GUIAS

domingo, 30 de novembro de 2014

Um hermafrodita registrado como mulher luta por identidade masculina em BH-MG

Luan, como gosta de ser chamado, já foi preso 
ao mostrar documento com nome feminino


Além de não conseguir usar a certidão, 
ele não consegue fazer novos documentos

               Um hermafrodita que vive em Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte, foi registrado e criado como mulher, mas, aos 24 anos, ele luta pelo direito de usar um nome masculino. O único documento que tem é a certidão de nascimento que consta Luana José da Silva.

               Luan, como prefere ser identificado, foi preso aos 18 anos por falsidade ideológica ao mostrar a própria certidão de nascimento para policiais. Na delegacia, onde ficou durante uma semana, ele foi agredido e só conseguiu sair porque seu pai pagou a fiança.

               Além de não conseguir usar a certidão, ele não consegue fazer novos documentos. Sempre que vai até os órgãos responsáveis por expedir carteiras de identidade ou de trabalho e CPF Silva sai frustrado.

Eles [funcionários] olham para mim, 
não acreditam que sou eu 
e me mandam ir a outros lugares. 
Eu acabo me estressando e vou embora.

               Luan Silva tem uma síndrome rara que atinge uma em cada 15 mil pessoas. Ele possui todos os órgãos do aparelho reprodutor feminino mas, com o excesso de hormônio masculino provocado pela síndrome, desenvolveu um órgão similar a genitália masculina. Aos cinco anos, ele teve o órgão retirado cirurgicamente. Ele conta que lamenta ter passado pelo procedimento, pois sofreu muito preconceito.

Fizeram muito errado em me operar, 
porque eu conheço gente que nasceu hermafrodita 
e cresceu para escolher. Eu não tive essa oportunidade. 
Meus irmãos sempre me aceitaram 
e minha mãe nunca questionou nada, 
mas meus tios e meus avós não aceitavam. 
A humilhação sempre acontece, com piadinhas, por exemplo.

               Para o chefe de departamento de urologia em Minas Gerais, Otto Henrique Chaves, o procedimento cirúrgico foi tardio.

"Se essa criança já tem uma estrutura cerebral 
masculina e uma postura masculina, 
ela não deve retornar para o sexo feminino. 
Poderia ser conduzida, 
do ponto de vista cirúrgico, 
para ser um homem"


O sonho

               Sem dinheiro para pagar um advogado, Luan abriu um processo na Justiça para poder ser identificado como homem por meio da Defensoria Pública. A defensora Júnia Roman, que o representa, afirma que o caminho será longo.

"Há necessidade de diversas ações e procedimentos 
porque o problema de Luan é complicado. 
Tem questões de saúde que não são adequadamente tratadas. 
A retificação do nome é um primeiro conforto 
para ele não passar pelo constrangimento 
de ser chamado por um nome que não se reconhece"

               Luan atualmente trabalha como pedreiro e vive com sua mulher e um filho. Ele sonha em constituir uma família formalmente.

Quero casar, registrar meu filho,
poder comprar minha casa, 
trabalhar fichado para financiar um lote 
e construir minha casa. 
Quero uma vida normal. 
Não é querer demais. 
É direito meu.




Preso suspeito de chefiar quadrilha de falsificação de cerveja no Tocantins

Grupo atuava no Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo e Goiás
Quadrilha se organizava em Gurupi-MG, sul do estado


              Um homem suspeito de comandar uma quadrilha especializada na falsificação de cervejas foi preso na segunda-feira (141124), em Gurupi-MG, sul do Tocantins. Segundo a Polícia Civil, a quadrilha atuava no Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo e Goiás, mas era comandada no Tocantins.

              Ricardo Del Colle Pinto de Sá, de 34 anos, foi preso após o cumprimento de um mandado de prisão. De acordo com a polícia, ele mantinha em Gurupi uma corretora de imóveis de fachada. 

