GUIAS

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Juro bancário tem maior alta anual em 4 anos e inadimplência avança

Juro bancário de pessoa física subiu 
14,1 pontos percentuais ano passado.


Inadimplência pessoa física fechou 2015 
no maior nível em 2 anos e meio.

              Os juros cobrados pelos bancos nos empréstimos para pessoas físicas, excluindo o crédito imobiliário e rural, registraram em 2015 o maior aumento anual da série histórica revisada do Banco Central, ou seja, dos últimos quatro anos.               Ao mesmo tempo, a inadimplência atingiu o nível mais alto em dois anos e meio, segundo números divulgados nesta quarta-feira (160127).

              Em dezembro do ano passado, os juros bancários nas operações com as pessoas físicas com recursos livres somaram 63,7% ao ano. Em 2015, houve um aumento de 14,1 pontos percentuais, visto que a taxa média estava em 49,6% ao ano no fechamento de 2014.

Inadimplência
              Segundo o Banco Central, a taxa de inadimplência das pessoas físicas, nos empréstimos bancários com recursos livres (sem contar crédito rural e habitacional), que mede atrasos nos pagamentos acima de 90 dias, terminou o ano passado em 6,1% – o maior patamar desde julho de 2013, quando somou 6,2%.

              Já a taxa de inadimplência das operações dos bancos com as empresas, ainda no segmento com recursos livres, subiu de 3,4% em dezembro de 2014 para 4,5% no fechamento do ano passado – o maior patamar da série histórica, que começa em março de 2011 para este indicador.

              Considerando a taxa total de inadimplência, que engloba operações com as pessoas físicas e empresas, ainda nas operações com recursos livres, a taxa subiu de 4,3% em dezembro de 2014 para 5,3% no final de 2015 – o maior patamar desde outubro de 2012 (5,4%).


Juro bancário subiu mais que taxa básica
              O aumento dos juros bancários, no ano passado, acompanhou a alta da taxa básica da economia, fixada pelo Banco Central a cada 45 dias para tentar conter as pressões inflacionárias.

              A Selic, porém, subiu bem menos do que os juros bancários no ano passado. Em 2015, taxa avançou de 11,75% para 14,25% ao ano, ou seja, um aumento de 2,5 pontos percentuais. Os números mostram que os bancos elevaram suas taxas de juros ao consumidor de maneira bem mais intensa.

              Reportagem publicada pelo jornal norte-americano “The New York Times” diz que os juros praticados em algumas linhas de crédito no Brasil “fariam um agiota americano sentir vergonha”, citando os dos cartões de crédito.

              Segundo um levantamento feito pela consultoria Economatica para a BBC Brasil, apesar da desaceleração econômica, a rentabilidade sobre patrimônio dos grandes bancos de capital aberto no Brasil foi de 18,23% em 2014 – mais do que o dobro da rentabilidade dos bancos americanos (7,68%).

Taxa de todas operações e de empresas
              Já a taxa de juros média de crédito de todas operações (pessoas físicas e empresas), ainda somente com recursos livres, ou seja, sem contar crédito habitacional, rural e do BNDES, subiu de 37,3% ao ano em dezembro de 2014 para 47,3% ao ano em dezembro do ano passado.

              A taxa das operações de pessoas jurídicas, com recursos livres, avançou 5,8 pontos percentuais em 2015 - passando de 24,2% ao ano no fim de 2014 para 30% ao ano no fechamento do ano passado.

'Spread' bancário
              Com o aumento das taxas de juros bancárias de pessoa física em 2015, houve aumento do chamado "spread bancário" – que é a diferença entre o que os bancos pagam pelos recursos e quanto cobram de seus clientes – no ano passado.

              No fim de 2014, "spread" nas operações com pessoas físicas somava 37,3 pontos percentuais, avançando para 48 pontos em dezembro do ano passado. Deste modo, o spread continua em um patamar historicamente elevado. Em 2015, houve um forte aumento de 10,7 pontos percentuais.

              O "spread" é composto pelo lucro dos bancos, pela taxa de inadimplência, por custos administrativos, pelos depósitos compulsórios (que são mantidos no Banco Central) e pelos tributos cobrados pelo governo federal, entre outros.