GUIAS

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Violinista de 13 anos supera dois AVCs e volta a tocar em orquestra

Menina integra grupo de referência do Projeto Guri em Jundiaí-SP

'Sinto e toco como se não tivesse acontecido nada', diz musicista


              Quem vê a musicista Emilly Rhanna de Paiva dedilhando com precisão os acordes no seu instrumento preferido, o violino, não imagina que a vida dela já teve tantas notas dissonantes. A estudante, de 13 anos, passou vários meses internada após sofrer dois episódios raros de Acidente Vascular Cerebral-AVC, que por pouco não a obrigaram a abandonar o sonho de ser uma musicista erudita caso tivesse sequelas permanentes. Hoje, curada, Emily integra o grupo de referência de uma orquestra jovem de Jundiaí-SP.

              A paixão de Emilly pela música surgiu aos 8 anos, mas foi interrompido dois anos depois por causa dos aneurismas, que surgiram com uma simples dor de cabeça. 

“Achei que o que ela estava sentindo era normal 
e disse para tomar banho. 
Foi quando ela começou a convulsionar. 
Como nunca tinha visto, 
não sabia o que era uma convulsão 
e não imaginava que pudesse ser tão grave. 
Ela nunca tinha ficado doente”
Lembra a mãe, Elisangela Gonçalves de Paiva.

              Emilly, natural de Santo Antônio de Posse-SP, foi levada para o pronto-socorro e melhorou após ser medicada. Dias depois, no entanto, voltou a desmaiar. 

“O médico que a atendeu não tinha muita experiência 
e não achou que poderia acontecer um derrame 
em uma criança com 10 anos de idade, 
por isso mandou voltarmos para casa."

              Em casa, a menina continuou passando mal e reclamando de dores de cabeça. Em poucos dias, a coordenação motora da menina começou a falhar. 

“Nesse dia eu fiquei apavorada. 
Procurei vários pediatras e 
um deles viu que tinha algo de errado. 
Eles acreditaram que era meningite 
por causa dos sintomas, 
mas ela não tinha febre e isso ficou em contradição”
Conta Elisangela.

              Após vários exames e tomografias, foi descoberto que a jovem musicista tinha uma má-formação congênita na veia encefálica, onde surgiram dois aneurismas.

              A menina precisou então ser encaminhada para a UTI de um hospital em Jundiaí, cidade a pouco mais de 80 quilômetros de distância de Santo Antônio de Posse. 

“Quando ela foi internada, os médicos já alertaram que, 
o quer que fosse a doença, era algo ruim. 
Após a tomografia os médicos disseram que 
uma veia tinha se rompido 
e que ela não poderia passar por uma cirurgia naquele momento. 
Para a gente só restava rezar"
Relembra a mãe. 

              Emilly foi colocada em coma induzido para impedir as convulsões, mas o prognóstico era trágico. 

“Disseram que, 
se ela sobrevivesse, 
ia vegetar.”

              Contrariando a expectativa médica, a menina se recuperou e teve alta 21 dias após o AVC.

              Mas a melhora não durou muito tempo. As dores de cabeça foram voltando aos poucos e, menos de três meses depois, a menina sofreu um novo – e mais forte – aneurisma.

              Desta vez, o tempo de internação precisou ser maior. Foram 50 dias no hospital a base de medicamentos fortes para diminuir o inchaço cerebral e controlar as convulsões. Mas o que mais preocupava a adolescente, segundo a mãe, era a possibilidade de não poder mais tocar violino, instrumento que aprendeu a amar por incentivo do tio. 

"Ela chorava muito 
porque não era certeza que 
a coordenação motora dela ia voltar"
Lembra.

Sequelas
              Emilly deixou o hospital com várias sequelas motoras e com aversão à luz. 