              O suspeito será levado para Contagem, em Minas Gerais.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Viciada em crack ex-modelo vive nas ruas de São Paulo


              Fluxo é o nome que se dá à aglomeração de viciados na região da Cracolândia, no centro. Nos dias de maior movimento, centenas circulam em meio à sujeira, mendigando ou roubando para comprar e usar drogas. Nas vielas estreitas do pedaço ou dentro de barracas de lona, traficantes observam tudo, sentados diante de tabuleiros improvisados. Em cima, deixam expostos maços de cédulas e pedras de pasta de cocaína de vários tamanhos, mesmo com uma base instalada da Guarda Civil Metropolitana e com carros da Polícia Militar passando pela área. É difícil distinguir alguém no bloco de maltrapilhos que andam a esmo na região, feito zumbis, em um retrato triste e trágico do fracasso das políticas públicas na cidade.

              Uma loira magra, de 1,79 metros de altura e olhos verdes, no entanto, não consegue passar despercebida. Alguns de seus traços de beleza ainda resistem, apesar das cicatrizes no corpo. Tem os joelhos feridos e os pés rachados pelo tempo dormido na rua. Os dedos estão queimados, de tanto acender os cachimbos de crack. A jovem vive no lugar há mais de dois anos, mas poucos sabem quem é. Arredia e desconfiada, sempre rejeitou o contato de pessoas que não fossem os próprios viciados. Só mais recentemente deixou que assistentes sociais e voluntários de ONGs que atuam no local se aproximassem para lhe oferecer banho e comida.

              Ela se chama Loemy, tem 24 anos (vai completar 25 nesta quinta, 141127) e veio do interior de Mato Grosso para cá atrás do desejo de seguir carreira de modelo. Na semana passada, aceitou se encontrar com a reportagem de VEJA SÃO PAULO para contar sua história de Cinderela às avessas. Foram três sessões de conversas, nas quais se emocionou várias vezes lembrando detalhes de como o sonho de brilhar nas passarelas acabou na Cracolândia. Houve momentos também em que sorriu ao falar de algumas boas recordações. Em um deles, uma usuária se incomodou com a risada e avançou com um pedaço de pau, acertando-a na barriga. A agressora parou após os berros de outros viciados, que a mandaram sair dali e "procurar o seu rumo".
              Lúcida e articulada quando não está sob o efeito das drogas, Loemy demonstra ter consciência do seu estágio atual de degradação física e moral provocado pelo vício. Perambula no centro desde setembro de 2012. 

"Quando me mudei para São Paulo 
e descobri que existia um lugar como a Cracolândia, 
fiquei horrorizada com aquelas pessoas na rua", 
Lembra. 

"Hoje, eu é que estou nessa situação." 
              Consome atualmente cinco pedras de crack por dia, em média. Cada uma custa 10 reais. Muitas vezes, ela se prostitui para conseguir o dinheiro.

"Mas não faço nada sem preservativo, 
vim parar aqui com a consciência formada, pelo menos"
Afirma. 

"Vejo muita menininha doente ou com filho." 
              Uma época, recebia a droga de graça dos traficantes. Além da beleza, o jeito educado e cativante ajudava.

              Antes de começar a fazer programas, tentou outros meios para sustentar o vício. Como se sente humilhada pedindo esmola, certa vez empurrou uma senhora para lhe roubar a bolsa. Mas entrou em prantos ao vê-la cair no chão e jurou nunca mais fazer isso. Nascida em um município com pouco mais de 50 mil habitantes, é a filha mais nova de uma empregada doméstica e de um garimpeiro. A mãe, Elizabeth, e a irmã, que tem dois anos mais que a caçula, continuam morando por lá. O pai sumiu de casa quando Loemy era um bebê de 6 meses. Na adolescência, já chamava atenção pela beleza. Fez pequenos trabalhos em Mato Grosso, como desfiles e divulgação de novas coleções de lojas locais. Até que um olheiro e produtor de moda, de passagem pela cidade, descobriu a moça e a incentivou a tentar a vida em São Paulo.

"Ela tinha um rosto bonito, marcado e delineado, estilo anos 80"
Recorda-se o profissional em questão, Célio Pereira

"Era uma diva, linda, um escândalo. 
Tinha tudo para dar certo." 

              Entusiasmada, a garota fez as malas. Desembarcou em janeiro de 2012 com 3.000 reais dados pela mãe e foi dividir um apartamento no Itaim com outras modelos. Nessa época, fez o primeiro book profissional.

