GUIAS

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Como funciona o sistema de Saúde de Unaí-MG

Buscando tratamento de minha escara
Como funciona o sistema de Saúde aqui na cidade de Unaí - MG

              Levantei hoje muito mal de saúde, e resolvi ir atrás de tratamento. Por volta das 08:30 horas e preparei-me para ir ao posto de saúde do meu bairro, o Bairro Cachoeira.
              Moro sozinho, tenho muita dificuldade de realizar as tarefas domésticas sozinho, ultimamente ainda está pior, pois tenho engordado muito, e com uma escara no pé, que esta muito profunda e com crostas de tecido morto ao redor, o que impede a cicatrização, sinto que há uma grande necessidade de realizar debridamento da mesma, para desobstruir aquele tecido sem vida, que facilitará a cicatrização e o fechamento da escara. 
              Veja no vídeo, o que é o processo de debridar uma escara, não é a de meu pé. 
(cenas de feridas, se es fraco, recomendo não assistir).





09:15 - Saindo de casa com destino ao Posto de saúde do SUS, que fica aqui mesmo no meu Bairro.


09:15 - Estou me dirigindo para o Posto SUS do meu bairro

09:23 - Chegando em frente do Posto, já na chegada, um obstáculo foi encontrado, uma rampa que dá acesso da rua para a calçada está construída de forma inadequada, para passar por ela fui obrigado a pedir auxílio a voluntários que passavam pelo local.



09:23 -  Frente do Posto do SUS, no Bairro Cachoeira.
              Entrei, e ao chegar na porta de entrada, outra rampa muito aclive, que tentei por duas vezes subir e não consegui, de frente com a mesa onde havia uma enfermeira sentada e outras duas do lado, à 3 metros, que ficaram olhando as tentativas em vã de escalar a rampa, mas somente elas olhavam, até que veio um senhor que ali estava e ofereceu ajuda, quando então consegui subir a rampa. aproximei da mesa, onde as duas enfermeiras já não estava, apenas a enfermeira que escrevia permanecia de cabeça baixa.
              Chamei a atenção dela, dizendo que estava ali para fazer um curativo, e desbridamento de uma escara no meu pé. Ela levantou o olhar, me olhando de alto a baixo, voltou a escrever de cabeça baixa enquanto dizia-me que deveria procurar o Pronto Atendimento - P.A., porque tal tipo de procedimento só seria feito por um médico de lá.
Agradeci, e dei meia volta e saí.

              De volta a rua, decidi ir ao PA em busca deste procedimento que preciso com muita urgência.

09:45 - Passando pela Praça São Cristóvão - Onde estão as rampas?

09:45 - Praça são Cristóvão, estou chegando, já andei quase 2 km e estou a menos de 300 metros do local de destino. Esta é a praça São Cristóvão, uma praça que não foi feita para usuários de cadeira de rodas usufruir, porque não tem rampas e o trânsito gira em torno dela com muita velocidade e é muito perigoso, uma porcaria tudo isso aqui, e se tiver algum unaiense ignorando o que falo, venha aqui fazer uma visitinha pessoalmente, mas venha de cadeira de rodas, para sentir a realidade de que estou falando! venha.
Faz oito anos que eu postei umas fotos na internet dessa praça, em um "Flog" e até hoje ninguém tomou providencias. 
              Os políticos de Unaí não vêem isto na Internet, mas o restante do mundo está vendo, e eu, estarei sempre mostrando isso ao restante do mundo!

09:46 -  Chegando no PA antes das chuvas caírem, percebe-se que vai chover muito
09:48 - Agora está pertinho, é logo ali na frente!

09:48 - Chegando no PA - Pronto Atendimento

09:49 - P.A. - Pronto Atendimento - SUS
09:50 - Cheguei no PA - Pronto atendimento, tirei as fotos da entrada, para fins de registrar o horário por fotos, porque esqueci meu celular em casa, e estou fotografando tudo aqui. Meu propósito é manter a calma, aguardar, e esperar pela boa vontade deles, até conseguir o meu objetivo que será fazer um debridamento na escara e um curativo, nada mais!

09:51 - Dei entrada, marcando uma consulta na entrada do PA, mandaram aguardar, e estou sentado diante de uma aviso: ÁREA AMARELA - Atendimento em até 60 minutos. Estou aguardando ... Desde as 09:52.

10:00 - Saindo para tomar um ar na parte externa, na saída, tirei algumas fotos dos cartazes e avisos!

10:01 - Bem vindo ao P.A. - Péssimo Atendimento

              Sabe o que acontece? As poucas pessoas buscando consultas são classificadas como de pouca urgência e os funcionários ficam de braços cruzados, foi o que notei no Pronto atendimento, que de pronto não tem nada!
Não havia mais de 50 pacientes no momento em que cheguei, talvez uns 35, e depois aumentou, mas não atingiu 50 pessoas.
              Pessoas com problemas mais sérios eram encaminhados ao atendimento, e as demais eram postas a espera de uma ou duas horas, e eles ficaram folgados la dentro, enrolando o atendimento e não atendia ninguém. O que eu vi foi um descaso total, de 40 a 40 minutos, o guarda da entrada chamava uns dez pacientes pelo nome e era só.

