Um procedimento médico relativamente novo, chamado de transplante fecal, está superando os antibióticos na luta contra infecções graves.
Os médicos coletam uma amostra de fezes de uma pessoa saudável, a congela, bate ela em um liquidificador até ficar líquido e, em seguida, insere o material pastoso no intestino de uma pessoa doente novamente por um tubo através do nariz ou através do reto.
O método, que coloniza o intestino com bactérias saudáveis, tem uma taxa de sucesso de 85% contra infecções com risco de vida, tais como Clostridium, em comparação com apenas 20% pelo tratamento antibiótico padrão.
Reguladores federais ao redor do mundo ainda estão relutando pela decisão do uso de transplantes fecais, mas algumas clínicas já estão oferecendo declaradamente o procedimento.
Um relatório publicado no British Medical Journal (BMJ) diz que ensaios e acompanhamento a longo prazo são urgentemente necessários para fornecer conselhos sensatos para os pacientes. No entanto, até o momento, poucos efeitos adversos foram relatados, após mais de 7.000 transplantes, que parecem relativamente seguros para pacientes idosos e aqueles com sistemas imunológicos prejudicados, diz Tim Spector, do King’s College de Londres, na Inglaterra, e Rob Knight, da Universidade da Califórnia San Diego, EUA.
Mais de 500 centros dos EUA já oferecem o transplante fecal, com a maioria usando doações congeladas desde a organização do banco de fezes, em Boston. O órgão regulador do Reino Unido (MRHA) classificou - temporariamente - os transplantes fecais como uma forma de medicamento.
O procedimento também está sendo testado em outras condições, incluindo obesidade, diabetes, síndrome do intestino irritável e colite. No entanto, Spector e Knight dizem que alegações de que o transplante fecal poderia ser uma panaceia para várias doenças são, provavelmente, muito otimistas. É importante lembrar que também há riscos de infecção, e a transferência de micróbios para um novo hospedeiro poderia incluir a transferência de predisposição a obesidade e até mesmo doença mental.
"Estes riscos possíveis sugerem que o transplante fecal,
embora seja uma nova ferramenta emocionante,
devem ser cuidadosamente monitorados e refinados,
incluindo a maioria dos principais micróbios benéficos"
Escreveram os pesquisadores no BMJ.