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domingo, 17 de novembro de 2013

Caso do menino Joaquim Pontes - V - Tio de menino desaparecido diz que mãe e padrasto agem com descaso

O Caso da Morte do menino Joaquim Pontes
Passo-a-passo

V
Ribeirão Preto - 131107
Tio de menino desaparecido diz que mãe e padrasto agem com descaso

'Estão descansando', diz Felipe Paes sobre Justiça negar prisão do casal.
Bombeiros encerram buscas até novos indícios sobre caso em Ribeirão, SP.


              Visivelmente cansados, o pai e o tio do menino Joaquim Ponte Marques, desaparecido há três dias em Ribeirão Preto-SP, prestaram novos depoimentos na manhã desta sexta-feira (131108) na Delegacia de Investigações Gerais - DIG. Ao chegarem ao local, o tio, Felipe Paes, criticou a ex-cunhada e o atual marido dela, os últimos a terem contato com o garoto, afirmando que ambos não estão colaborando com o caso.

“Eu acho muito estranho eles dizerem que estão preocupados, 
mas não aparecerem por aqui [na delegacia]. 
Eles só vêm aqui porque a polícia manda. 
A gente não dorme e eles estão em casa descansando”, 
afirmou. 

              A mãe do garoto, Natália Ponte, e o padrasto, Guilherme Longo, tiveram o pedido de prisão temporária negado pela Justiça na tarde de quinta-feira (131107) e permanecem na casa da família, de onde o garoto de 3 anos desapareceu misteriosamente, na madrugada de terça-feira (131105). O Corpo de Bombeiros informou que as buscas pela criança foram encerradas, até o surgimento de novos indícios sobre o caso. Na quinta-feira, equipes passaram o dia todo no Rio Pardo à procura de pistas.

              Ainda na quinta-feira, Felipe criticou a decisão da juíza da 2ª Vara Criminal de Ribeirão, Isabel Cristina Alonso dos Santos, que negou o pedido de prisão, alegando que o casal colabora com as investigações e não oferece risco de fuga. 
“A gente está há três dias em frente ao DP [Distrito Policial] 
esperando uma juíza decretar a prisão. 
Não, não dá a prisão. 
O cara [padrasto] está dormindo, na casa dele. 
É certo isso?”, 
disse o tio do menino.

              Felipe e o irmão, o produtor de eventos Arthur Paes, pai de Joaquim, moram em São Paulo e estão hospedados em um hotel próximo à delegacia desde terça-feira, quando receberam a notícia do sumiço do garoto. Ao contrário do discurso amistoso dos últimos dias, Arthur disse que também não concordou com a decisão da juíza, de negar a prisão temporária de Natália e Longo.

"Eu não concordo, 
meu filho está sumido há três dias, não tenho resposta. 
O menino precisa de tratamento médico, 
precisa de ajuda e ninguém ajuda, ninguém fala nada. 
Não estou acusando ninguém, eu só quero uma resposta. 
Eu preciso saber o que está acontecendo", 
afirmou o pai do menino, visivelmente emocionado.

              Arthur afirmou que está tomando calmantes, mas tem conseguido dormir, em média, apenas duas horas por noite. Na madrugada de quarta-feira (131106), ele disse ter percorrido as principais ruas do Centro da cidade, entregando panfletos com informações e foto do filho. A ação se repetiu durante todo o dia em frente à delegacia, mesmo embaixo de chuva.

"Eu estou perdido. Eu quero uma resposta, eu preciso de uma resposta. 
Ou a juíza, sei lá, manda para a Dilma [Rousseff
alguém precisa me ajudar, o governador de São Paulo. 
O que eu não posso é ficar três dias plantado na porta de uma delegacia 
sem saber do meu filho", 
disse o pai do menino.

O caso
              Joaquim Ponte Marques, de 3 anos, desapareceu na madrugada de terça-feira, de dentro da casa onde mora com a mãe e com o padrasto no bairro Jardim Independência. Em depoimento, Natália afirmou que notou a ausência do filho pela manhã, ao procurá-lo no quarto, por volta de 7 hs, para aplicar uma dose de insulina, já que o menino é diabético.

              Ainda segundo a mãe, as janelas da casa têm grades, o portão estava trancado, mas a porta da sala estava aberta. Natália afirmou que o atual marido é usuário de drogas e que teria sido ele o último a ter contato com o garoto, ao colocá-lo para dormir, por volta de meia-noite.

              Também em depoimento, segundo a polícia, o padrasto do menino, Guilherme Longo, teria contado que colocou o menino para dormir por volta de meia-noite e, durante a madrugada, saiu para comprar drogas, mas não encontrou quem fornecesse e retornou para casa.

              O casal prestou esclarecimentos diariamente desde a última terça-feira. Segundo o delegado Paulo Henrique Martins de Castro, ainda há contradições nas declarações de ambos e uma suposta testemunha deve ser ouvida na tarde desta sexta-feira. Ele não informou, porém, a relação dessa pessoa com a família.

Boa relação
              Principais suspeitos pelo desaparecimento de Joaquim, o padrasto, Guilherme Longo, e a mãe do menino, Natália Ponte, negam qualquer tipo de participação no caso. Longo chegou a descrever sua relação com o garoto como perfeita. 
"Eu o amo muito para fazer qualquer coisa."

              Apesar de admitir a dependência química e confirmar que na madrugada em que o garoto desapareceu, ele havia saído para comprar drogas, Longo disse também que o vício nunca interferiu no relacionamento entre ele e Joaquim.

"Era uma convivência de pai e filho. 
Nunca tentei tomar o lugar do pai dele. 
Inclusive, ele vem dentro de casa, 
é um cara muito bem vindo e sempre foi, 
só que eu fazia o papel de pai para o Joaquim", 
disse o padrasto em entrevista nesta quinta-feira, na casa da família.

              Sobre o sumiço do filho, Natália também reafirmou que estava dormindo na madrugada do desaparecimento e disse não encontrar explicações para o fato. 
"Aconteceu o que aconteceu, não sei te falar como. 
Infelizmente o Joaquim não está aqui agora com a gente. 
A gente não sabe se alguém entrou aqui, se ele saiu andando. 
Estamos esperando as investigações para ver o que acontece."




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