Operação de reintegração de posse do Torre Palace
entrou no 3º dia.
Nove adultos e quatro crianças estão sem água
e energia no prédio.´
O ex-deputado distrital e federal José Edmar foi detido nesta Sexta-feira (160603) por tentar doar mantimentos ao grupo que resiste há mais de 50 horas à desocupação do hotel Torre Palace, no centro de Brasília-DF.
O político furou o bloqueio da Polícia Militar levando uma caixa com produtos como sardinha, ovos, água, álcool de cozinha e pão.
Ele pode responder por desobediência.
Ao G1, Edmar disse que ficou sensibilizado ao ver que havia crianças no hotel sem alimentos e sem água.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, há nove adultos e quatro crianças no local.
Duas delas, de 7 e 8 anos, estão com crise de asma.
Uma equipe médica do Corpo de Bombeiros está de prontidão para atendê-las.
"Cortar água de criança, comida de criança, isso não se faz. Ontem não consegui dormir e resolvi fazer alguma coisa.
Gastei R$50,00 do almoço para comprar isso para eles"
Afirmou, que disse ter o direito de ir e vir cercado.
O prédio é ocupado desde outubro do ano passado por movimentos sociais.
A Secretaria de Segurança Pública disse negociar a saída dos últimos invasores.
O objetivo é que eles "deixem espontaneamente o prédio", que teve o fornecimento de energia elétrica e de água interrompidos.
O grupo é o mesmo que ocupou o hotel Saint Peter em setembro – que ofereceu emprego de gerente com salário de R$20,00 mil ao ex-ministro chefe da Casa Civil José Dirceu, condenado no mensalão, e foi palco para o sequestro de um funcionário do ano passado.
Questionado sobre a possibilidade de atrapalhar as negociações da PM com os manifestantes, José Edmar chamou de "crime social" a forma como o governo tem conduzido as negociações.
A Secretaria de Segurança Pública disse que não vai comentar as declarações.
Em 2003, quando era filiado ao PMDB, Edmar tinha sido preso em uma ação da Polícia Federal contra grilagem de terras. Na época, ele foi acusado de lavagem de dinheiro, parcelamento irregular do solo, corrupção passiva e formação de quadrilha.
Ele negou os crimes.
Também nesta sexta-feira, a PM encontrou um galão de 20 litros de água escondido debaixo de entulhos no térreo do Torre Palace.
O material foi achado durante uma revista e já estava no local antes da operação para desocupar o prédio, afirma a polícia.
Negociação
Deputados federais do PT, representantes do GDF e da Polícia Militar se reuniram com os invasores na área interna do hotel, em uma tentativa de acordo, na quarta.
O grupo disse que só deixaria o local, conhecido como "hotel do crack" quando o governo oferecesse uma opção permanente de moradia.
Pelo menos quatro pessoas foram detidas por xingarem PMs, desobedecerem a ordem de deixar o prédio e tentar invadir o perímetro de isolamento nesta quarta.
No fim da tarde do primeiro dia da operação, bombas de fabricação caseira foram lançadas de cima do prédio em direção aos militares.
Os artefatos, conhecidos como "cabeção", estouraram perto dos carros do Corpo de Bombeiros e da PM.
Ninguém ficou ferido.
Devido à operação da polícia, era possível ver integrantes do MRP carregando pneus e botijões de gás até a cobertura do prédio na tarde desta quarta.
Um grupo de manifestantes chegou a queimar objetos em um dos andares do edifício.
Morte, drogas e furtos
O corpo de um homem de cerca de 20 anos foi encontrado na madrugada de 12 de março em frente ao Torre Palace.
A namorada do rapaz, de 17 anos, disse à polícia que eles estavam no sétimo andar do prédio para usar drogas, mas, depois de uma discussão, o deixou sozinho em um quarto no sétimo andar.
Depois, ela disse não tê-lo visto mais.
Vizinhos ao estabelecimento reclamam que o índice de crimes aumentou na região após a instalação de 200 pessoas no local.
Equipes da Polícia Militar foram deslocadas para a área para reforçar a segurança.
O imóvel é avaliado em R$35.000.000,00 milhões e fica próximo a alguns dos principais cartões postais de Brasília, como a Torre de TV e o Estádio Mané Garrincha, e vista para a Esplanada dos Ministérios, o Congresso Nacional e a Catedral de Brasília.
Com 14 andares e 140 apartamentos, o hotel foi abandonado em 2013, após disputa entre herdeiros do fundador do hotel, o empresário libanês Jibran El-Hadj, morto em 2000.
O Tribunal Regional do Trabalho chegou a definir 28 de março como data para leilão do hotel.
Os proprietários deviam R$120.000,00 mil em multas por descumprimento de acordo com o Ministério Público do Trabalho, após constatada dívida com os funcionários.
O certame foi suspenso.