GUIAS

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Morador de rua devolve iPhone no DF e ganha emprego como recompensa

Homem recusou recompensa de R$ 100 e pediu oportunidade de trabalho
Gustavo Lemos vai trabalhar como auxiliar de bar em festa de réveillon


              A honestidade de um morador de rua que encontrou um iPhone 5S sem bateria no chão do estacionamento do Gilberto Salomão, no Lago Sul, área nobre de Brasília, e não descansou até devolver o celular ao dono ganhou as redes sociais no início desta semana. O proprietário chegou a oferecer R$ 100 como recompensa, mas o homem recusou. "Não é certo eu ficar com o dinheiro dele só porque eu achei o aparelho dele", disse Gustavo Lemos.

              O empresário Leonardo Buzzi afirma que ainda insistiu para que o morador de rua aceitasse a quantia, mas o homem se mostrou irredutível. Dono de uma organização que oferece open bar, ele encontrou outra forma de demonstrar agradecimento: contratou Lemos para ser auxiliar de bar nos dois dias de uma festa de réveillon no Pontão do Lago Sul, por R$ 300.

“Fui fazer uma transferência em caixa eletrônico e acho que, 
quando desci, meu telefone caiu e eu não percebi. 
Só vi em casa. Liguei, deixei mensagem, nada. 
Depois, dava como desligado – e eu já esperava, 
porque tinha acabado a bateria”, explica. 
“Horas depois tentei e, para minha surpresa, 
ele me atendeu e disse que tinha encontrado o celular.”

              O morador de rua conta que achou o equipamento – que custa R$ 2,2 mil na versão básica – já sem bateria e procurou um quiosque onde poderia carregá-lo. Então, esperou até que o dono aparecesse para poder devolver o iPhone.

              O encontro aconteceu no local onde o aparelho foi achado, que é também onde Lemos costuma dormir e vigiar carros. O empresário levou dez camisetas e bermudas, além do dinheiro.

“Nossa, foi um baque, me deu um nó na garganta 
quando ele disse que era morador de rua”
Lembra Buzzi

“Peguei tudo, botei na sacola, passei no caixa eletrônico e tirei, 
assim, R$ 100,00 um troco só, e fui onde a gente combinou. 
Pensei: ‘nessa época do ano deve ser difícil’. 
Achei que era o mínimo que eu poderia fazer.”

              O morador de rua se negou a aceitar o dinheiro e chorou quando o empresário pediu que ele aceitasse ao menos como presente de Natal. Sem querer dar detalhes da vida pessoal, o homem contou que passou a noite de 24 de dezembro sozinho e que a vontade dele era ter um emprego.

“Falei: ‘você passou o natal sozinho, mas o réveillon não’ 
e o convidei para estar com a gente na festa. 
Ele vai trabalhar repondo gelo e bebida. 
Começa pequeno, mas, se ele abraçar, 
e eu acho que ele vai abraçar a ideia, pode crescer”, 
Diz Buzzi.

              Os homens voltaram a se encontrar nesta segunda, quando Lemos pôde conhecer a estrutura da festa na qual vai trabalhar. Ele não escondeu a satisfação. 

“Fiquei muito feliz, 
muito contente por estar trabalhando.”

              O empresário também se disse satisfeito por dar emprego ao morador de rua.

“Tenho tudo no celular. 
Todo trabalho, toda agenda. 
Para mim foi uma felicidade muito grande ter o aparelho de volta, 
mas maior ainda vindo das mãos de quem veio. 
Foi uma injeção de fé. 
Veio de quem a gente não espera nada, 
e o cara teve uma atitude muito digna”
Concluiu.