Gravidez
Saúde e os riscos que a hipertensão gestacional
que podem causar à mãe e ao bebê
Beleza em casa na gravidez
Especialistas sugerem tratamentos caseiros de beleza e relaxamento para curtir os nove meses numa boa.
O período de gestação de um bebê é cheio de ambiguidades: se por um lado se sente poderosa por abrigar uma nova vida, por outro fica mais cansadas e sensíveis. No nosso corpo, muitas mudanças acontecem ao mesmo tempo, e pode ser difícil lidar com todas elas.
Consulte seu médico para saber que cosméticos você pode continuar usando e o que deve deixar de lado e siga investindo no seu bem-estar.
“Nesta fase da vida, cuidar da aparência e da autoestima faz muito bem.
Os cuidados devem ser de dentro para fora”
Orienta a dermatologista Adriana Vilarinho, de São Paulo.
Apesar da correria, do trabalho e dos compromissos sociais, que tal firmar um combinado com você mesma de, sempre que possível, tirar uns minutinhos do seu dia para um ritual de beleza e relaxamento?
Todos os tratamentos que propomos a seguir podem ser feitos sem contraindicação e, o melhor, no conforto do seu lar. A ideia é que você utilize esse tempo – que pode ser de apenas 15 minutos – para descansar, conversar com seu bebê e, de quebra, ficar mais bonita.
Prepare o ambiente com a luz certa, seu som preferido e aproveite.
Esfoliação
Você pode começar seu ritual com uma esfoliação da pele do corpo, que, além de remover as células mortas, ativa a circulação. Os produtos esfoliantes estão liberados, exceto os que contenham ácidos. No rosto, uma vez por semana é a frequência indicada. No corpo, faça a cada 15 dias ou até mensalmente.
“apenas evite esfoliar os seios,
para não aumentar a sensibilidade da região”
Recomenda Adriana Vilarinho.
Outra dica bacana para melhorar a circulação é escovar o corpo.
“Dá para usar uma escova dessas de sapateiro,
com cerdas macias, e fazer movimentos vigorosos,
de baixo para cima e das extremidades para o centro do corpo,
caprichando nos locais com mais gordura.
Deixe a barriga de fora das escovadas”,
Ensina Kinha Del Mar, terapeuta ayurvédica e professora de ioga para gestantes, do Espaço Paramita, em são Paulo.
Hidratação e auto massagem
Nesta fase da sua vida, a hidratação merece bastante atenção. Depois de um banho com água morna, capriche no uso de cremes e óleos hidratantes e umectantes que contenham na fórmula amêndoa, argan, macadâmia, vitamina E e aloe vera. Nos seios, na barriga, nos quadris, nos flancos e na região lombar, passe o produto mais de uma vez ao dia.
"A hidratação não previne 100% o surgimento de estrias,
mas uma pele bem hidratada tolera mais a distensão"
Esclarece Adriana.
Você também pode aproveitar o momento de passar o creme para fazer uma gostosa auto-massagem. A terapeuta corporal Mari Maruyama, da clínica Luiza Sato, em São Paulo, diz que a gestante deve priorizar a região lombar, geralmente bastante sobrecarregada e dolorida. Com a ajuda do creme, deslize as mãos cerradas em movimentos de vai e vem aliviando a tensão. Ao passar o hidratante nas pernas, faça de baixo para cima, com suavidade, proporcionando uma drenagem linfática.
"Na barriga, deve ser mais um carinho do que uma massagem"
Recomenda.
Cuidados com os cabelos
Suas madeixas provavelmente estão fortes e brilhantes por causa dos hormônios da gravidez, mas não deixe de hidratá-los. A cosmetóloga e hair stylist Cris Dios, de São Paulo, ensina o passo a passo de um tratamento para ser feito em casa a cada 15 dias.
- > Lave os cabelos com xampu neutro, mas sem aplicar o produto diretamente no couro cabeludo. Dilua-o em água, na proporção de um para dois. Faça espuma usando a ponta dos dedos, enxágue e repita a operação.
- > Em seguida, esfolie o couro cabeludo para melhorar a oleosidade e retirar os resíduos. Triture no liquidificador sementes de maracujá ou linhaça e coloque em um condicionador bem leve, com 5 gotas de óleo essencial de capim-limão, que é adstringente. Faça uma massagem suave no couro cabeludo e enxágue muito bem.
- > Retire o excesso de água dos cabelos e aplique sua máscara hidratante preferida, acrescida de 5 gotas de óleo essencial de lavanda ou argan. Passe a mistura mecha por mecha, começando pelas pontas, que são mais ressecadas, mas sem ir até o couro cabeludo. Desembarace os fios e massageie-os até o creme penetrar. Deixe agir por pelo menos cinco minutos.
