GUIAS

sábado, 2 de janeiro de 2016

Injeção poderia curar viciados instantaneamente, apagando memórias do uso de drogas

Pesquisadores divulgaram uma nova droga 
experimental radical, capaz de apagar memórias 
associadas com o vício de substâncias


              Eles dizem que ela poderia, um dia, ser usadas para tratar viciados, apagando os "fantasmas" de seu vício em drogas.

              A ideia surgiu embasada no problema que os viciados em recuperação, muitas vezes, lidam com as memórias que acabam acendendo a vontade de ter uma recaída, mesmo após meses de reabilitação, ou até mesmo anos, de uma vida livre de drogas.

              O Instituto de Pesquisa Scripps, nos EUA, afirma que sua descoberta se aproximam de uma nova terapia baseada em apagar seletivamente essas lembranças associadas a drogas perigosas e tenazes. 

"Nós agora temos um alvo viável. 
Bloqueando essa meta, podemos interromper, 
e potencialmente apagar memórias de drogas, 
deixando outras memórias intactas"
              Disse Courtney Miller, professor associado do Instituto. 

"A esperança é que, quando a abstinência da reabilitação
e terapias tradicionais forem associadas,
podemos reduzir ou eliminar a recaída de usuários
de metanfetamina após um único tratamento,
tirando os desejos de um indivíduo"
              Acrescentou.

              O novo estudo, publicado pela revista Molecular Psychiatry, demonstra a eficácia de uma única injeção de uma substância teste chamada ‘blebbistatin’, usada na prevenção da recaída em modelos animais de dependência de metanfetamina.

              O novo estudo baseia-se em trabalho anterior feito no laboratório de Miller. Em 2013, a equipe fez a descoberta surpreendente de que as memórias associadas à droga poderiam ser apagadas seletivamente, alvejando uma proteína específica que proporciona o suporte estrutural de memórias no cérebro. Contudo, o potencial terapêutico da descoberta parecia limitado pelo problema por esta proteína ser criticamente importante para o corpo. Um comprimido poderia inibi-la, sendo até mesmo, fatal.

              No novo estudo, Miller e seus colegas relatam um avanço, com a descoberta de uma rota segura para a segmentação seletiva da proteína chamada actina no cérebro, através da miosina não muscular tipo II (NMII), um motor molecular que suporta a formação da memória. Para conseguir isso, a pesquisa utilizou o composto de blebbistatin, que atua sobre essa proteína. Os resultados mostraram que uma única injeção de blebbistatin interrompeu com sucesso, a longo prazo, o armazenamento de memória relacionada com a droga, bloqueando a reativação durante pelo menos um mês, em animais dependentes de metanfetamina.

"O que torna a NMII um composto terapêutico emocionante
é que uma única injeção de blebbistatin 
faz as memórias associadas a metanfetamina 
irem embora, junto com espinhas dendríticas, 
as estruturas no cérebro que armazenam memória"
              Disse Erica Young, pesquisadora associada e membro do laboratório de Miller. 

              Ela é uma autora fundamental no novo estudo, juntamente com Ashley M. Blouin e Sherri B. Briggs. O efeito dessa abordagem de tratamento era específico para as memórias associadas a drogas, não afetando outras lembranças. Os animais ainda eram capazes de formar novas lembranças.