10:01 - No corredor secundário, encontra-se afixado o aviso: até 60 minutos para ser chamado.
10:02 - Afixado na sala de espera principal, avisa que o atendimento será após 120 minutos, conforme a urgência.
               Engana-se quem pensa que esse horário indicado no aviso das áreas amarelas e verde, são prazo para ser atendidos. O prazo se refere para fazer a triagem e receber a pulseira colorida, que indicará o tempo de espera para realmente ser atendido. ou seja: Dei entrada as 09:50 e mandaram esperar, A chamada para ir para a triagem se deu as 11:30, quando fui para a sala de triagem e lá me entrevistaram, e não mediram pressão e nem temperatura mediram, vieram com uma pulseira amarela para colocar em meu braço, sem falar mais nada, o que recusei, não aceitei. 


11:30 - Chamado para fazer a triagem, o que na sala, nada foi feito, apenas uma entrevista que levou-me de volta a área amarele, destinado a esperar mais uma ou mais hora.

               Novamente fui colocado para fora, destinado a esperar mais uma hora ou mais, segundo eles. Fui tratado deseducadamente, e como uma pessoa anormal, e não foi feita a triagem como de costume. Saí.

11:40 - De volta ao corredor de espera, diante do relógio que marcava o tempo que não passava.


São 12:41 - Continuo aguardando pacientemente, até agora ainda não fui chamado - Já passou uma hora.
12:41 - Não é fácil esperar... bateu fome, cansaço, indisposição, continuo aguardando. Dei uma saída, tentei fazer uma ligação em um telefone público que fica na porta, (havia deixado meu celular em casa), o telefone público não da acesso à cadeirante, muito mal colocado sobre um degrau, alto, pedi ajuda, mas começou a chover e não consegui avisar meus familiares que estava ali. Faltou adaptação no telefone, para usuários de cadeira ter acesso.

              Em um breve intervalo da chuva, atravessando a rua, fui em um quiosque e fiz um lanche, pois a fome era tanta que estava já passando mal no pequeno espaço, cheio de pessoas, e o ar estava rarefeito (tenho problemas em ficar em local fechado, ou onde há muitas pessoas) ao sair contei no recinto 48 indivíduos além de mim!



12:42 - Há muitos mosquitos por aqui, e como meu pé está com uma escara exalando mau cheiro, eles incomodam muito.

12:45 - Fui chamado a comparecer no interior, acho que findou o tempo de espera. Comparecer no consultório ortopédico, após uma longa rampa, e la vou eu.


12:46 - Alguns minutos de espera e logo o atendimento que durou aproximadamente um minuto.
12:46 - Um breve diálogo, com um médico ortopedista e este me encaminha de volta para a enfermagem, e no prontuário circula, marcando que minhas condições de saúde é VERDE - de pouca urgência  podendo esperar duas horas para o atendimento.

12:51 - Saindo do consultório, em uma mesinha no corredor, eu fiz as próximas duas fotos seguintes:


12:51 -  Do Consultório Ortopédico, encaminhado de volta aos Técnicos de enfermagem.

12:50 - Depois de um breve diálogo, o médico nem olhou para meu pé, que se encontrava com faixa, ele indica que meu caso é de pouca urgência, e classificou, como mostra no documento acima, como: VERDE - Pouco urgente, e que poderia esperar mais 120 minutos.

              Foi ai que pedi a ele, esclarecendo que já estava no hospital desde as 9:50, que meu caso é mais urgente, ai ele circulou: AMARELA - Urgente - 60 minutos de espera, porém, indicou com uma seta, como pode ver na foto acima, que entre as duas indicações, o válido seria o verde.

12:53 - Com os técnicos de enfermagem, entreguei o prontuário (documentos acima), e a enfermeira me informou que iria ligar para o médico, (Dr. Rafael), que no momento não estava ali, para vir me atender, e pediu-me para aguardar diante da sala de emergência, que ele iria vir. 

12:54 - E lá vai eu para mais um ponto de espera, agora, no corredor, diante de uma sala de emergência, concorrendo vaga com apenas 6 pacientes. Pelo menos é mais animador.


12:54 - Cheguei para aguardar diante desta sala onde se lê: "Atendimento a qualquer momento"

12:58 - ao lado, também se lê este aviso - no mesmo local.
13:00 - Nada de aparecer o Dr. Rafael - clinico.

14:00 - Ainda não vi o Dr. Rafael, apenas um outro atende na sala :( o tempo passa, o cansaço em ficar horas extático na cadeira de rodas, deixa meu corpo dolorido, cansado, vistas escurecem, e eu continuo "paciente", sem almoço, sem água, sem...

              Preciso ir ao banheiro, porém, o banheiro local não oferecem condições adequadas para cadeirantes.

14:01 - Dirigi até as enfermeiras e solicitei um dispositivo para urinar, sendo que os banheiros não são adaptáveis para cadeirantes, e como sou deficiente renal, tenho sonda permanente, e já estava sentindo cólicas e iniciando a perca de urina. Ela pegou um vidro de soro, lancetou ele e derramou o conteúdo na pia e me passou, indicando que, acima, depois da rampa à direita, havia um banheiro no qual daria para entrar, e ...
Lá fui eu!