              Encaminhada às principais agências de manequins da capital, não vingou em nenhuma. 

"Ela era chamada, começava o trabalho e, 
no outro dia, estava demitida", 
Afirma Pereira

"Faltavam foco e disciplina." 
              A preparadora de modelos Débora Souza, da Skin Model, teve contato com a garota de Mato Grosso nessa época. Segundo ela, em poucos meses em São Paulo, a jovem começou a beber e fumar com frequência e perdia os compromissos. 

"No dia do casting para trabalhar como recepcionista 
no Salão do Automóvel, por exemplo, 
ela chegou atrasada e não participou. Saiu revoltada"
Conta Débora
              Loemy atribui parte desses problemas à frustração de não ver as coisas andando no ritmo com que sonhava. 

"Desafogava frequentando muitas festas"
diz. 

              Em sua cidade, ela já havia experimentado maconha. Na capital, foi apresentada à cocaína pelos promoters das baladas.

              Mesmo dividindo o aluguel no Itaim com outras meninas, o custo de 500 reais por mês ficou pesado para ela. Em agosto de 2012, começou a morar de favor no Bom Retiro, em um apartamento de um amigo. Tem na memória o dia e o horário exatos em que fumou a primeira pedra de crack: 15 de setembro, às 4 da manhã. 

"Estava em um táxi e, em vez de ir direto para casa, 
desviei o caminho e desci perto da Praça Júlio Prestes 
para tentar comprar maconha"
Lembra. 

              Na bolsa, carregava 800 reais e dois celulares. Acabou sendo assaltada por dois bandidos. Ficou sem os pertences e caiu chorando no chão. 

"Até que colocaram um cachimbo na minha boca. 
Foi como uma tomada para carregar"
Conta.

              A partir desse momento, a substância se tornou parte de sua vida. 

"Eu a uso com a filosofia de ficar tranquila, 
de ver a vida passar sem me incomodar com a realidade"
Justifica. 

              Quando ela começa a sofrer as crises de abstinência, seu humor muda e acusa os efeitos físicos da falta da pedra de cocaína. Ela passa a se contorcer e esfrega as mãos contra o corpo repetidamente. Isso só termina quando fuma outra vez e sente o barato do "tuim" (em poucos segundos depois de inalada, a droga libera no cérebro descargas de dopamina, neurotransmissor relacionado à sensação de prazer).

              O vazio de não deslanchar a carreira em São Paulo e a dificuldade de adaptação à cidade grande não foram seus únicos problemas. Loemy carrega um trauma de infância: dos 4 aos 10 anos foi abusada sexualmente pelo padrasto. Dormia no mesmo quarto da irmã, que também era atacada pelo homem. Certo dia, não aguentando mais a situação, a irmã contou tudo à mãe. Na época, Elizabeth, hoje com 48 anos, ficava a maior parte do tempo fora, cuidando de duas casas para sustentar a família. 

"Eu não quis acreditar na história das meninas no começo, 
mas resolvi fazer um teste"
Lembra. 

"Deixei um dia a Loemy sozinha com ele e, 
espiando pela janela, flagrei tudo. 
Na hora, perdi a cabeça e pensei até em matá-lo." 

              Depois do episódio, Elizabeth expulsou dali o companheiro, mas não procurou as autoridades para denunciá-lo. 

"Até hoje, tenho muita mágoa"
Afirma Loemy. 

"Eu era uma criança, 
e não se fez justiça."

              Às vezes, ela desaparece da Cracolândia por uns tempos. 

"Tenho medo e fico fugindo de um lado para outro. 
Já tentaram me furar com faca, 
mas tenho fé em que Deus não vai permitir 
nada de grave na minha vida." 

              Escolher um canto para passar a noite é sempre um momento tenso. 

"Uma vez me estupraram dormindo.
Tentar se esconder é pior, 
você vira um banquete para eles. 
É melhor estar no aberto, 
na visão de quem pode te proteger." 

              Acostumada a andar sempre maquiada e arrumada, ela deixou a vaidade de lado. 

"Não me olho no espelho, senão eu choro, 
me deprimo mais."

