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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Em destaque da produção de Feijão, Unaí-MG sai na frente

Unaí-MG se destaca na produção de Feijão nesta safra



Região de Unaí possui grandes fazendas produtoras que abastecem o país, Os agricultores comemoram a boa produtividade desta safra.

Minas Gerais é o segundo maior produtor do país de feijão primeira safra, também chamado feijão das águas, perdendo apenas para o Paraná. Nesta safra, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento - CONAB, a produção deve chegar a 211 mil e 300 toneladas, 38% a mais do que na passada.

O motivo desse aumento está na produtividade. Graças ao clima bom, ela cresceu quase 48%. Em Unaí-MG, a produtividade está bem acima da média estadual. Em uma fazenda, ela passou de 900 quilos por hectare no ano passado para 2500 quilos por hectare este ano, ou seja, um aumento de quase 180%. 

O agricultor Donacir Caetano é de uma família de agricultores que deixou o Paraná na década de 1980 para plantar grãos no cerrado mineiro. 

“Como aqui é uma cultura de sequeiro, 
não tem como a gente usar a irrigação, 
então a gente conta com a ajuda de São Pedro”

Brinca o agricultor Agenor Caetano
conta que na época as terras por aqui eram mais baratas do que no sul do país. 

“Com o dinheiro de um hectare lá, eu comprei 24 aqui”
Afirma Agenor Caetano.

Hoje o hectare em Unaí está valendo de 20 a 25 mil reais. Hoje a família não quer vender as terras, porque o negócio deu muito certo. Quando chegou a região, Agenor comprou 600 hectares de terra e hoje a família Caetano tem cinco propriedades na região, que também cultivam soja e milho.

Só a Fazenda Verde Prado, de 2,2 hectares, é a única que planta feijão. A produção nesta safra deve chegar a 950 toneladas. 

“Feijão é uma coisa que a gente já ganhou muito dinheiro com ele. 
Um dia ele está ruim de preço, amanhã ele pode estar bom. 
Então a gente vai continuar investimento”
Comenta Donacir Caetano.

Unaí é um dos maiores produtores de feijão do país. O município tem quase 82 mil habitantes e a agropecuária responde por boa parte da renda da região. Basta dar uma voltinha pelo centro da cidade para perceber isso. Há dezenas de lojas especializadas. Maria Sueli sempre trabalhou no ramo. No início era secretária de uma loja agropecuária. Depois se casou com um comerciante de uma empresa de adubos e sementes e virou sócia.

“Tivemos uma visão boa do negócio que estava surgindo 
em Unaí, com a vinda de vários agricultores 
de outros estados que estavam vindo pra cá. 
Eles cresceram e nós crescemos junto com eles”
Conta a comerciante, Maria Sueli Brito.

O marido diz que o feijão alavanca os negócios. 

“Na minha venda, o feijão representa 25%, 
é o maior, pela quantidade de cultura 
que a gente atende no município”
Diz Romas de Brito, comerciante.

Na área urbana, também é possível encontrar empresas que beneficiam o feijão. Uma delas tem uma máquina que faz a limpeza dos grãos para os produtores que não têm infra-estrutura na fazenda e cobra pelo serviço de R$ 2,00 a R$ 3,00 por saca, dependendo da quantidade. Outras empresas também fazem o empacotamento do feijão. 

O empresário Túlio Rodrigues ensaca de 300 a 500 toneladas por mês. 

“A maior parte do feijão vai para o comercio local da região 
e até para outros estados”
Diz.

Há um ano, Túlio trocou a profissão de técnico em irrigação pela de cerealista. 
“Eu estou satisfeito com a minha mudança, 
pelo menos a família não está reclamando”
Afirma.

No município, existem pelo menos 20 corretoras de grãos. Elas são as intermediárias na venda de feijão para várias partes do Brasil. O corretor Antônio Celso conta que o preço este ano está mais baixo por causa da grande produção. Além disso, o consumo costuma cair nesta época do ano. 

“Só esperar normalizar o mercado, porque está em baixa de demais. 
Tem que reagir o preço, tem que reagir o consumo”
Diz.

A saca de 60 quilos está sendo vendida entre R$ 70,00 e R$ 75,00 (reais). Nessa mesma época, no ano passado, o preço chegou a 200,00 (reais). Mesmo assim, por aqui, o ânimo dos agricultores é bom.

Carlos Alberto, o Carlim, é um dos maiores produtores da região. Nesta safra, a Fazenda Santa Matilde deve colher nove mil toneladas de feijão carioca numa área de 3.800 hectares.

Carlim não gosta muito de falar do lucro que está tendo com o feijão. E apesar do sobe-e-desce de preço, ele não para de investir no negócio. O produtor comprou onze colheitadeiras, mais adaptadas para o feijão e está acabando de construir um galpão com doze tulhas de capacidade para guardar 600 toneladas cada uma. O investimento chega a cinco milhões de reais.

“O feijão é uma cultura que costuma mudar a cerca de lugar, 
ou pra dentro ou pra fora da divisa da sua fazenda. 
Felizmente aqui a gente tem levado ela pra fora. 
Tem sido um bom negócio”
Comenta o agricultor.

