Dilma é vaiada na abertura da Copa das Confederações
Globo não inclui vaia a Dilma e Blatter em vídeo à imprensa
A TV Globo não incluiu a vaia à presidente da República, Dilma Rousseff, e ao presidente da Fifa, Joseph Blatter, entre os momentos mais relevantes de Brasil x Japão em compacto distribuído aos veículos de comunicação que fizeram a cobertura jornalística da Copa das Confederações no sábado. O fato só foi corrigido horas mais tarde.
Por isso, a empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha, e os demais veículos independentes da Fifa, viram cerceado seu direito de informar ao não poderem exibir a sequência em que Blatter e Dilma foram fortemente vaiados quando discursavam no estádio Mané Garrincha, em Brasília, para a abertura da Copa das Confederações.
Em todas as outras competições realizadas no país, a Lei Pelé permite que os veículos de comunicação escolham, a seu critério, os flagrantes que mereçam ser exibidos, desde que dentro de um limite de até 3% da duração total do evento.
Aprovada pelo Congresso Nacional em 5 de maio de 2012 e sancionada pela Presidência em 6 de junho do mesmo ano, a Lei Geral da Copa determina que a Fifa "ou pessoa por ela indicada" (a Globo) editem e distribuam um vídeo com seis minutos a qualquer veículo que manifestar interesse.
Os chamados não detentores de direitos, que são os veículos independentes da Fifa, então, devem selecionar dentro desses seis minutos o equivalente a 3% do tempo total do evento para publicação.
Neste sábado, o UOL pediu à Globo, por e-mail, que as cenas da vaia fossem incluídas. Recebeu como resposta que a solicitação seria comunicada à equipe responsável pela edição, mas que não havia garantias de que o pedido seria atendido. Não foi. A resposta veio às 13h07 deste domingo, após a publicação da matéria do UOL.
"Nos seis minutos de imagem, a equipe responsável pelo empacotamento delas priorizou os lances do jogo. Tanto as vaias são jornalísticas que foram mencionadas pelo Galvão Bueno na transmissão e foram registradas no Jornal Nacional. Por esse motivo, estamos enviando tais imagens a todos que não detêm os direitos da Copa das Confederações. Pedimos desculpas pelo inconveniente", disse a emissora.
Dilma é vaiada na abertura da Copa das Confederações
A presidente Dilma Rousseff foi vaiada por milhares de torcedores, por três vezes, antes do Brasil vencer o Japão por 3 a 0, na abertura da Copa das Confederações, no Mané Garrincha, estádio em que o governo do Distrito Federal gastou pouco mais de R$ 1,2 bilhão.
Dilma e o presidente da Fifa, Joseph Blatter, que estava ao seu lado e que também foi vaiado, ficaram visivelmente constrangidos. A Globo, por sua vez, não incluiu o fato em vídeo à imprensa.
Blatter chegou, inclusive, a explicitar esse incômodo, quando, ao discursar, perguntou para a torcida: "Onde está o respeito, onde está o fair play?". Foi novamente vaiado.
O primeiro apupo da torcida a Dilma veio quando o nome da presidente foi anunciado pelo sistema de som do estádio, antes da execução dos hinos nacionais de Brasil e Japão.
Depois, quando foi mencionada por Blatter em sua rápida fala, novas vaias. As últimas vieram quando a própria Dilma Rousseff começou a falar ao microfone para declarar oficialmente aberta a Copa das Confederações. Nessa última, parte da torcida passou a aplaudir a presidente.
Segundos antes de ser anunciada pelo sistema de som do estádio, e receber as primeiras vaias, ela foi bem acolhida pela torcida posicionada exatamente abaixo de seu camarote.
Durante a abertura dos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva também foi vaiado pelo público e não fez o discurso de abertura dos Jogos, tendo sido substituído pelo presidente do COB e do Co-Rio, Carlos Arthur Nuzman.
Presidência já previa vaias e alterou cerimonial no jogo do Brasil
A presidente Dilma Rousseff se recusou a pisar no gramado do Mané Garrincha durante a cerimônia de abertura da Copa das Confederações, anteontem, em Brasília, e foi obrigada a abreviar o seu discurso por causa das vaias vindas das arquibancadas.
Antes de ser hostilizada pelo público, que lotou o estádio para assistir a Brasil x Japão, Dilma fez os organizadores da cerimônia alterarem o roteiro da festa.
Inicialmente, a presidente faria o discurso do campo, depois da fala do presidente da Fifa, Joseph Blatter. Logo em seguida, ela e o cartola suíço cumprimentariam os jogadores das duas seleções.
Já temendo manifestações contrárias, assessores da presidente informaram aos dirigentes da Fifa que Dilma faria o seu discurso da tribuna de honra do estádio.
Apesar da mudança, a estratégia não deu certo. Dilma foi vaiada pelos de torcedores, três vezes, e abreviou sua fala. Ela tinha uma discurso curto preparado, mas decidiu abandoná-lo. A presidente só declarou que a Copa das Confederações estava aberta.
Dilma e Blatter, que estava ao seu lado e também foi vaiado, ficaram constrangidos.
Durante as vaias contra a presidente, Blatter chegou a explicitar seu incômodo: "Onde está o respeito, onde está o fair play?".
As vaias encerraram uma das mais tensas semanas da presidente no cargo.
José Maria Marin, que preside a CBF e o COL, não teve o seu nome anunciado pelo sistema de som. Ele estava ao lado de Dilma. Marin tem dificuldade de relacionamento com a presidente.
Termômetro
O Planalto relativiza a importância do protesto contra a presidente. De acordo com assessores, vaias num estádio de futebol não podem ser vistas como um "termômetro" de popularidade da presidente Dilma nem de medição de insatisfação da sociedade contra ela.
Na avaliação do governo, torcedor vai ao estádio para assistir a jogo de futebol e naturalmente tem tendência a vaiar políticos que podem acabar fazendo um discurso, atrasando a partida.
Além disso, destacam que boa parte dos torcedores foi obrigada a enfrentar longas filas para entrar no estádio e chegou ao local com várias horas de antecedência, o que gera cansaço e uma irritação natural.
A equipe da presidente lembra que ela tem participado de eventos pelo Brasil, como no Rio na última sexta-feira, sendo bem recebida.
Assessores admitem que alguns setores da população estão insatisfeitos com o governo, mas que isso está restrito a uma faixa minoritária e que a presidente tem uma popularidade melhor que seus antecessores no mesmo período de mandato.
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