- > Para aumentar o brilho dos cabelos e tirar o cloro, use água mineral para o último enxágue.
Escalda-pés
Ótima maneira de finalizar o seu ritual de beleza, o escalda-pés ajuda a relaxar e diminui o inchaço e as dores que podem surgir nos pés e nas pernas durante a gestação. A base do escalda-pés é água quente, mais ou menos a 37º C, em uma bacia ou balde, e um pouco de sal grosso. Mas, para tornar ainda mais relaxante esse momento, a terapeuta ayurvédica Kinha Del Mar dá algumas dicas:
- - Inclua algumas gotinhas de óleo essencial de lavanda, que, entre outras propriedades, ajuda a equilibrar o sistema nervoso, aliviar dores de cabeça e diminuir a insônia. Em contato com a água quente, ele vai liberar um perfume delicioso no ambiente.
- - Use, de preferência, um balde, para que você possa mergulhar a perna até os joelhos. No fundo do recipiente, coloque pequenos seixos ou bolinhas de gude para massagear a sola dos pés.
- - Você também pode preparar um chá de camomila usando as flores, ou mesmo o saquinho, e mergulhar as pernas na infusão.
- - Fique no escalda-pés no máximo por 20 minutos. Seque bem os pés e aproveite para hidratá-los. Por fim, evite andar descalça depois para não sentir frio.
Tristeza na gravidez?
Baby blues à vista!
Angustiada? Desanimada? Segundo estudo recente, essa melancolia tem como causa o estilo de vida das gestantes modernas e pode até levar a parto prematuro.
Veja como escapar da zona de risco e viver sua gestação mais saudável e feliz
Você pensa que deveria se manter no auge da felicidade por estar grávida, mas, na prática, a conta não fecha assim. As mudanças no corpo vem em forma de enjoos, de insegurança e de oscilações de humor, nem sempre compreendidas por quem está ao lado. Um terço das grávidas sofre também com transtornos de ansiedade e depressão, segundo estudo realizado na Faculdade de Medicina da USP com 831 mulheres e publicado no Journal of Psychosomatic Obstetrics & Gynecology, no ano passado.
“As alterações hormonais interferem no estado emocional.
É como se os sentidos se exacerbassem
para propiciar um contato maior com o bebê”
Afirma a psicoterapeuta Sâmara Jorge, de São Paulo.
O quadro se torna preocupante quando a sensibilidade vem em forma de choro frequente, desânimo e tristeza. Os sintomas sugerem o pré-baby blues, um estado de melancolia que, se não cuidado, pode causar problemas à mãe e à criança.
“Sempre que a gestante vivencia situações de stress ou angústia,
há redução na quantidade de sangue da placenta,
causada pela vasoconstrição.
Em casos extremos, isso pode levar à ruptura da bolsa,
parto prematuro e causar o baixo peso do bebê”
Explica Alberto d’Áuria, obstetra do Hospital e Maternidade Santa Joana, em São Paulo.
No ano passado, uma pesquisa do Instituto Norueguês de Saúde Pública, em Oslo, com 50 mil mães de idades variadas, revelou os 37 fatores que predispõem a mulher ao blues gestacional. No topo da lista está insatisfação com o parceiro. Depois vem stress no trabalho, falta de suporte emocional e pré-existência de doenças crônicas, como hipertensão e asma. Pedimos a especialistas que listassem as que mais afetam as brasileiras. E entregamos as atitudes para manter a gravidez longe delas.
Investir em cumplicidade
Para os pesquisadores da Noruega, problemas no relacionamento amoroso são a principal causa do blues na gestação.
“De fato, essa é a principal queixa das pacientes
em meu consultório. Por isso enfatizo a necessidade
de haver um comprometimento
do marido no pré-natal”
Diz a ginecologista Daniela Alves da Cruz Gouveia, do Femme Laboratório da Mulher, em São Paulo.
“É importante que os homens participem das consultas,
demonstrem interesse e compreendam
as oscilações de humor da grávida”
Diz. A médica ressalta a importância de manter a vida sexual na ativa.
“A maioria das gestantes vive um recolhimento natural
e experimenta uma queda drástica da libido.
Os maridos, por sua vez, têm uma dinâmica diferente.
Sentem-se abandonados. Por isso,
converso com ambos separadamente para que um entenda
o processo do outro sem se distanciar”
explica d’Áuria.
