GUIAS

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Quadrilha usa tragédia em Mariana-MG, para furtar máquinas

Suspeitos alugaram caminhões e escavadeiras; 
4 máquinas foram furtadas.
Eles ofereceram obras em estradas sem custo 
e, agora, são procurados

Máquinas roubadas

              A Prefeitura de Mariana-MG e comerciantes foram lesados por criminosos que se aproveitaram da tragédia na cidade para furtar máquinas usadas em obras de estradas, de acordo com o prefeito Duarte Júnior. Suspeitos se apresentaram como voluntários da prefeitura de Mariana e usaram o nome de uma empresa do Rio para alugar 11 máquinas.

              O golpe foi revelado pelo prefeito de Mariana em coletiva nesta quinta-feira (160114), em Belo Horizonte-MG. Segundo Duarte Júnior, quatro das máquinas ainda não foram encontradas e o prejuízo, para a empresa dona dos equipamentos, ultrapassa R$ 2 milhões.

              A Barragem de Fundão, da mineradora Samarco, cujas donas são a Vale e a anglo-australiana BHP Billiton, se rompeu no dia 5 de novembro de 2015. O distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, foi o mais afetado. 

              A enxurrada de lama também atingiu cerca de 40 cidades em Minas e no Espírito Santo. O desastre ambiental deixou 17 mortos e dois desaparecidos.

              Duarte informou que os suspeitos voluntariamente procuraram a secretaria responsável por intervenções em estradas e se dispuseram a realizar serviços sem custos. Um contrato da prestação de serviços foi assinado com a prefeitura para a retirada de lama e entulho, abertura de estradas e colocação de cascalho nas vias.

              A prefeitura afirmou que o contrato é uma prática adotada com todas as empresas que realizaram trabalhos após a tragédia em Mariana, mesmo prestando um serviço voluntário, sem contrapartida financeira do município. Neste golpe, os suspeitos usaram o nome da construtora e transportadora HCS, com sede no Rio de Janeiro. A prefeitura também se considera vítima, porque teve o nome usado por falsários.

              Para realizar as intervenções, na primeira quinzena de dezembro, 11 máquinas foram locadas pelos suspeitos da Lafaete Locações, com sede em Belo Horizonte, com pagamento a ser feito em janeiro. Dez foram entregues no ato do contrato de locação e uma seria entregue no dia 11 deste mês, o que não chegou a se realizar.

              A Lafaete informou que, justamente no dia 11, o GPS de monitoramento das máquinas parou de funcionar, levantando suspeitas. Os rastreadores teriam sido quebrados pelos ladrões, o que facilitaria no deslocamento dos equipamentos.

              Já o advogado da HCS, Alexandre Félix de Resende, disse que a construtora foi surpreendida quando soube do crime por um representante da Lafaete. Este funcionário foi até a sede da HCS, no Rio de Janeiro, na última segunda-feira (160111) para saber onde estavam as máquinas que estavam com os GPS desligados.

              De posse do suposto contrato, o dono da HCS, segundo Resende, rapidamente identificou que a assinatura tinha sido falsificada de forma grosseira. O advogado registrou um boletim de ocorrência nesta quinta-feira (160114), na capital fluminense.

              Seis máquinas já foram recuperadas, segundo o prefeito de Mariana e a empresa de locação. Três caminhões estavam no pátio da prefeitura, duas máquinas em um posto de gasolina e outra abandonada perto de uma obra. Outras quatro continuam desaparecidas. A Polícia Civil investiga o caso.


Outros prejudicados
              Dois dos suspeitos se hospedaram em um hotel de Ouro Preto e fugiram sem pagar as diárias e o consumo do frigobar. O prejuízo de acordo com o proprietário, Júlio Pimenta, chega a R$ 1,7 mil. Ainda segundo Pimenta, os homens aparentam ter cerca de 45 anos, têm sotaque carioca e ficaram hospedados de 4 a 10 de janeiro.

              O golpe começou a ser descoberto porque o dono do hotel disse que os hóspedes consumiam, diariamente, todos os itens do frigobar – entre comidas e bebidas.

              O responsável pela controladoria da empresa locadora, Rogério Marques, disse que os suspeitos apresentaram toda a documentação exigida para fazer o aluguel dos equipamentos. A empresa teria sede no Rio de Janeiro.

              Os suspeitos também deram calote em um posto de gasolina no valor de R$ 18 mil. Uma lavanderia também foi contratada para lavar as roupas dos criminosos, mas o valor do golpe não foi divulgado.

              O dono de uma locadora de carros também teve a própria caminhonete furtada. De acordo com Paulo Henrique Della Valentina, o prejuízo é de R$ 90 mil. Ainda segundo ele, outros dois veículos foram alugados, tiveram o rastreador estragado, mas não foram levados pelos criminosos.

              Não houve representante da Polícia Civil na coletiva, que ocorreu no prédio do Ministério Público Estadual. Segundo o prefeito de Mariana, o imóvel foi apenas emprestado para a entrevista e a promotoria não tem participação na apuração do caso.

              Procurada, a Polícia Civil informou que o caso é investigado pelo delegado Marcelo de Castro, de Mariana. O inquérito foi aberto nesta terça-feira (160112). 

              A polícia não deu detalhes sobre o andamento da investigação.

              O roubo cinematográfico de máquinas usadas para limpar cidades atingidas pelo rompimento da barragem do Fundão, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais, está sendo apurado pela Polícia Civil. 

              Dois homens que hospedaram em uma Pousada de Ouro Preto dizendo ser de uma empresa do Rio de Janeiros que queriam ajudar nos trabalhos estão sendo procurados. 

              Eles chegaram a prestar os serviços por alguns dias antes do roubo. O prejuízo causado pelo crime ultrapassa R$ 2 milhões. Além das máquinas, os criminosos deram golpes em postos de combustíveis, um hotel e uma locadora de veículo, que teve levado uma caminhonete.