“Quando cheguei em casa, 
lembro que não enxergava nada 
e não conseguia abrir os olhos 
porque a luz me incomodava demais. 
Só conseguia andar com a ajuda de alguém. 
Eu ficava muito nervosa 
porque não conseguia segurar nada direito, 
nem um copo, muito menos o violino do meu tio. 
A perna eu tinha que arrastar 
e ainda estava com a boca torta. 
Mas eu me esforcei para voltar. 
Preferia morrer a deixar de tocar”
Desabafa.

              Foram precisos muitos meses de fisioterapia até que Emilly conseguisse segurar novamente o violino. Ela lembra, emocionada, que chorou quando conseguiu tocar os acordes da canção infantil “Brilha Brilha Estrelinha”. 

“Quem entende de música ri, 
mas essa era a única que meu irmão, 
na época com 9 anos, sabia de cor. 
Como eu não conseguia me lembrar das notas, 
ele foi me ensinando em casa. 
E foi assim que consegui tocar de novo”
Conta. 

"Quando eu consegui a alegria no rosto dele era contagiante 
porque eu estava com muita saudade do instrumento. 
Comecei a chorar e chamei a minha mãe para ver. 
Todo mundo ficou emocionado."

Uma trufa pelo violino
              Emilly já tocava no grupo de Santo Antônio de Posse, mas tinha o sonho de integrar o grupo de referência do Projeto Guri, em Jundiaí. Para fazer o teste da orquestra juvenil, ela precisava comprar um violino, já que só utilizava um emprestado na cidade. Filha de uma família com poucos recursos, ela vendeu trufas por alguns meses até comprar um instrumento usado. 

"Eu pedi para a minha mãe me ensinar a fazer os doces e vender. 
Algumas pessoas acharam ruim, 
dizia que era trabalho infantil 
e até chamaram o Conselho Tutelar. 
Diziam que era besteira e eu que não sabia tocar direito, 
que não passaria no teste. 
Mas, depois da autorização dos meus pais, 
juntei dinheiro e consegui comprar um violino usado, 
que eu uso até hoje"
Conta Emilly.

              No teste para a orquestra, Emilly tocou a 9ª sinfonia de Beethoven, um dos seus intérpretes preferidos, e foi aprovada. 

"Estava muito nervosa e com medo 
de que as pessoas me deixassem passar, ou não, 
pelas minhas questões de saúde. 
Tanto que não contei para ninguém 
e evito falar disso na orquestra até hoje. 
Quando eu fui aprovada 
foi uma emoção sem tamanho"
Ressalta a menina.

              Desde 2013, Emilly é uma das 55 integrantes do grupo de referência do Projeto Guri de Jundiaí e toca com importantes artistas, como o violinista da Orquestra de São Paulo, Paulo Paschoal. Ela pretende seguir na música, mas também quer fazer medicina para, quem sabe, levar a música para dentro dos hospitais. 

“Eu fiquei triste e debilitada por bastante tempo. 
Cheguei a esquecer de algumas aulas, 
mas não sei como não desaprendi a tocar. 
Hoje tenho dificuldade de ler a partitura, 
porém, se me derem as notas, 
consigo tocar sem problemas. 
Sempre que alguém tem alguma dificuldade, 
eu tento influenciar essa pessoa a tocar e seguir na música. 
Quero fazer medicina porque também virou uma paixão. 
E porque não juntar as duas?”
Finaliza a jovem artista.





Morador de rua devolve iPhone no DF e ganha emprego como recompensa

Homem recusou recompensa de R$ 100 e pediu oportunidade de trabalho
Gustavo Lemos vai trabalhar como auxiliar de bar em festa de réveillon


              A honestidade de um morador de rua que encontrou um iPhone 5S sem bateria no chão do estacionamento do Gilberto Salomão, no Lago Sul, área nobre de Brasília, e não descansou até devolver o celular ao dono ganhou as redes sociais no início desta semana. O proprietário chegou a oferecer R$ 100 como recompensa, mas o homem recusou. "Não é certo eu ficar com o dinheiro dele só porque eu achei o aparelho dele", disse Gustavo Lemos.