Para Sâmara, sentir-se acolhida e querida pelo parceiro, mesmo com todas as mudanças que vivencia, dá a tão desejada segurança emocional.
Controle da ansiedade
“Toda grávida, por mais calma que pareça, é ansiosa. É muito comum que sinta, inclusive, uma certa ambivalência no início da gestação, pois, embora esteja feliz, ela fica preocupada, insegura e cheia de medos, teme que o bebê não seja saudável, que haja problemas em seu nascimento e que não consiga ser uma boa mãe”, afirma o ginecologista e palestrante Roberto Cardoso, doutor em ciências pela Unifesp. Procure uma atividade que desvie o foco de sua atenção da gravidez e a deixe relaxada. De scrapbooking a meditação. Vale o que mantiver sua mente desacelerada.
Trabalhar sem ser fominha
A operadora da Bolsa de Valores Erica Mitie Ito, 32 anos, de São Paulo, mãe de Mellissa, 2 anos, teve episódios de blues na gestação em virtude de seu trabalho estressante. “Não tenho uma segunda chance para fechar negócios. O problema é que o ritmo e a atenção ficam lentos na gravidez”, diz. Ela lembra que o comentário grosseiro de um colega certa vez a levou a uma crise de choro. “Precisei ficar 15 dias de repouso no final da gravidez e tive que fazer uma cesárea de emergência, dez dias antes da data prevista.”
O apoio da família foi fundamental nesse momento. Para o ginecologista e obstetra Daniel Klotzel, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e membro fundador do Grupo de Apoio à Maternidade e Paternidade (Gamp), conflitos no trabalho, sobretudo com chefes, podem predispor as gestantes à melancolia. “Essas situações exigem diplomacia. As empresas precisam compreender que elas têm um ritmo diferente e ajudá-las a delegar certas tarefas temporariamente. Se for o caso, o médico deve intervir”, aconselha.
Seguir o pré-natal à risca
Tanto as enfermidades pré-existentes como aquelas que surgem na gravidez, como hipertensão ou diabetes gestacional, podem comprometer o estado emocional da grávida. Isso porque ela tende a se sentir amedrontada de que algo ruim aconteça consigo e com o bebê. “Esse sentimento é mais forte nas mulheres cuja saúde não está tão bem.
Muitas precisam de repouso e não aceitam essa condição, ficando mais depressivas”, diz Cardoso. Para Klotzel, em qualquer gravidez, mas sobretudo em uma gestação de risco, um bom acompanhamento prénatal é fundamental. “Isso não se resume a fazer visitas ao médico, mas inclui a realização de todos os exames necessários, o recebimento de orientações de cuidado pessoal, aconselhamento nutricional e, claro, seguir todas essas orientações corretamente”, avalia.
Ficar de olho na depressão
Quando a gestante tem parentes com histórico de depressão ou já vivenciou a doença, explica Daniela, há mais risco de apresentar o problema na gravidez. “A depressão pode fazer cair a imunidade da paciente, predispondo-a a uma série de infecções e colocando o bebê em risco”, diz. Segundo d’Áuria, toda vez que vivenciamos situações difíceis e estressantes, o organismo consome serotonina, neurotransmissor responsável pela sensação de prazer e bem-estar. Pessoas saudáveis tendem a compensar a perda. As deprimidas deixam o saldo negativo. “Se a paciente já usava algum remédio antidepressivo antes de engravidar, é importante manter a medicação para evitar que o problema se agrave e não gere, inclusive, uma depressão pós-parto. Mas se não usava, nós procuramos outras formas de tratamento menos invasivas, como a prática de exercícios leves e a psicoterapia”, diz.
Contar com os amigos
A gravidez pressupõe um certo recolhimento, explica Sâmara. “Não é à toa que a gestante costuma sentir sono no começo da gravidez. É o corpo se preparando para a nova fase.” O problema é quando, em nome desse recolhimento, ela se afasta demais do convívio social. “Ficar longe dos amigos e até do marido pode piorar o quadro de tristeza”, diz d’Áuria. Embora ressalte a importância de respeitar os sinais que o corpo demonstra, Sâmara recomenda que a gestante encontre espaços para relaxar, descansar, namorar e falar sobre o que está vivenciando com quem confia.
Cortar álcool e cigarro
Quem tem o hábito de fumar ou de beber e para de usar essas substâncias durante a gravidez pode experimentar a síndrome de abstinência, ficando mais angustiada e nervosa. “A falta delas causa uma queda na dopamina, ou seja, aquela falsa sensação de calma ou de alegria que a droga causava não é mais sentida e a mulher tende a se deprimir”, diz Daniela. Muitas vezes, é preciso de apoio psicoterápico para lidar com o problema. Há também os casos em que a paciente não controla a vontade, e acaba sentindo culpa. O ideal seria se livrar do vício antes de engravidar.
