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terça-feira, 19 de março de 2013

Obama visita Israel, mas palestinos não acreditam em um acordo de paz

Obama visita Israel em clima de reaproximação, mas palestinos não acreditam em um acordo de paz 

              O presidente dos EUA, Barack Obama, irá se voltar para a história judaica e evitará os polêmicos assentamentos na Cisjordânia ao visitar Israel nesta semana, num itinerário seletivo e carregado de simbolismos diplomáticos. Os dirigentes palestinos mantêm um silêncio oficial sobre as expectativas de que o processo de paz seja reativado com a visita, embora de maneira privada reconheçam que não têm esperanças de que isto ocorra.

              A viagem, de quarta (20) a sexta-feira (22), marca uma tentativa de reaproximação de Obama com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, pressionado pelos EUA a refrear o ímpeto de atacar o Irã e a retomar a negociação de paz com os palestinos. 


              Alguns israelenses parecem ressentidos com a demora de Obama em visitar o país e com um discurso que ele proferiu em 2009 no Cairo, quando pareceu argumentar que a legitimidade do Estado judeu deriva do Holocausto, e não de uma ligação territorial bíblica.

              Do lado palestino, nem na rua nem nos gabinetes oficiais é possível encontrar confiança com a chegada do presidente americano, nem se espera que a visita seja mais do que uma momentânea chamada de atenção para o conflito no Oriente Médio. Os dirigentes palestinos se limitam a desejar uma clara afirmação de Obama de que os assentamentos israelenses na Palestina são perigosos para a solução de dois Estados, algo que seu governo afirma cada vez que são anunciados novos planos colonizadores.

              "Há pequenas mobilizações sociais contra a visita, mas o importante não é que exista gente contra, que existe em qualquer lugar, o problema aqui é que não há ninguém a favor. Ninguém acredita que sua chegada irá servir para nada", disse à Agência Efe uma fonte da OLP (Organização para a Libertação da Palestina) que pediu para não ser identificada.

              O chefe negociador palestino, Saeb Erekat, assegurou recentemente que tanto Obama como o mundo "têm que conseguir de Israel somente uma frase: que aceita e está comprometido com o princípio de dois Estados segundo as fronteiras de 1967".

              Erekat também afirmou que a OLP mantém suas exigências para voltar à mesa de negociação: o fim do crescimento dos assentamentos, a aceitação de Jerusalém e as fronteiras de 67 como ponto de partida, um marco temporário claro para o começo e fim do diálogo e a libertação dos presos.

Os líderes palestinos se preocupam com o fato da visita de Obama ficar mais centrada em questões como o programa nuclear iraniano ou a guerra civil na Síria, ao invés de impulsionar o fim da ocupação israelense.

"Não podemos esperar milagres desta visita. O mais provável é que não tenha nenhuma influência direta em nossa situação", disse o ex-ministro palestino Gashan al-Khatib. O dirigente, no entanto, espera que a vinda de Obama seja pelo menos "um começo" para que os EUA prestem atenção ao problema e no futuro possam desbloquear o processo de paz.

Visita de Obama
              Obama visitará em Jerusalém o túmulo de Theodor Herzl, visionário sionista que morreu mais de quatro décadas antes da fundação de Israel em 1948. Recuando ainda mais no tempo, ele verá antigos pergaminhos judaicos no principal museu de Israel.


              Os chamados Manuscritos do Mar Morto foram descobertos na Cisjordânia — território palestino hoje ocupado pelos israelenses, que veem essa terra como um direito bíblico. Os EUA defendem que a Cisjordânia seja parte de uma Palestina independente.

              Michael Oren, embaixador de Israel nos EUA, disse que os pergaminhos foram "escritos há 2.000 anos por judeus, em hebraico, na sua pátria, a Terra de Israel".

              Ao vê-los, Obama estará transmitindo ao mundo uma mensagem sobre as profundas raízes do Estado judeu no Oriente Médio.

              "Este não é um país que caiu do céu após o Holocausto. É um país que é realmente arraigado na região, e é permanente e legítimo", disse Oren a uma TV de Israel.

Falando na semana passada ao mesmo canal, Obama reconheceu "o direito fundamental de Israel a ser protegido como pátria do povo judaico, e sua conexão com a terra".

Mas os EUA, como a maioria das potências mundiais, se opõem aos assentamentos judaicos na Cisjordânia, os quais Obama sugeriu que estariam motivando uma maior hostilidade dos palestinos contra Israel.


              De helicóptero —evitando assim passar por escavadeiras, postos de controle e guarnições militares de Israel—, Obama irá a Belém, na Cisjordânia, e se reunirá com o presidente palestino, Mahmoud Abbas.

              Abbas disse na sexta-feira (15) a uma TV russa que "o presidente Obama disse várias vezes ser contra os assentamentos", e que "Israel tem cometido erros a cada dia, e ninguém aponta o dedo para culpá-los".

              Os deslocamentos de helicóptero limitaram a exposição de Obama à população palestina. Indignados com a falta de avanço no processo de independência, manifestantes palestinos destruíram fotos do presidente norte-americano durante protestos na segunda-feira (18).


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