Presidente norte-americano anunciou quatro ações executivas para endurecer o controle da compra e venda de armas, contornando a oposição do congresso norte-americano nesta matéria. “Não estamos aqui para discutir o último massacre, mas para tentar evitar o próximo”, sublinhou Obama, que foi vocacionado.
Não é a primeira vez que se emociona ao falar no assunto, mas pela primeira vez Barack Obama deixou que as lágrimas caíssem enquanto recordava as crianças que morreram no massacre de Newtown. Aconteceu esta terça-feira de tarde durante a muito aguardada intervenção do presidente norte-americano para anunciar que medidas decidiu adotar para endurecer o controle da compra e venda de armas no país.
Precedido na sua declaração pelo pai de Daniel, um menino de sete anos assassinado em Newtown em dezembro de 2012, e acompanhado de outros familiares de vítimas e sobreviventes de outros ataques - também sentados entre quem assistia à sua intervenção -, Obama deixou várias críticas ao congresso e pediu o apoio de “todos” para que se possa “ir mais longe”. “Não estamos aqui para discutir o último massacre, mas para tentar evitar o próximo”, afirmou, antes de enumerar as quatro ações executivas que visam contornar a falta de ação do congresso nesta matéria.
A primeira dessas medidas - que os media já antecipavam - obriga a que “todos os envolvidos no negócio” tenham de estar licenciados para o efeito e efetuem a revisão dos antecedentes dos potenciais compradores. “Se alguém passar na análise dos antecedentes, pode comprar uma arma”, resumiu o presidente, que garantiu que nenhuma das novas regras põe em causa a segunda emenda da Constituição do país, que salvaguarda o direito de posse de armas.
Obama continuou justificando que é preciso garantir que nenhuma transação escape ao controlo, seja na internet seja em feiras ou ambientes informais. E manifestou a intenção de modernizar o próprio sistema de controlo dos antecedentes, tornando-o “mais moderno e eficiente”.
Reforçar a fiscalização das leis já existentes, impedir que as armas caiam nas mãos de pessoas com doenças mentais e promover o desenvolvimento de armas mais seguras foram outras das medidas anunciadas. “Se uma criança não consegue abrir uma garrafa que tem uma tampa de segurança, temos de conseguir assegurar que não consegue disparar uma arma.”
Barack Obama lembrou que nos Estados Unidos mais de 30 mil pessoas morrem todos os anos em incidentes com armas de fogo, sejam ataques indiscriminados, suicídios ou acidentes. E apelou aos próprios vendedores e retalhistas para se unirem aos esforços para tornar mais seguro o seu negócio.
Um dia depois de se ter reunido na Casa Branca com a procuradora-geral do país, Loretta Lynch, e com o diretor do FBI, James Comey, Obama deixou a certeza de que será preciso “fazer mais”, mas mostrou-se convicto de que “não se pode esperar”. “Talvez o congresso esteja refém do lobi das armas, mas os norte-americanos não estão”, sublinhou Obama, numa passagem longamente ovacionada.