GUIAS

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

O Julgamento do Mensalão - I

O Julgamento do Mensalão
STF livra mensaleiros do crime de quadrilha


              Com votos de seis ministros, a corte livrou oito condenados da pena por formação de quadrilha, entre eles o trio petista Dirceu, Delúbio e Genoino

“É uma tarde triste para o STF porque, com argumentos pífios, 
foi reformada, foi jogada por terra, 
extirpada do mundo jurídico uma decisão plenária sólida 
e extremamente bem fundamentada 
que foi aquela tomada por este plenário em 2012"
Afirma Joaquim Barbosa.

              O Supremo Tribunal Federal - STF decidiu nesta quinta-feira livrar oito réus da condenação por formação de quadrilha. Por 6 votos a 5, a corte aceitou os embargos infringentes e derrubou as condenações por esse crime. Com isso, José Dirceu e Delúbio Soares escaparam do cumprimento de pena em regime fechado. José Genoino, que já estava livre do regime fechado, também teve a pena diminuída.

              Na prática, o tribunal revisou o que havia decidido na etapa inicial do julgamento. Nessa guinada, foram decisivos os votos dos ministros novatos, que não estavam presentes na primeira fase do processo: Teori Zavascki e Luís Roberto Barroso.

              O efeito prático da sentença foi este: a pena de José Dirceu cai de 10 anos e 10 meses de prisão para 7 anos e 11 meses. A de Genoino, de 6 anos e 11 meses para 4 anos e 8 meses. A de Delúbio, de 8 anos e 11 meses para 6 anos e 8 meses.

              Os publicitários Marcos Valério, Ramon Hollerbach e Cristiano Paz e os ex-banqueiros e Kátia Rabello e José Roberto Salgado também foram beneficiados pela decisão do tribunal. Mas, como haviam recebido penas mais elevadas, continuam em regime fechado de prisão.

              O STF fez jornada dupla nesta quinta-feira para concluir o julgamento iniciado em 2 de agosto de 2012: a sessão, que normalmente se inicia às 14 hs, começou pouco depois das 10 hs e se estenderá pela tarde após uma pausa para almoço.

Votos
              Na sessão desta quinta, cinco ministros votaram, três deles a favor dos réus. Na abertura da sessão desta quinta, o ministro Teori Zavascki deu mais um voto pela aceitação dos embargos infringentes para o crime de formação de quadrilha.

"É difícil afirmar, por exemplo, 
que José Dirceuministro-chefe da Casa Civil, 
ou José Genoínodirigente partidário, 
tivessem se unido a outros agentes, com o objetivo 
e o interesse comum de praticar crimes
contra o sistema financeiro nacional 
ou de lavagem de dinheiro"
disse Zavascki.

              O voto que deu maioria a favor dos mensaleiros foi o de Rosa Weber. Ela argumentou que não há provas suficientes de que os réus associaram-se com a finalidade específica de cometer crimes: 

"Há diferença marcante entre pessoas que se associam 
para cometer crimes e pessoas que se associam com outra finalidade, 
mas que no âmbito dessa associação cometem crimes" 
afirmou a ministra

              No primeiro caso, complementou, trata-se de formação de quadrilha. No segundo caso, são crimes praticados em concurso de agentes.

Já com a maioria formada, o ministro Gilmar Mendes apresentou um voto enfático pela condenação por formação de quadrilha: "Houve a formatação de uma engrenagem ilícita que atendeu a todos e a cada um". O ministro Marco Aurélio Mello apresentou um voto contrário aos embargos, mas reduzindo a pena.

              Em um voto memorável, Celso de Mello respondeu aos constantes ataques dos mensaleiros condenados, que tratam o julgamento como uma farsa. 
"É nessa sucessão organizada de golpes criminosos 
que reside a maior farsa da história política brasileira. 
E isso, para vergonha de todos nós e grave ofensa 
ao sentimento de decência dos cidadãos honestos 
desta república democrática. 
É por tudo isso que se impõe repelir aqui e agora, 
com o máximo vigor, 
essa inaceitável ofensa que tão levianamente foi assacada 
contra a dignidade institucional e a alta respeitabilidade 
do Supremo Tribunal Federal"

disse o decano. 

"Os membros dessa quadrilha agiram com dolo de planejamento, 
divisão de trabalho e organicidade. 
Uma sofisticada organização criminosa, 
como a ela se referiu o procurador-geral da República."

              O presidente do STF e relator do processo do mensalão, Joaquim Barbosa, deu o quinto voto contra os embargos. Ele criticou explicitamente o papel exercido pelos dois ministros novatos, escolhidos pela presidente Dilma Rousseff quando o julgamento já havia sido iniciado: 

"Sinto-me autorizado a alertar a nação brasileira 
de que esse é apenas o primeiro passo. 
Essa maioria de circunstância tem todo o tempo 
a seu favor para continuar na sua sanha reformadora"

disse ele, que afirmou ainda que o STF vive uma tarde "triste".

Lavagem
              Durante a tarde, a corte iniciou o julgamento dos embargos infringentes para o crime de lavagem de dinheiro – o que, entre outros réus, pode beneficiar o ex-deputado João Paulo Cunha - PT. Mas, com o quórum esvaziado, os ministros optaram por apenas ouvir as sustentações orais dos advogados e do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Joaquim Barbosa, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Luís Roberto Barroso nem mesmo retornaram após o intervalo do almoço. A apresentação dos votos foi agendada para o dia 13 de março. Se não houver surpresas, essa será a data do encerramento definitivo do julgamento.

Cá entre nós...
              Segura Brasil... No seu chão, quem manda é os ladrões! 
              País onde bandido recebe salário dobrado, em comparação com o do trabalhador! Pura realidade! 

              Até quando?...

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