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Pequi tem cheiro de Festa em Montes Claros-MG

Pequi tem cheiro de festa


              MONTES CLAROS – Para superar a seca e a falta de trabalho, comunidades rurais do Norte de Minas apostam no pequi, um fruto do cerrado, que ganha cada vez mais consumidores pelo país. A fruta retirada do quintal gera renda e auxilia na preservação do meio ambiente.

              Na comunidade rural Sambaíba, em Januária, os produtores rurais aliam o extrativismo com a consciência ambiental. Proteger córregos e rios e preservar as árvores frutíferas do cerrado são algumas das medidas adotadas pelas 300 famílias que participam do projeto de divulgação do pequi no Estado de Minas Gerais. 

              No pequeno centro de beneficiamento, mulheres da comunidade são responsáveis pelo manuseio do fruto, que vai desde a retirada da polpa até a venda do pequi beneficiado. 

“Fazemos a retirada do fruto da cabaça, 
higienizamos e cozinhamos. 
Daqui o pequi vai direto para a mesa do consumidor” 

              Disse a produtora rural Sercina Lopes de Araújo, de 53 anos. 

              A receita tradicional de “arroz com pequi” deu espaço a novas iguarias. Farinha, conservas, licores, óleo e até sabão são alguns dos itens vendidos pelos cooperados. 

“Descobrimos que do pequi podemos extrair várias coisas”

              Disse o presidente da Associação dos Usuários da Sub-bacia do Rio dos Pochos, José Geraldo Ribeiro Matos.

              As comunidades também apostam em novas receitas, como tortas, doces e bolos. 

“Ainda estamos em fase de teste”

              Completou a produtora rural Jucelina da Mota Almeida, de 57 anos. 

              Há nove anos, 186 famílias de Japonvar são responsáveis pela comercialização do pequi em Minas e em São Paulo e Goiás. 

“Até na merenda escolar nosso pequi está presente. 
A criançada gosta porque está acostumada a comer em casa” 

              Disse o presidente da Cooperativa de Produtores Rurais e Catadores de Pequi, Josué Barbosa de Araújo

              A produção de pequi movimenta a economia da cidade de 8.822 habitantes. 
“O pequi gera trabalho, movimenta o turismo 
e auxilia na preservação da tradição do Norte de Minas”

              Disse o secretário municipal de Agropecuária, José Afonso Pereira de Aquino

              Para se ter uma ideia da dimensão da produção, no ano passado, apenas a cidade de Japonvar escoou uma média de 10 toneladas do fruto. Neste ano, no auge da produção, a prefeitura contabiliza 15 toneladas do fruto in natura.

Castanha será subproduto da fruta
              Um desafio dos produtores rurais é tornar o pequi atrativo para todos os paladares. O fruto, que é conhecido pelo forte aroma, chega de forma tímida a regiões em que é pouco conhecido. 

              Para conquistar mais apreciadores, o Departamento de Biologia da Unimontes está criando a castanha do pequi. Assim como a castanha de caju, o produto beneficiado do pequi possui alto valor nutricional e maior volume de óleo, conforme estudos da universidade. 

              De acordo com o professor Sérgio Avelino Nobre, para que a castanha ganhe mercado é preciso garantir maior durabilidade dela. 

“Estudamos a melhor forma de extrair a água da castanha. 
Com isso, o produto poderá ser fornecido para outras localidades”

              Disse. A castanha do pequi é extraída do embrião do fruto presente na semente.

Visibilidade
              A capacitação por meio de parcerias com universidades e entidades de classe está auxiliando as comunidades no aperfeiçoamento da produção e na ampliação nas vendas do pequi. 

“Assim, o produto ganha uma visibilidade maior, 
o que ultrapassa as fronteiras de Minas”

              Disse o professor. 

              E, para isso, membros do Conselho Pró-Pequi, uma entidade civil que auxilia os produtores rurais, querem conquistar uma espécie de selo geográfico. Com ele, o pequi terá uma identificação de origem que comprova a qualidade do produto. A ideia é a de que o fruto seja conhecido como “Pequi do Norte de Minas”, assim como acontece com o queijo Canastra ou a cachaça de Salinas.

Safra de dezembro a março garante farra
              O início da safra, entre dezembro e março, é marcado também por festejos e trabalhos nas comunidades do Norte de Minas. Em Montes Claros, a Festa Nacional do Pequi reúne uma média de 35 mil pessoas durante os cinco dias do evento, conforme a Secretaria Municipal de Cultura. 

              O principal atrativo está nos pratos que valorizam o sabor do pequi.

 “É, na verdade, uma oportunidade para o produtor rural 
colocar em evidência as receitas tradicionais de família. 
É uma forma de manter a tradição viva no Norte de Minas”

              Disse o secretário Carlos Roberto Borges Muniz.

              E foi de uma brincadeira entre amigos durante o festival que surgiu outro evento que tem o mais famoso fruto do cerrado como prato principal. 

“Após participar de um concurso culinário em que foi premiada, 
a receita ganhou tanta repercussão entre amigos 
e parentes que acabou virando festa”

              Contou a jornalista Felicidade Tupinambá

              Há 14 anos, a Festa do Pequi, como é conhecida na região, preserva o sabor tradicional da iguaria, com o diferencial de trazer a polpa fora da semente. 

“Quem não é do Norte de Minas não sabe roer o pequi. 
Acho que isso torna a receita mais gostosa”

              Brincou a jornalista Felicidade Tupinambá.

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