              Várias pessoas tentaram tirá-la de lá. Um conhecido dos tempos das agências a visita quinzenalmente, oferecendo comida e banho. Certa vez, ele alugou um quarto em um hotel para que Loemy ficasse no lugar para se recuperar, mas a jovem voltou a dormir na rua. Em outra ocasião, o mesmo amigo pagou uma passagem para que a ex-modelo voltasse a Mato Grosso. A garota ficou lá poucos meses. Envolveu-se com traficantes do local, que a juraram de morte, pegou uma carona escondido da mãe e voltou às ruas de São Paulo. 

              Em junho do ano passado, Elizabeth esteve na metrópole tentando resgatar a filha. 

"Loemy queria que eu ficasse, mas não tenho condições financeiras. 
Toda a minha vida, o meu sustento, está em Mato Grosso"
Diz. 

"Já tentei interná-la, mas não deu certo. 
Toda noite fico de joelhos e oro por duas horas, 
pensando quantas noites ela não dorme com fome. 
A única solução é conseguir um tratamento em São Paulo"
Entende Elizabeth, que é fiel da igreja evangélica Congregação Cristã no Brasil.

              No ano passado, por duas vezes, Loemy chegou a passar pelo Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas - CRATOD, no Bom Retiro. Não aceitou ser internada e acabou direcionada para uma unidade de atendimento psicossocial. Ali, também não quis aderir ao tratamento. Histórias como essa mostram quanto a rede de emergência se apresenta modesta demais para dar conta da complexidade do problema. A prefeitura lançou em janeiro deste ano o programa De Braços Abertos. Inspirado nas políticas de redução de danos, ele acertou com os viciados o desmonte dos barracos da favela da droga, formada entre a Alameda Dino Bueno e a Rua Helvetia. Em seguida, todos foram encaminhados para hotéis da região e receberam benefícios como alimentação, tratamento médico e 15 reais por dia, em troca da prestação de serviços de varrição de ruas e praças.
              O município gasta mensalmente 815.000 reais com a iniciativa. Atuam também no local cerca de oitenta agentes do programa Recomeço, do governo estadual. Criado em janeiro de 2013, o serviço já conduziu cerca de 18.000 pessoas ao CRATOD. Em um primeiro momento, conseguiu-se evitar que os viciados erguessem novos barracos ou que se amontoassem no meio das ruas para consumir a droga. Também foi reduzida a violência na região. Dados do Sistema de Informações Criminais - INFOCRIM, mostram que os índices de furtos gerais e furto de veículos diminuíram, respectivamente, 32,3% e 47,4% na comparação entre os primeiros seis meses de cada ano. Os números, entretanto, não se sustentaram. Em setembro, os viciados voltaram a erguer uma favela do crack, dessa vez na Alameda Cleveland.

              Segundo o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, coordenador do Recomeço, foi um erro permitir que os barracos fossem montados novamente. 

"Dá-se a impressão de volta à estaca zero"
Critica. 

              O fluxo de viciados está lá há anos, a poucos metros da suntuosa Sala São Paulo e a 2 quilômetros da sede da prefeitura. Uma cidade como a nossa não pode virar as costas para essa ferida exposta. A situação de desamparo de gente como Loemy é o exemplo vivo de como o poder público parece estar enxugando gelo na Cracolândia.

"Preciso de ajuda"
Afirma a ex-modelo. 


              Esse pedido de socorro é repetido por boa parte dos viciados do pedaço, assim como por seus familiares. Algumas ONGs, como o Centro Assistencial ao Povo Carente (☎ 4508-4073), tentam amenizar o drama e manter viva a esperança do povo da rua. Mesmo quem chegou ao fundo do poço ainda consegue sonhar. O desejo de Loemy é sair dessa e voltar a estudar (ela concluiu o ensino médio até agora). 

"Quero ser engenheira, 
acho que estou velha demais para ser modelo"
Explica. 

              Antes de posar para as fotos de VEJA SÃO PAULO, Loemy pediu um par de sandálias para esconder as feridas nos pés. No dia da sessão, porém, preferiu não ficar com o presente. 