              O empresário Leonardo Buzzi afirma que ainda insistiu para que o morador de rua aceitasse a quantia, mas o homem se mostrou irredutível. Dono de uma organização que oferece open bar, ele encontrou outra forma de demonstrar agradecimento: contratou Lemos para ser auxiliar de bar nos dois dias de uma festa de réveillon no Pontão do Lago Sul, por R$ 300.

“Fui fazer uma transferência em caixa eletrônico e acho que, 
quando desci, meu telefone caiu e eu não percebi. 
Só vi em casa. Liguei, deixei mensagem, nada. 
Depois, dava como desligado – e eu já esperava, 
porque tinha acabado a bateria”, explica. 
“Horas depois tentei e, para minha surpresa, 
ele me atendeu e disse que tinha encontrado o celular.”

              O morador de rua conta que achou o equipamento – que custa R$ 2,2 mil na versão básica – já sem bateria e procurou um quiosque onde poderia carregá-lo. Então, esperou até que o dono aparecesse para poder devolver o iPhone.

              O encontro aconteceu no local onde o aparelho foi achado, que é também onde Lemos costuma dormir e vigiar carros. O empresário levou dez camisetas e bermudas, além do dinheiro.

“Nossa, foi um baque, me deu um nó na garganta 
quando ele disse que era morador de rua”
Lembra Buzzi

“Peguei tudo, botei na sacola, passei no caixa eletrônico e tirei, 
assim, R$ 100,00 um troco só, e fui onde a gente combinou. 
Pensei: ‘nessa época do ano deve ser difícil’. 
Achei que era o mínimo que eu poderia fazer.”

              O morador de rua se negou a aceitar o dinheiro e chorou quando o empresário pediu que ele aceitasse ao menos como presente de Natal. Sem querer dar detalhes da vida pessoal, o homem contou que passou a noite de 24 de dezembro sozinho e que a vontade dele era ter um emprego.

“Falei: ‘você passou o natal sozinho, mas o réveillon não’ 
e o convidei para estar com a gente na festa. 
Ele vai trabalhar repondo gelo e bebida. 
Começa pequeno, mas, se ele abraçar, 
e eu acho que ele vai abraçar a ideia, pode crescer”, 
Diz Buzzi.

              Os homens voltaram a se encontrar nesta segunda, quando Lemos pôde conhecer a estrutura da festa na qual vai trabalhar. Ele não escondeu a satisfação. 

“Fiquei muito feliz, 
muito contente por estar trabalhando.”

              O empresário também se disse satisfeito por dar emprego ao morador de rua.

“Tenho tudo no celular. 
Todo trabalho, toda agenda. 
Para mim foi uma felicidade muito grande ter o aparelho de volta, 
mas maior ainda vindo das mãos de quem veio. 
Foi uma injeção de fé. 
Veio de quem a gente não espera nada, 
e o cara teve uma atitude muito digna”
Concluiu.




Governo publica decreto que reajusta salário mínimo para 2015

Salário mínimo passará de R$ 724,00 para R$ 788,00 em 1º de janeiro
Decreto foi publicado no 'Diário Oficial da União' desta terça-feira (141230)


              Foi publicado nesta terça-feira (141230) no "Diário Oficial da União" decreto presidencial que reajusta o salário mínimo para R$ 788,00 a partir do dia 1º de janeiro de 2015. O novo valor representa reajuste de 8,8% sobre o salário mínimo atual, de R$ 724,00.

              De acordo com o decreto, o valor diário do salário mínimo corresponderá a R$ 26,27 e o valor horário, a R$ 3,58.

              O valor do salário mínimo é calculado com base no percentual de crescimento do Produto Interno Bruto - PIB do ano retrasado mais a reposição da inflação do ano anterior pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor  - INPC.

              Em agosto, quando foi apresentado o Projeto de Lei Orçamentária elaborado pelo governo, o salário mínimo determinado era de R$ 788,06. Segundo a assessoria da ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão, Miriam Belchior, na ocasião, o impacto do aumento do salário mínimo nas contas públicas, com o pagamento de benefícios, seria de R$ 22 bilhões em 2015.

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