              Chegando no banheiro, uma profissional da limpeza avisou: O banheiro está entupido e repleto de... 

              Está impossibilitado de utilizar; pelo mau cheiro, deu vontade de voltar, mas a necessidade me levou até a primeira parte, onde esvaziei a bexiga no frasco, e enquanto estava ali, um amigo que também estava lá, aguardando atendimento me avisou que o médico havia chegado e me chamava!

14:08Voltei correndo e o médico me chamou na enfermagem e falou comigo ali mesmo:
              As perguntas foram as mesmas:
_ O que houve? Escara.
_ Tem quanto tempo que você tem esta escara? Uns 3 anos.

              Informei a ele que a escara estava muito grande, quase a nível ósseo, infeccionada, com necrose e uma crosta de pele morta, e ali estava para debridar (veja como no vídeo ilustrativo, acima), e fazer um curativo.

              Interessante que o médico sequer olhou para meu pé enfaixado, não me levou para a sala de curativos, não o descobriu, e foi logo dizendo: Você vai para a sala de curativos, que cuidarão de você, e saiu, deixando por escrito, o que deveria ser feito. Não li o que prescreveu, e entregou para a enfermeira no local.

              Depois de uns minutos a enfermeira mandou-me procurar a sala de curativos, subindo a rampa, à esquerda, e lá vou eu...


14:15 - Cheguei diante desta sala e estou aguardando...

14:15 - Não demorou muito, e a porta abriu, no interior duas enfermeiras que, me pediu para aguardar enquanto fazia higiene no local, e voltei a esperar...

              Minutos depois uma delas me perguntou o que queria e passei a informação, mas ela desceu a rampa em busca do prontuario com as coordenadas médica, e minutos mais tarde ela retorna, me convidando a entrar, passei para uma maca e ela, finalmente, descobriu meu pé, examinando a escara.

              Após lavar, pedi para fotografar a mesma, o que ela fez prontamente.
Até aqui, a primeira pessoa que cuida de mim com tratamento educado e diálogo natural, sem deseducação e falta de humor. Conversou comigo, e me tratou humanamente bem.

              Confira as fotos que ela fez, antes de debridar:


14:30 - Situação em que se encontra meu pé, muito inchado!

14:31 - Esta é a escara, coberta de pele morta

14:31 - Não há necrose, considerada pelas enfermeiras de uma ferida muito "bonita".

14:35 - Debridando a escara. 
DEBRIDAR - Recortar esta pele esbranquiçada, tipo um calejamento, limpar ela, para que volte a cicatrizar no local, e por fim, fechar.

              Confira as fotos posteriores; após o debridamento:





              Não gostei.
              Queria que debridasse a ferida melhor, deveriam cortar toda pele branca e morta da ferida, mas a enfermeira retirou apenas uma parte, e ficou com medo de sair muito sangue, mas o sangue é normal, e mesmo sangrando, deveria cortar tudo o que podemos ver de pele morta.

              Disse que, para cortar tudo deveria estar com o médico, então me dei por satisfeito e fui embora.

              Foi feito um curativo utilizando apenas colagenase, única pomada que tinham no momento. cobriram com gaze e faixa e me liberaram as 15 horas.

15:00 - Saindo do PA - Pronto Atendimento, debaixo de uma chuva fina, que depois engrossou, molhando muito, inclusive a cadeira, que ao molhar fica maluca, sem direção, igual um jumento no trânsito, empacada, agende manda ela pra frente, ela vai para traz, gira em círculos no meio da rua, uma tristeza!




              Esperando a chuva afinar, para chegar em casa, e aproveitando para fotografar um dos edifícios mais lindo da cidade!

16:00 - Só consegui chegar em casa nesse dia as 16 horas, todo molhado! muito cansado, ainda fui fazer meu almoço. 

17:00 - Somente por volta das 17 horas que fui almoçar e deitar para recuperar do cansaço imenso pela viagem que fiz.

              Mesmo assim ainda querem que vou todos os dias fazer curativo no pé. Impossível isso.

              Unaí precisa de gente que quer fazer a diferença, que comece por construir em um local adequado, um Pronto socorro, amplo, com salas de espera, telefones disponíveis, ao alcance de deficientes cadeirantes, que possa usá-los com facilidade, rampas adequadas, banheiros arquitetonicamente preparados para ser usado por cadeirantes, mais médicos, que são competentes, prestativos, interessados em socorrer e atender melhor os pacientes, e não somente por encaminhar o paciente para o próximo médico e considerar que atendeu o cliente, pessoas que tratam os pacientes humanamente, faz pelo trabalho e não pelo dinheiro. Creio que em minha estadia ali, uns dois ou três médicos lucraram com minha consulta, mas ninguém fez jus ao trabalho que prestou, porque não fui examinado por nenhum deles, e isso considero um roubo.

              Mais uma vez, perdi o meu dia de trabalho, meu tempo, tudo por nada! Foi em vão.