"Guarda em sua casa"
              Afirmou, encarando com os olhos verdes a repórter, enquanto segurava as mãos da jornalista. 

"Quando eu sair daqui, você me entrega." 
[Colaborou Aretha Yarak]

O tamanho do problema

              Cerca de 150 mil paulistanos, ou 1,4% da população, já experimentaram a droga. A maior parte dos usuários é do sexo masculino (78,7%). Quase 18 mil atendimentos foram realizados no Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas - CRATOD desde a criação do programa Recomeço, do governo estadual, em janeiro de 2013.

              O programa municipal De Braços Abertos gasta 815.000 reais por mês com o aluguel de hospedagens no centro e as diárias de 15 reais para os viciados que trabalham em funções como a varrição de ruas e praças. 1.500 mil prisões foram efetuadas na Operação Centro Legal desde janeiro de 2012. Desde 2012, a polícia apreendeu 280 quilos de drogas, apenas na região da Cracolândia.

Os riscos da pedra

              De efeito rápido e intenso, a droga tem alto poder viciante. Depois de tragada, a fumaça do crack é absorvida em grande quantidade pelo pulmão e cai rapidamente na corrente sanguínea. Em dez segundos, o cérebro é inundado de dopamina, neurotransmissor relacionado à sensação de prazer.

              O usuário experimenta intensa euforia, sensação de poder, excitação, hiperatividade, tem insônia, perda da sensação de cansaço e falta de apetite.

              Esse efeito dura até dez minutos e a fissura por uma nova tragada se torna incontrolável.

              O vício pode levar a problemas como lesões pulmonares, queimaduras nos dedos e na boca, emagrecimento repentino, problemas neurológicos, aumento da pressão arterial e distúrbios na fala.

Cá entre nós...
              Não queira experimentar essas sensações e evite a primeira vez, Há muita coisa maravilhosa para você experimentar e usar! Não entre nessa estatistifica de usuários de drogas, seja esperto enquanto é forte. Não use Drogas!!!

GALERIA DE FOTOS: 25.


























segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Fixação biológica de nitrogênio é alternativa para a cultura do feijão


              Nas lavouras de feijão, é possível obter produtividade acima de três mil quilos por hectare, reduzir o custo de produção e o impacto ambiental das lavouras. Esses são os resultados que podem ser alcançados com o uso da tecnologia da fixação biológica de nitrogênio. Recomendada por pesquisadores da Embrapa, a tecnologia, quando bem aplicada, substitui a adubação convencional e garante o suprimento de nitrogênio para as plantas sem a necessidade de produtos químicos.

              Largamente utilizada na soja, a fixação biológica de nitrogênio no feijão proporciona ganhos representativos. O pesquisador da Embrapa Enderson Ferreira afirma que:

“em lavouras comerciais cultivadas na terceira safra 
nas regiões de Unaí - MGFormosa - GO e no Distrito Federal
observam-se rendimentos muito altos considerando a média nacional, 
que é de mil quilos por hectare”

              O produtor rural Hélio D’Albelo diz que consegue reduzir o custo de produção em até dez vezes em comparação com o uso de fertilizantes nitrogenados. 

“O meu custo de produção é em torno de R$ 20,00 reais por hectare, 
o que representa mais ou menos uma economia de R$ 200 reais”, 

              Afirma D’Albelo, que também é engenheiro-agrônomo e produtor no Distrito Federal. Sobre a produtividade, ele confirma que é possível alcançar rendimentos acima de 3 mil quilos por hectare.

              A exemplo desse produtor, a fixação biológica de nitrogênio para o feijão é utilizada por outros produtores nas demais regiões do País com níveis variados de tecnificação da lavoura. Contudo, o grau de adoção da tecnologia ainda é muito baixo se comparado com outras culturas, como é o caso da soja, na qual os fertilizantes nitrogenados na forma de ureia já foram praticamente substituídos em sua totalidade pela fixação biológica de nitrogênio.

              Segundo Ferreira, um dos aspectos que podem incrementar o uso da fixação biológica do nitrogênio no feijão é a disseminação das técnicas para os produtores e, em especial, para a agricultura familiar. Ele destaca alguns aspectos importantes que devem ser observados por aqueles que desejam utilizar a tecnologia.

