GUIAS

domingo, 17 de janeiro de 2016

Campanha menor favorece candidato mais conhecido, dizem especialistas

Duração da campanha será reduzida 
de 90 para 45 dias a partir de 2016

              A redução do período de campanha eleitoral e a criação de um limite para os gastos dos candidatos a partir de 2016 devem favorecer os políticos que já são conhecidos pela população, de acordo com a opinião de especialistas

              Entre as mudanças nas regras que começam a valer neste ano, estão a redução de 90 para 45 dias na duração da campanha, além da diminuição de 45 para 35 dias do período de propaganda no rádio e na TV.

              Também foi criado um limite para os gastos em campanha: será permitido gastar 70% do valor declarado pelo candidato que mais gastou no pleito anterior, se tiver ocorrido só um turno, e até 50% do gasto da eleição anterior se tiver havido dois turnos.

              Com base em recente resolução do Tribunal Superior Eleitoral, foi feito um ranking das capitais que terão os maiores e menores limites para candidatos a prefeito e vereador.

              Além dos tetos, um freio a mais para os gastos é a proibição das doações de empresas a candidatos e partidos.

              As campanhas deste ano serão mais objetivas e enxutas, de acordo com a avaliação do professor de marketing político da Universidade de São Paulo - USP e consultor político, Gaudencio Torquato.

"Os perfis mais conhecidos serão beneficiados 
em função da campanha menor, mais curta. 
Quanto menor a campanha, 
menor a possibilidade de quem não é conhecido 
se fazer conhecido"
              Avaliou.

"Isso favorece candidatos esportistas,
celebridades e políticos tradicionais 
que já são conhecidos da comunidade"

              Torquato ponderou, no entanto, que é possível que alguns eleitores, ainda assim, prefiram votar em novos nomes.

“É possível que parcela do eleitorado revoltada 
com política velha vote nos novos candidatos. 
A tendência pode ser de procurar perfis mais assépticos”
              Disse.

              Ainda na avaliação do professor, o impacto das novas regras será sentido principalmente nas médias e grandes cidades, onde há mais de 50 mil eleitores.

“Nas cidades pequenas, todo mundo se conhece 
e é mais fácil fazer corpo a corpo. 
Nas cidades médias e grandes, 
será maior o impacto, 
já que a população não conhece todos os candidatos”
              Afirmou.

              Para o consultor político Gilberto Musto, que trabalha em campanhas em todo o país, as mudanças feita pelos atuais legisladores favorecem os políticos eleitos.

“A diminuição do período favorece 
aos que já estão eleitos. 
Como legislador, eu não vou mudar o sistema 
pelo qual eu fui eleito”
              Afirmou.

Verba
              Musto afirmou, ainda, que a redução dos gastos levará a uma profissionalização do trabalho nas campanhas. Ele argumenta que o limite para as despesas – que antes não existia – exigirá mais planejamento das equipes.

“[A campanha] É uma empresa, 
só que começa e acaba com data marcada. 
Você tem que fechar e os números têm que bater.”

              O estrategista político Cristiano Penido também enxerga um cenário favorável para os políticos famosos.

“O que vai acontecer é que os candidatos 
mais conhecidos terão vantagem muito grande. 
Os menos conhecidos terão 45 dias 
para se tornarem conhecidos e bem menos recursos”
              Disse.

              Uma alternativa para os políticos que ainda não têm tradição é fazer uso da internet, de acordo com Penido.

“Para quem não é conhecido, 
é necessário começar a campanha desde já, 
pelas redes sociais, divulgando ideias e posicionamentos”
              Disse.

"O uso das redes sociais já foi forte em 2014
e este ano será mais forte ainda. 
Se não fosse isso, 
o candidato desconhecido não teria chance nenhuma"
              Afirmou.