GUIAS

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

A CHACINA DE UNAÍ - Em júri, defesas de Mânica e Castro acusam Pimenta de chacina de Unaí

A previsão é que o veredicto será definido ainda nesta sexta-feira (151030)
Hugo Pimenta, também réu no processo, será julgado em novembro


              Os advogados dos dois réus que são julgados em Belo Horizonte, nesta sexta-feira (151030), pela chacina de Unaí, sustentaram que o mando da execução dos três auditores do Ministério do Trabalho e um motorista, em 2004, foi do empresário Hugo Alves Pimenta, que será julgado em novembro.

              O fazendeiro Norberto Mânica e o também empresário José Alberto de Castro são apontados pelo Ministério Público Federal como mandante e intermediário na contratação dos pistoleiros que mataram os servidores.

              "O que resta tecnicamente falando para esse processo, a delação do Hugo [Pimenta], que é um psicopata, manipulou o Ministério Público, a polícia, e as pessoas envolvidas", disse o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que representa o fazendeiro.

              Na tarde desta sexta-feira (151030), Kakay reafirmou durante o julgamento que não há provas ou indícios contra Mânica. "Tenho convicção de que ele é inocente".

              O advogado Cleber Lopes, que defende José Alberto de Castro, disse que seu cliente deve pagar pelo que fez, mas também tentou desqualificar a versão de Pimenta. "Eu não estou pedindo absolvição de Zé Alberto, estou mostrando que há vários depoimentos que revelam as mentiras de Hugo Alves Pimenta".

              O empresário confessou sua participação no crime nesta quinta-feira (151029). 

"José Alberto de Castro esteve ontem na presença dos senhores e confessou, confessou de maneira transparente. 
Um homem absolutamente sincero 
esteve aqui disse tudo o que sabia"

Acusação
              Na manhã desta sexta, o procurador da República Gustavo Torres, que trabalha na acusação, disse que a chacina de Unaí foi "crime de pistolagem".

              “Isso é decorrência de um crime de pistolagem. Algo que a gente não pode aceitar no Brasil”, afirmou o procurador durante o júri, nesta sexta-feira (151030). Torres disse que a legislação brasileira é branda ao se referir ao tempo de duração do processo.

              “Nós não vamos poder aqui fazer justiça plena. Nós não vamos poder dar ao fato o castigo que a barbaridade merece por causa da lei brasileira. 

              [...] Depois de inúmeros recursos, todas as técnicas processuais para atrasar esse julgamento por 11 anos, nós estamos aqui nesse dia histórico”, disse.

              Os servidores mortos investigavam trabalho escravo na região onde Mânica tem uma fazenda, no Noroeste de Minas Gerais. O alvo da execução seria, segundo testemunhas, Nelson José da Silva, um dos fiscais mortos. Ele era conhecido por ser rigoroso e ter conduta ilibada. Norberto e José Alberto respondem pelo crime de homicídio doloso qualificado.

Tribunal do Júri
              Quatro mulheres e três homens vão compor o Conselho de Sentença que dará o veredicto – culpado ou inocente – no júri popular da chacina de Unaí.

              O julgamento começou nesta terça-feira (151027). Testemunhas de acusação e defesa foram ouvidas nos dois primeiros dias. Entre elas, Hugo Pimenta. Ele reafirmou que Norberto Mânica foi o mandante do crime e contou em detalhes a versão dele para a chacina, desde as conversas e a decisão de contratar pistoleiros para matar o fiscal.