GUIAS

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Família de mulher atropelada e morta durante protesto pede justiça



Vítima e outra mulher foram atropeladas na BR-251, 
em Cristalina, GO
Motorista foi indiciado por homicídio culposo,
mas segue em liberdade

              A família da confeiteira Valdinete Rodrigues Pereira, 40 anos, que morreu após ser atropelada durante um protesto na BR-251, em Cristalina-GO, cidade goiana do Entorno do Distrito Federal, em junho do ano passado, reclama da falta de punição sobre o caso. De acordo com a irmã da vítima, a estudante Maria Cleide Rodrigues Pereira, 39, o motorista responsável pelo atropelamento segue livre. 
“Isso é o que mais revolta a gente, 
pois ela estava lá lutando por melhorias no bairro 
em que vivia e acabou morta. 
É muita dor e a gente quer justiça”
Afirmou

              Além de Valdinete, outra mulher morreu no mesmo acidente. Identificada apenas como Maria Aparecida, ela acabou enterrada em Cristalina como indigente, pois não foram encontrados documentos e familiares dela, segundo a Polícia Civil.

              As duas mulheres participavam de um protesto no dia 24 de junho de 2013 e foram atropeladas enquanto montavam barricadas com pneus na BR-251. Cerca de 400 pessoas participavam do ato e pediam a legalização de lotes do bairro de Marajó, onde as vítimas viviam. O grupo também pedia melhorias em serviços públicos como infraestrutura, saúde, segurança e transporte.

              De acordo com a Polícia Rodoviária Federal - PRF, o motorista de um Fiat Uno avançou em direção ao grupo. Ele fugiu do local sem prestar socorro às mulheres, que morreram na hora. Quilômetros depois, o suspeito abandonou o carro, que foi incendiado por moradores da região.

              No dia seguinte ao acidente, o homem de 43 anos, não identificado, se apresentou à polícia em uma delegacia de Unaí-MG, em Minas Gerais, a cerca de 100 km de Cristalina. Na época, o delegado responsável pelo caso, Vítor Oliveira Magalhães, informou que o motorista disse que abandonou o carro e pegou carona até a cidade mineira, onde tem parentes, para evitar represália dos manifestantes. Ele teria ficado escondido em uma fazenda por 24 horas.

              No dia 26 de junho do ano passado, ele prestou novo depoimento e foi liberado. De acordo com a Delegacia de Polícia de Cristalina, o inquérito policial foi concluído no dia 10 de julho de 2013 e encaminhado à Justiça. O motorista foi indiciado por homicídio culposo, quando não há a intenção de matar, e responde em liberdade.

Entrando em contato com o Fórum de Cristalina, o responsável pela Vara Criminal informou que não pode se pronunciar sobre o andamento do processo.

Indignação
              Para a família de Valdinete, resta apenas o sentimento de indignação. 
“Dói demais saber que a vida da minha irmã foi interrompida assim. 
Esse motorista é um irresponsável, 
que segue livre para matar outras pessoas por aí. 
Ele nunca nos procurou para pedir desculpas”
Disse Maria Cleide.

              Segundo ela, a única indenização que a família recebeu pela morte da confeiteira foi o do Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres - DPVAT

“Eu mesma corri atrás de tudo. 
Não tive ajuda nenhuma. 
Depois de alguns meses, consegui receber R$ 3.500. 
Mas isso nunca vai ser suficiente para pagar 
a falta que ela nos faz”
Ressaltou.

              A irmã diz que Valdinete morava em Brasília e havia se mudado para Cristalina dois meses antes de morte. Ela era solteira e morava nos fundos da casa de outro irmão. 

“Ficamos abalados demais com o que aconteceu 
e queremos que a justiça seja feita. 
Uma pessoa que luta pelos seus ideais 
e por melhorias para a comunidade não pode morrer em vão”
Concluiu.

              O corpo de Valdinete foi levado para a cidade de Araguari, em Minas Gerais, onde mora parte da família.