GUIAS

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

A CHACINA DE UNAÍ - Empresário vai confessar participação em uma morte em Unaí, diz advogado

José Alberto de Castro é acusado de intermediar chacina em 2004
'Participou de um homicídio', afirmou defesa neste 3º dia de júri


              O empresário José Alberto de Castro, acusado ser o intermediário da chacina de Unaí, vai confessar a participação em uma morte, segundo o advogado Cleber Lopes, que o representa. O julgamento entrou no terceiro dia nesta quinta-feira (151029). A expectativa é que o empresário e o fazendeiro Norberto Mânica, acusado de ser o mandante, sejam ouvidos ainda hoje. Mânica e Castro respondem no Tribunal de Justiça Federal pelo crime de homicídio doloso qualificado.

              Em janeiro de 2004, três auditores do Ministério do Trabalho e um motorista foram mortos em uma emboscada. Eles investigavam trabalho escravo na região onde Mânica tem uma fazenda, no Noroeste de Minas Gerais. O alvo da execução seria, segundo testemunhas, Nelson José da Silva, um dos fiscais mortos. Ele era conhecido por ser rigoroso e ter conduta ilibada.

"Ele não determinou que fossem mortos quatro pessoas.
Participou de um homicídio.
O Código Penal é claro: quem, de qualquer modo,
concorre para o crime, deve responder à medida da sua culpabilidade",
Afirmou Lopes. 

              O advogado disse que José Alberto de Castro está arrependido e que vai pedir para ser condenado pelo que fez.

"Ele não está vindo aqui para pedir clemência, 
para pedir para ser absolvido"
Afirmou Lopes.

              Segundo a defesa, José Alberto de Castro foi procurado pelo também empresário Hugo Pimenta para indicar um executor. 

“Ele quer ser condenado pelo homicídio do Nelson,
porque isso foi o que foi acertado. Foi para isso que ele foi procurado.
O senhor Hugo pediu a indicação de alguém para matar o Nelson.
Ele foi a Formosa, procurou o senhor Chico Pinheiro,
fez a indicação, acompanhou o senhor Chico Pinheiro"

detalhou. 

              Citado pelo advogado, Chico Pinheiro é Francisco Elder Pinheiro. Ele foi acusado de ter contratado os matadores e morreu há dois anos.

              Arrolado como testemunha da acusação e da defesa, o delator Hugo Pimenta também é réu no processo e será julgado em novembro. Nesta quarta-feira (151028), ele afirmou em depoimento que José Alberto de Castro teria intermediado o contato entre Norberto Mânica e Chico Pinheiro. No depoimento, Hugo Pimenta disse que não está envolvido na contratação dos pistoleiros.

"Ao contrário do que o seu Hugo diz não há relação 
nenhuma do senhor Norberto com o senhor José Alberto. Eles não tinham relação pessoal alguma
 e isso ficou patenteado. 
O delegado de Polícia Federal Dr. Antônio Celso, 
que fez a investigação disse ontem aqui, categoricamente, que não foi apurada nenhuma relação pessoal 
entre José Alberto e Norberto"

Afirmou o advogado de José Alberto Castro.

              A sessão do terceiro dia de júri foi aberta por volta das 9:10 hs. Pela manhã, houve a apresentação de mídias e a leitura de documentos do processo. O juiz federal Murilo Fernandes de Almeida, que preside o júri, afirmou que esta fase será de 3 horas corridas para cada parte. Após este tempo, os réus devem ser chamados para depor. Na sequência, está previsto o debate entre a defesa e a acusação. O júri começou nesta terça-feira (151027). Testemunhas de defesa e acusação já foram ouvidas nos dois primeiros dias.

              Antes do intervalo para almoço, o advogado Lúcio Adolfo, que representa Hugo Pimenta, pediu que não houvesse acareação entre o cliente e José Alberto de Castro. O procedimento havia sido pedido ontem pela defesa de Castro, que, nesta quinta-feira (151029), disse que não insistiria. Diante disso, o juiz Murilo Fernandes de Almeida determinou que não haverá acareação.

              No segundo dia de júri, o delator da chacina de Unaí, Hugo Pimenta, também reafirmou que Norberto Mânica foi o mandante do crime, ocorrido em 28 de janeiro de 2004, no Noroeste de Minas Gerais. Durante o depoimento, nesta quarta-feira (151028), ele contou em detalhes a versão dele para o crime, desde as conversas e a decisão de contratar pistoleiros para matar o fiscal. 
              Ao longo do depoimento, que durou mais de três horas, as defesas do fazendeiro e de José Alberto de Castro apontaram supostas contradições entre a fala de Pimenta no Tribunal do Júri e nos registros do acordo de delação, tentando por em xeque o acordo de colaboração.

              Além dos dois réus, ainda serão julgados o ex-prefeito de Unaí, Antério Mânica, irmão de Norberto, e o delator Hugo Alves Pimenta. Este último conseguiu que seu processo fosse desmembrado e será julgado separadamente, no dia 10 de novembro. O ex-prefeito enfrentará o júri no dia 4 de novembro, todos na mesma corte.