GUIAS

segunda-feira, 14 de março de 2016

SÃO PAULO - Lula diz que será candidato em 2018 e que espera pedido de desculpas

Lula foi um dos alvos de condução da 24ª fase 
da Operação Lava Jato.
Depoimento do ex-presidente foi disponibilizado 
nesta segunda-feira (14).


              O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em depoimento à Polícia Federal - PF que será candidato à Presidência da República em 2018 e que espera que alguém lhe peça desculpas após as investigações. 

              A transcrição da fala de Lula foi disponibilizada no sistema da Justiça Federal nesta Segunda-feira (160314).

              O ex-presidente foi alvo da 24ª fase da Operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção e desvio de dinheiro na Petrobras. O depoimentos dado na Sexta-feira (160304) durou mais de três horas.

              A 24ª fase da Operação Lava Jato investiga a relação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e familiares com empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras. O Ministério Público Federal - MPF e a Polícia Federal - PF dizem ter encontrado indícios de que Lula recebeu vantagens indevidas, como um apartamento e reformas em imóveis, além de doações e pagamentos por palestras via Instituto Lula e a empresa LILS Palestras, que pertence ao ex-presidente.

              O MPF diz que o instituto recebeu de empreiteiras, investigadas na Lava Jato, R$20.000.000,00 milhões em doações e que a LILS Palestras recebeu R$10.000.000,00 milhões. 

              Investigadores querem saber se os recursos vieram de desvios da Petrobras e se foram usados de forma lícita. 

              Parte do dinheiro foi transferido do Instituto Lula para empresas de filhos do ex-presidente, e o MPF apura se serviços foram de fato prestados.

              No dia em que Lula foi levado para prestar depoimento, a defesa do ex-presidente pediu ao Supremo Tribunal Federal - STF a suspensão de procedimentos relacionados às investigações relacionadas a ele dentro da Operação Lava Jato, mas a ministra Rosa Weber negou pedido.

              Os advogados alegaram que a condução coercitiva do ex-presidente foi "desnecessária". "O suscitante [Lula] já prestou um depoimento à Polícia Federal quando notificado a fazê-lo em inquérito policial que corre em Brasília, deste ano, conforme documento anexo. 

              Portanto, não há nenhuma base para presumir que, regularmente notificado, não iria repetir um ato de cuja realização não relutara", diz o pedido de suspensão.

              À época, por meio de nota oficial, o Instituto Lula afirmou que a ação da Polícia Federal que realizou buscas na casa do ex-presidente e a condução coercitiva foi "arbitrária, ilegal e injustificável".

Triplex no Guarujá
              O ex-presidente reafirmou que o apartamento triplex no Guarujá não pertence a ele. Disse que se sente desrespeitado e afirmou que o Ministério Público de São Paulo terá que comprovar que o apartamento é dele.

Candidato em 2018
              Lula afirmou que vai ser candidato à Presidência da República em 2018. “(...) vou ser candidato à Presidência em 2018 porque acho que muita gente que fez desaforo pra mim, vai aguentar desaforo daqui pra frente. Vão ter que ter coragem de me tornar inelegível”, 
              Afirmou Lula lembrando a história de vida dele e da esposa Marisa Letícia.

Sítio em Atibaia
              O ex-presidente afirmou que não sabia que havia reforma no Sítio Santa Barbara. A força-tarefa afirma que a OAS, Odebrecht e o pecuarista José Carlos Bumlai – que são investigadas pela Lava Jato – custearam obras de reforma e aquisição de móveis para o local.

              Lula afirma ainda que o delegado da Polícia Federal deve perguntar aos donos do sítio se alguma construtora havia feito alguma reforma na área.

              De acordo com a transcrição, no momento que Lula é questionado sobre o suposto envolvimento do pecuarista José Carlos Bumlai na reforma do Sítio, o ex-presidente acena com a cabeça.

Doações
              As doações envolvendo o Instituto Lula foram abordadas logo no início do depoimento. De acordo com o ex-presidente, as doações são sem contrapartida. Quanto as despesas, Lula diz não saber como funciona.

"Eu não autorizo porque eu não, 
no instituto hoje eu sou só presidente de honra 
e você sabe que se um dia você for presidente 
de honra da Polícia Federal 
aqui você não representa mais nada, 
ou seja, então o presidente de honra 
é um cargo de honra só, 
eu não participo das reuniões da diretoria, 
eu não participo das decisões, 
porque o instituto tem uma diretoria própria"
              Afirmou o ex-presidente.

              Ainda sobre o instituto, o delegado perguntou a Lula se é comum as empresas oferecerem doações. Ao responder, Lula disse que não conhece ninguém que ofereça dinheiro espontaneamente e argumentou que nem o dízimo da igreja é espontâneo.

              Pouco tempo depois, o delegado perguntou se existe a possibilidade de que Paulo Okamotto, atual presidente do Instituto Lula, ou Clara Ant, diretora, tenham pedido doações a qualquer empresa, entre elas a Camargo Correa. 

              O ex-presidente respondeu que "é possível" e disse que o mesmo se aplica à OAS, Odebrecht, UTC e Queiroz Galvão.

Pagamentos para a G4 Entretenimento e Tecnologia
              O delegado responsável por colher o depoimentos cita algumas empresas que tiveram relação com o Instituto Lula ou com a Lils. 

              O presidente afirma não conhecê-las.

              Ainda sobre empresas com contratos com o Instituto Lula e com a Lils, o delegado menciona a empresa G4 Entretenimento e Tecnologia, que pertence ao filho do ex-presidente. Segundo as investigações, o instituto Lula repassou R$1.000.000,00 milhão.

              De acordo com o ex-presidente, a empresa prestou um serviço e recebeu por ele corretamente. O contrato, segundo Lula, foi devidamente declarado à Receita Federal. 

              Lula diz que o trabalho realizado pela empresa deve ter siso para a criação do Memorial da Democracia e do Políticas Públicas, que segundo o ex-presidente, são programas digitais para difundir o que aconteceu no Brasil.

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