GUIAS

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

A CHACINA DE UNAÍ - Ligações mostram que fiscais eram monitorados em Unaí por Mânica

O ex-prefeito de Unaí Antério Mânica é julgado em Belo Horizonte

Ex-Prefeito Antério Mânica, chega de Táxi para o 2º dia, de Juri em BH
Ele é acusado de ser mandante do crime conhecido como CHACINA DE UNAÍ

              Gravações de ligações telefônicas exibidas durante o júri do ex-prefeito de Unaí-MG Antério Mânica nesta quinta-feira (151105) mostraram que a atuação de auditores fiscais em fazendas de Unaí era monitorada por funcionários do réu. O político é julgado pelo Tribunal de Justiça Federal em Belo Horizonte, acusado de ser mandante da execução de três fiscais e um motorista do Ministério do Trabalho, em 2004, em Unaí, no Noroeste de Minas Gerais.

              Em 28 de janeiro de 2004, os auditores fiscais Nelson José da Silva, João Batista Lages e Eratóstenes de Almeida Gonçalves e o motorista Ailton Pereira de Oliveira morreram em uma emboscada. Segundo a acusação, o ex-prefeito e o irmão Norberto Mânica, condenado a 100 anos pela chacina, teriam encomendado o crime, devido ao rigor das fiscalizações trabalhistas feitas por Nelson José da Silva. No mesmo ano, Mânica foi eleito pela primeira vez prefeito da cidade e chegou a ter dois mandatos.

              Durante a manhã desta quinta-feira (151105), os jurados assistiram a vídeos, ouviram áudios e acompanharam leitura de peças da acusação que fazem parte do processo. Em algumas destas gravações, o MPF mostrou conversas entre os réus, inclusive Antério Mânica, e já condenados no processo um mês depois da Chacina de Unaí. Em outras ligações, funcionários do fazendeiro, chamado de "rei do feijão", monitoravam a ação dos fiscais do Ministério do Trabalho, uns pedindo aos outros atenção para a chegada deles à fazenda.

              Na exibição de vídeos e áudios e leitura de peças da defesa de Mânica, os jurados viram depoimentos de outros réus e testemunhas dados durante o processo. Algumas destas testemunhas falaram que Antério é uma pessoa correta e de boa conduta. Ele foi eleito prefeito de Unaí em 2004 e reeleito em 2008. Também foram mostrados atestados de idoneidade de instituições bancárias e empresas.

DELAÇÃO QUESTIONADA
              O acordo de delação premiada do réu Hugo Alves Pimenta, acusado de ser intermediário na contratação de pistoleiros e que será julgado em 10 de novembro, foi questionado pelo advogado Antônio Francisco Patente, que é assistente do Ministério Público Federal e defende as famílias dos fiscais mortos.

              Segundo Patente, o réu falou a verdade sobre o mando da chacina em parte, durante depoimento ao júri nesta quarta-feira (151104). Para o assistente de acusação, Hugo Pimenta mentiu ao não relacionar Antério Mânica às mortes. 

"Quando ele selou o acordo de delação premiada,
ele se comprometeu a dizer a verdade e ele fez a prova.
Mas ele fez somente a prova parcial"

              Disse o advogado se referindo à diferença do depoimento que Pimenta prestou no júri de Norberto Mânica e José Alberto de Castro, ambos condenados na semana passada a 100 e 96 anos respectivamente, e ao que ele prestou neste julgamento.

              O advogado de Hugo Pimenta, Lúcio Adolfo, está presente no júri e disse que não há fundamento na reclamação do advogado das famílias. Segundo Adolfo, Hugo tem sido coerente deste seu primeiro depoimento no processo até o último, dado no dia 19 de outubro deste ano para confirmar os anteriores.

              Ainda de acordo com o advogado, o que Patente está tentando fazer é jogar a culpa da falta de provas no processo contra Antério em cima de seu cliente. 

"Com delação premiada não acharam prova contra o Antério.
Com fiscalização da Polícia Federal,
não acharam prova contra o Hugo.
Com fiscalização da Polícia Civil não acharam prova contra o Hugo.
E agora vão culpar o Hugo?"

Rebateu Adolfo.

2º dia do júri
              O ex-prefeito de Unaí Antério Mânica pode ser interrogado nesta quinta-feira (151105), segundo dia de julgamento no Tribunal de Justiça Federal, em Belo Horizonte. Ele chegou ao tribunal escondido. No primeiro dia, 16 testemunhas de acusação e seis de defesa foram ouvidas.

              A sessão desta quinta-feira (151105) começou pouco depois das 8:30 hs com a exibição de vídeos e reportagens que constam do processo. Logo na sequência, será feita a leitura de peças dos autos. 

              A expectativa maior é pelo interrogatório de Antério Mânica.