Curtir a gravidez-surpresa
Um bebê não programado tende a gerar mais insegurança, o que pode causar episódios de angústia. “Estima- se que 50% das gestações não sejam planejadas, mas isso não significa que não se tornem desejadas durante os nove meses. Na fase de ambivalência, é comum que muitas mulheres vivam sentimentos contraditórios em relação à maternidade. Muitas se consideram jovens demais ou estavam priorizando outros projetos”, diz Sâmara. O apoio que recebem do parceiro e da família pode ajudar a olhar a gestação de uma forma mais positiva”, diz Klotzel.
Maneirar na autocobrança
Segundo Roberto Cardoso, o medo de não ser uma boa mãe é comum, sobretudo antes do primeiro filho. “O desconhecido sempre assusta, mas a mulher tem a gestação toda para se preparar”, afirma. Para Sâmara, o melhor jeito de se tranquilizar é saber que muitas passam por isso e acabam dando conta do recado.
Resolver questões financeiras
Preocupações com dinheiro afetam a saúde mental da grávida, predispondo-a ao blues. “Principalmente quando a mulher assume a gravidez sozinha ou não planejou ser mãe. Mesmo nesses casos, é possível encontrar uma saída se o marido ou pessoas de seu convívio derem apoio”, afirma Klotzel. Também vale recorrer ao banco para negociar o que deve ou pedir um empréstimo e passar o resto da gestação mais aliviada.
Eleger sua atividade física
Claro que a gravidez provoca mudanças no seu corpo. E você sabe disso. Na prática, porém, nem sempre é fácil lidar com os centímetros a mais no quadril, com o tamanho do seios... “Algumas mulheres temem até que o marido não as admire mais, pois não se sentem bonitas ou atraentes como antes. Há até aquelas que se excedem em atividades físicas, se esquecendo de respeitar o próprio ritmo”, diz Sâmara. Se você está com dificuldade de aceitar sua nova forma, vale, sim, praticar uma atividade física. Não com a intenção de emagrecer, mas para se sentir bem e curtir mais sua forma temporária. Praticar exercícios leves, como caminhadas, ioga e hidroginástica, além de seguir uma dieta balanceada, vão fazer você ficar mais tranquila e feliz.
Acompanhe sua Gravidez
Uma sequência de infográficos revela o desenvolvimento do bebê dentro do ventre da mãe, mês a mês.
Acompanhe
1º mês
Começou a jornada.
O óvulo fecundado pelo espermatozoide já subiu as trompas e se instalou no útero. As células , então, se dividiram e originaram o embrião. É dessa estrutura, tão pequena quanto uma sementinha de maçã, que vão se originar os órgãos do bebê.
2º mês
Ele está crescendo rápido. O corpo do embrião adquiriu a forma de um C e agora está mais parecido com um ser humano. Os braços e pernas despontaram , a cabeça esta sendo moldada e o coração bate desde os primeiros dias de vida. outros órgãos , como os intestinos e o pâncreas, estão se desenvolvendo.
3º mês
Os braços e pernas estão mais alongadas, os dedinhos ganharam forma e as unhas começaram a nascer. As pálpebras e a pontinha do nariz agora podem ser vistas no rosto. O futuro do bebê lembra um minúsculo ser humano. essas transformações marcam o inicio do período fetal.
4º mês
Uma fina camada de pelos, chamada lunagem, surgiu para proteger a pele do bebe. com quatro mês de gestação, ele já percebe alterações de luz e consegue diferenciar entre os gostos amargos e doce. Seus órgãos continuam se desenvolvendo e, dentro do útero, ele ensaia os primeiros movimentos.
5º mês
Nas meninas, as trompas e o útero aparecem a partir desse mês. Se for menino, os órgãos genitais externos já podem ser visto durante o exame de ultra-som. Os minúsculos faciais estão ativos e o bebê agora é capaz de franzir a testa, piscar os olhos e chupar o dedo.
6º mês
A pele do bebê recebeu a segunda proteção, a vernix caseosa.
Escorregadia e pegajosa, essa substância evita que o líquido amniótico, onde ele está mergulhado irrite a sua pele, Os lábios e sobrancelhas estão mais visíveis. Já as pontas dos dedos ganharam sulcos que formarão as impressões digitais.