“Primeiramente, deve-se trabalhar com inoculante, 
produto comercializado com as bactérias fixadoras, 
que seja de qualidade. Este deve seguir a legislação brasileira 
e possuir a concentração adequada 
prevista na lei e expressa na embalagem. 
Além disso, o transporte e a conservação do inoculante 
demandam ambientes frescos e arejados. 
Também se recomenda realizar a semeadura 
logo após a inoculação da semente 
para buscar maior eficiência do produto”
Explica o pesquisador.

              Outro ponto relevante que deve ser considerado por aqueles que querem usar a fixação biológica de nitrogênio na cultura do feijão é o tratamento de sementes. Conforme Ferreira, o tratamento de sementes com fungicidas ou micronutrientes deve ser realizado antes da inoculação, pois já foi verificado que alguns produtos comerciais matam as bactérias presentes no inoculante.

Fixação ao longo do tempo

              A associação entre espécies de plantas com bactérias fixadoras de nitrogênio ocorre de maneira natural. Coube aos cientistas alemães Hermann Hellriegel e Hermann Wilfarth o pioneirismo em relacionar os caroços em raízes de ervilhas com a Fixação Biológica de Nitrogênio - FBN em 1886. Entretanto, foi o botânico holandês, Martinus Willem Beijerinck, quem isolou e descreveu pela primeira vez uma bactéria fixadora de nitrogênio no ano de 1888.

              Sete anos depois, foi formulado nos Estados Unidos o primeiro inoculante (produto com as bactérias fixadoras) comercializado. A novidade chegou ao Brasil em 1956. De lá para cá, instituições de pesquisa aperfeiçoaram a seleção de grupos e de espécies de rizóbios, separando aqueles que eram mais específicos e eficientes para a FBN. Hoje o agricultor que adquire o inoculante, adquire um produto com essas bactérias selecionadas pela pesquisa.

              Para o homem do campo, essa tecnologia faz muita diferença, pois é uma alternativa aos fertilizantes nitrogenados, uma vez que é impossível eliminar o suprimento de nitrogênio para as plantas, pois esse elemento está ligado ao crescimento das estruturas vegetais, à capacidade de formação de grãos e à produção rentável.

              Adicionalmente, com a substituição ou diminuição da adubação nitrogenada, outras situações de risco ao ambiente são reduzidas. Além da emissão de óxido nitroso pelo solo, pode ocorrer a lixiviação, que é lavagem do perfil do solo por percolação ou escorrimento superficial da água de chuva ou irrigação e que pode resultar no acúmulo de formas nitrogenadas, particularmente nitrato, nas águas de rios, lagos e aquíferos subterrâneos.

              Diante dessas situações, a FBN se tornou bem-vinda e seu sucesso com a cultura da soja no Brasil é reconhecido dentro e fora do País e abrange vários outros estudos. A pesquisa que antes era associada apenas a plantas leguminosas passou a incluir nas últimas décadas a seleção de bactérias para gramíneas, como é o caso do milho, cana e braquiária.

              Por todas essas razões, a FBN foi escolhida como um dos cinco pilares do programa Agricultura de Baixo Carbono - ABC, lançado em 2009 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, instituído para incentivar o uso de técnicas sustentáveis na agricultura visando à redução da emissão dos gases de efeito estufa - GEE.

Sustentabilidade



              Os principais gases responsáveis pelo efeito estufa são o dióxido de carbono, o metano, o óxido nitroso, clorofluorcarbonos e ozônio. O dióxido de carbono, considerado o principal deles, alcança 60% das emissões, devido às atividades desenvolvidas pelo homem. Entretanto, levando-se em conta apenas o setor agropecuário, os mais destacados são o metano, com 15%, e o óxido nitroso, com 6%.

              O protagonismo do metano é atribuído aos cultivos de arroz irrigado por inundação, à pecuária, aos dejetos animais, ao uso agrícola dos solos e à queima de resíduos no campo. Já a emissão do óxido nitroso está ligada ao uso de fertilizantes nitrogenados aplicados aos solos agrícolas. Assim, a agricultura, ao mesmo tempo em que se constitui uma atividade potencialmente influenciável pela mudança do clima, também contribui para o efeito estufa.

