproximam... Deficientes tem títulos eleitorais, e ai?

             
             Até pode ter deficientes que são "tan-tans", que não liga prá nada! não percebe o que acontece em seu meio; mas na maioria, são inteligente e sabe reagir, buscar seus direitos, requerer, correr atrás e lutar para que seus direitos sejam cumpridos, aplicados. Eu sou um deles!
               Sou cidadão, pago meus impostos, e quero ver meus direitos cumpridos, não só os meus, mas os dos deficientes. Já fui uma pessoa, até os 21 anos de idade, sem deficiência, saudável, trabalhadora, que um dia, no ato do meu trabalho, sofri um acidente e fiquei paraplégico. Hoje, após 28 anos, depois de ser reabilitado, continuo trabalhando, sou independente para a vida diária, morando sozinho, trabalho com fotografias e com muita dificuldade me auto-sustento, e nem por isso admito esta situação de descaso, luto por mim e pelos deficientes de minha cidade.      

 O usuário de cadeira de rodas deve ser visto com mais atenção, não importa se rico ou pobre, todos eles sofrem na pele o descaso da sociedade, de políticos que só visam os votos, enchem-nos de promessas e na hora de cumprir... "não fui eu". A cidade onde os políticos, governos e responsáveis trabalham e reconhecem os deficientes como cidadãos, há melhorias em prol, como: Rampas na cidade, calçadas transponíveis, ruas bem calçadas, rampas e elevadores nos prédios públicos, escolares, hospitais, postos de saúde, etc. fiscais que fiscalizam e obrigam os comerciantes a adaptarem seus prédios; colocando banheiros adaptados, entradas com rampas ou elevadores para prédios acima de 2 pavimentos. Igrejas bem adaptadas com entradas facilitadas com rampas e banheiros acessíveis e adaptáveis com barras de apoio. Praças com banheiros públicos adaptados.


                Um carro semelhante a este seria muito útil para os unaienses, utilizando-o como um disque transporte, para que possa ser solicitado pelo deficiente, que não tem um meio de transporte, quando precisa deslocar de sua residencia para o hospital, para o posto de saúde, ou para fazer exames em um laboratório. Bastaria 2% do dinheiro que o prefeito gasta com as festas de carnaval, ou outras festas banais durante o ano. O deficiente poderia muito bem usufruir deste serviço gratuito. Mas visando o valor do deficiente pela quantia de votos que ele rende... Somos desconhecidos!


                   Unaí merece uma van ou uma besta adaptável, para conduzir os deficientes físicos até a escola, incentivando assim, a estudar! mas nenhuma atitude está sendo feita, e quando alguém vai falar alguma coisa, não consegue, porque estão nas secretarias, no gabinete, lá encima no segundo e terceiro andar do prédio, Sede municipal de Unaí, o Executivo ainda não deu conta de adaptar seu prédio, para que o deficiente físico possa requerer seus direitos, "coitadinhos". (do executivo, claro)!


                     Esta linda escada é a única passagem que dá acesso aos pisos superiores (1º e 2º andar), onde funcionam as secretarias de obras, (responsáveis pelas obras arquitetônicas da cidade), entre outras. No térreo apenas a receita, tesouraria etc. O deficiente físico não tem direito nenhum aqui, porque não tem asas e nenhum deles possui helicóptero para descer sobre o prédio. Agora se tiver contas para pagar, ai se resolve no térreo mesmo.

                       Unaí precisa de mais estacionamentos privados para o deficiente físico, os poucos que tem, por não ter fiscalização, vive ocupados. O que adianta fazer estacionamentos, se não há regulamentação, fiscalização e principalmente sinalização? Nem a polícia não fiscaliza corretamente os estacionamentos reservados para o cadeirante.


               Unaí merece banheiros públicos e entre eles banheiros adaptados, se tivesse uma outra visão...
                Visão de quem quer o melhor para Unaí, visão de políticos de futuro, de quem não quer só prá si, de quem governa para o bem da cidade!
Unai precisa de quem enxerga a necessidade e o bem estar do cidadão. Ai pergunto eu: Kd eles?

Foto ilustrativa  - Um ônibus adaptado corretamente para deficientes cadeirantes
            Unaí não tem coletivos dignos do nome, e muito menos os portadores de deficiências físicas, mentais, visuais, etc. Mas a dona da empresa que faz os itinerários urbanos aqui, manda e desmanda na cidade; nunca vi isto... Ela burla até as leis municipais, seus micro-ônibus demoram até uma hora para dar uma volta e tornar ao mesmo local, passam até três no mesmo bairro, e muitos dos bairros não tem nenhum. O deficiente cadeirante não anda de coletivo, porque além de não haver esse tipo de rampa mecânica, as portas ainda não tem largura suficiente e dentro não tem espaço para a cadeira de rodas, além do mais, o motorista não ajuda, e não há cobrador nos coletivos. O que acontece: Pelo fato dos coletivos serem muito lento, passando em um determinado ponto de hora em hora, ainda cobram muito caro; ai ninguém utilizam eles, exceto os idosos que viajam de graça e sem compromisso de horário. 
                É minha Unaí... você merece muito mais que isso! O cidadão unaiense também. E o portador de deficiências... também!

UNAIENSES
Jisohde G. Posser
jisohde@gmail.com
120711