7º mês
A audição está mais aguçada. O bebê percebe melhor os ruídos e vozes que chegam aos seus ouvidos abafados pelo líquido amniótico.
Seus primeiros fios de cabelo estão nascendo, mas a cor poderá mudar depois que ele deixar o útero. Os órgãos continuam sendo aperfeiçoados.
8º mês
Uma camada de gordura se formou sob a pele do bebê. Quando ele nascer, ela ajudará a manter sua temperatura equilibrada.
Seus pulmões estão quase prontos e são exercitados diariamente enquanto ele inspira e expira o líquido amniótico. Os ossos se tornam cada vez mais resistentes.
9º mês
Hora dos ajustes finais. Os órgãos estão prontos e o bebê está mais rechonchudo. Seus cotovelos e joelhos agora formam covinhas. A pele perdeu camadas como o lanugem e a vernix caseosa responsáveis por protegê-la. É um sinal de que ele está pronto para deixar o conforto do útero materno.
Gravidez, lordose e evolução… curvinhas que fazem a diferença.
Conselho para os homens: da próxima vez que virem uma mulher grávida se inclinando para aliviar o peso de sua barriga agradeçam, nós teríamos problemas bem maiores para dar conta de uma gestação.
Em um artigo na revista Nature pesquisadores relataram que a coluna vertebral das mulheres evoluiu de modo a fornecer mais suporte do que a coluna vertebral masculina, provavelmente devido ao esforço-extra durante a gravidez.
Essa observação vale tanto para vocês, mocinhas faceiras, como para as fêmeas de Australopithecus que viviam há mais de 2 milhões de anos, como foi observado em dois fósseis nesse mesmo estudo.
Australopithecus “normal” em a e grávida em b |
Sem esse suporte adicional os músculos das costas precisariam fazer muito mais força para manter a postura ereta. Ao longo dos 9 meses de gestação, todo esse esforço poderia levar a fadiga muscular e eventuais lesões.
Diferenças entre a mulher “normal” em c e grávida em d e e |
Quando nossos ancestrais passaram a andar em duas pernas vários ajustes no esqueleto foram necessários. Nossas vértebras aumentaram em número e largura dando maior suporte a parte superior do corpo e a coluna tornou-se curva na porção inferior das costas de modo a manter os ombros para trás, movendo o centro de massa do corpo acima dos quadris.
Sabem aquela curvinha na base da coluna das mulheres que chama tanto a atenção masculina? Ela tem seus méritos na seleção da melhor postura para garantir uma gestação saudável.
O peso extra da gravidez muda novamente o centro de massa do corpo para a frente (como acontece quando se anda em quatro pernas) fazendo com que uma mulher seja, em teoria, mais propensa a “cair” para a frente. Assim, os cientistas demonstraram que as mulheres grávidas trazem seu centro de massa de volta aos seus quadris inclinando-se para trás, aumentando a curvatura na base de sua espinha.
Ao medirem o centro de massa de 19 mulheres grávidas, eles descobriram que elas se inclinavam para trás até 28 graus além da curvatura normal da coluna, diminuindo o esforço de torção (ou torque) que o peso do bebê cria em volta do quadril em até oito vezes!
No entanto, essa maior inclinação pode produzir maior stress na espinha: as vértebras são mais propensas a atritar umas às outras, levando a dores nas costas ou mesmo fraturas.
Os autores também observaram que a coluna vertebral feminina possui várias características que ajudam a prevenir esse tipo de dano. Enquanto a curvatura inferior da coluna vertebral masculina é formada por 2 vértebras (L4 e L5 no desenho da esquerda), no caso das mulheres temos 3 vértebras (L3, L4 e L5 no desenho da direita), o que ajuda a distribuir a tensão em uma área maior.
Ainda, ocorrem articulações especializadas atrás do cordão espinhal 14% maiores em relação às vértebras masculinas, sugerindo adaptações para resistir a forças superiores. Essas articulações também estão orientadas num ângulo diferente, permitindo maior proteção para as vértebras.
Todos esses fatores fazem com que as mulheres sejam, sem dúvida, mais adaptadas para carregar um bebê. Essas mesmas diferenças encontradas entre machos e fêmeas de Australopithecus certamente foram muito importantes quando o modo de vida era baseado em rotinas de coleta, caça, e, eventualmente, fugindo para não virar comida de predadores maiores ou mais perigosos.
Imagine correr de um lobo, por exemplo, carregando um peso de até sete quilos que ainda te deixa desequilibrado?
É… a vida das mulheres nunca foi fácil. Faz você repensar todas as vezes em que sua mãe te disse “te carreguei por nove meses, seu ingrato!”…