              Contudo, tanto para o metano, quanto para o óxido nitroso, há a possibilidade de adoção de medidas mitigadoras da emissão de gases de efeito estufa GEE. No primeiro caso, o desenvolvimento e o uso de plantas de arroz que permitam diminuir a taxa de liberação de metano é um dos caminhos. No que tange ao óxido nitroso, uma das tecnologias que se mostrou promissora é a fixação biológica de nitrogênio.

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sábado, 22 de novembro de 2014

A Greve de Rodoviários no DF será prolongada até segunda 24

Trecho da BR-040 entre Santa Maria e Gama ficou com tráfego parado
EPTG e EPNB também registraram lentidão; paralisação afeta 13 regiões


              Com 1.104 ônibus a menos nas ruas por causa da paralisação dos rodoviários das empresas Pioneira e Marechal, nesta sexta-feira (141121), o trânsito ficou parado em algumas vias do Distrito Federal. A rodovia BR-040, caminho de Santa Maria e Gama para o Plano Piloto, ficou muito prejudicada, com o congestionamento de veículos chegando a Valparaíso - GO.

              A concentração de carros também foi ampliada na saída do Gama, em frente ao campus da Universidade de Brasília - UnB. A via estava parada por volta de 7:30 hs.

              A EPTG ficou com trânsito congestionado com o aumento do número de carros na via. Assim como a via Epia Sul.

              A EPNB tinha o trânsito fluindo um pouco melhor com a fiscalização do Departamento de Estradas e Rodagem - DER, por volta das 7:30 hs, na faixa exclusiva para ônibus.

              A estimativa é de que 500 mil pessoas sejam atingidas pela greve, que afeta Taguatinga, Park Way, Ceilândia, Guará, Águas Claras, Itapoã, Paranoá, Jardim Botânico, Lago Sul, Candangolândia, Santa Maria, São Sebastião e Gama
              Com isso, o número de carros nas vias dessas regiões tende a aumentar.

Após assembleia, rodoviários do DF decidem manter greve até segunda
 


Empresa só fará pagamento de salário na próxima semana, diz sindicato
Pioneira e Marechal dizem que aguardam repasses do governo do DF

              Rodoviários das empresas Pioneira e Marechal, que iniciaram uma paralisação para cobrar o pagamento de adiantamento salarial na manhã desta sexta (141121), decidiram em assembleia realizada durante a tarde que vão manter a greve até segunda-feira (141124). Segundo o sindicato da categoria, a decisão dos trabalhadores foi tomada porque as empresas propuseram depositar o dinheiro na conta dos funcionários apenas entre segunda e quinta da próxima semana.

              O pagamento de 40% de adiantamento salarial deveria ter sido depositado nesta quinta-feira (141120). As duas empresas juntas atendem 13 regiões do DF. O DFTrans informou que não conseguiu fazer os repasses até o fim do dia desta quinta, como previsto.

              As empresas Marechal e Pioneira informaram que aguardam repasses do GDF para pagar o adiantamento aos rodoviários. Pela manhã, as companhias se limitaram a dizer que não receberam os valores devidos. A paralisação ocorre oito dias após o fim da última greve, ocorrida pelo mesmo motivo.

“Não teve proposta das empresas. 
Eles disseram para a gente esperar, 
que o pagamento deve sair entre segunda e quinta-feira. 
Então nós decidimos manter a greve até as 8 hs de segunda, 
quando vamos fazer uma nova assembleia”

              Afirma o diretor do Sindicato dos Rodoviários do DF Leandro Machado Pereira.

              A estimativa é de que 500 mil pessoas sejam atingidas pelo ato, que afeta Taguatinga, Park Way, Ceilândia, Guará, Águas Claras, Itapoã, Paranoá, Jardim Botânico, Lago Sul, Candangolândia, Santa Maria, São Sebastião e Gama. São 1.104 a menos em circulação – o correspondente a 40% da frota. Cooperativas, empresas que circulam no Entorno e outras companhias que atendem o DF foram convocadas a ajudar no atendimento a essas regiões.

              A Pioneira afirma que o governo deve R$ 14 milhões. A dívida com a Marechal é de R$ 11 milhões, segundo a empresa.

              Pela manhã, o diretor-geral do DFTrans, Jair Tedeschi, lamentou a paralisação. Segundo a autarquia, a dívida com a Marechal é de R$ 5 milhões. Já com a Pioneira, R$ 14 milhões. 

"É uma pena que isso esteja acontecendo de novo. 
Não conseguimos fazer o pagamento. 
O dinheiro veio em uma fonte diferente da que é possível fazer o pagamento, uma questão de orçamento e financeiro. 
Então, ficamos até 22 hs de ontem tentando viabilizar isso. 
Hoje vamos tentar novamente".

"Se não for possível, será feito um projeto 
para ser votado na Câmara [Legislativa]. 
Não há outra opção. 
Se conseguirmos hoje, a gente consegue viabilizar o pagamento 
no máximo até segunda. 
Caso contrário, volto a dizer, 
tem que ser feito um projeto de lei que tem que ir à Câmara. 
Como a Câmara não vota na segunda, 
deve ser na terça, com pagamento na quarta”
Completou.

              Por volta de 7 hs, passageiros relataram que aguardavam havia mais de hora em paradas de ônibus de Taguatinga, Santa Maria e Gama. Um vídeo feito pela reportagem mostra passageiros disputando espaço para serem transportados "pendurados" nos poucos veículos de outras empresas (veja acima).


              Havia ainda registros de transporte pirata, que cobrava R$ 5,00 pelo serviço. O trânsito também registrava maior lentidão, por causa do volume maior de carros nas pistas que ligam as regiões ao centro de Brasília.

              Diretor do Sindicato dos Rodoviários, João de Jesus disse que os quase 5 mil funcionários parados estavam reunidos em vários pontos do DF esperando um posicionamento das empresas. Os motoristas recebem R$ 1.928,00 e cobradores, R$ 1.008,00.

“As empresas dizem que não têm nenhum recurso financeiro 
para fazer esse pagamento, 
mas a gente acha que eles deveriam honrar os compromissos 
com o trabalhador”
Declarou. 

“Não vamos voltar até que nosso dinheiro seja pago. 
Há 20 anos recebemos o adiantamento no dia 20, 
sempre foi assim.”

              A doméstica Marlene Pereira, que tentava pegar um ônibus de São Sebastião para o Lago Sul, disse ter sido surpreendida com a greve. 

"Por isso que está esse tanto de gente aqui. 
Se passar algum pirata eu pego, mas, se não, 
vou pedir meu patrão para ir me buscar."


O Metrô – que oferece serviços em Taguatinga, Park Way, Ceilândia, Guará e Águas Claras.

              Em entrevista ao Bom Dia DF, o secretário de Transportes, José Walter Vazquez, pediu desculpas aos usuários do transporte público. 

"Nós tivemos um descompasso, 
um problema com o orçamento do DF, 
fazendo um descompasso entre o orçamento e a despesa"
Disse.

              O gestor afirmou acreditar que os funcionários da Marechal voltem a trabalhar ainda nesta sexta. 
"Vamos trabalhar durante o dia inteiro 
tentando viabilizar também os recursos da Pioneira. 
Neste final de semana temos o PAS e 
precisamos do sistema funcionando."

              Segundo Vazquez, caso os rodoviários não voltem a operar até o final do dia, as mudanças na integração do Expresso DF estão suspensas. Elas deveriam ser aplicadas a partir deste sábado.

Última greve
              No dia 13, rodoviários da viação Pioneira encerraram a paralisação de oito dias após receberam uma promessa de pagamento do GDF. A viação havia conseguido R$ 6 milhões junto ao BRB para pagar parte dos salários e benefícios do mês de outubro.

              A Pioneira só conseguiu realizar o empréstimo porque recebeu do DFTrans a promessa de que os R$ 14 milhões seriam pagos até esta quinta-feira. A paralisação havia começado no dia 5 de novembro e, por alguns dias, ganhou a adesão de motoristas e cobradores das cooperativas Cootarde, MCS e Alternativa.