O ano de 2015 foi promissor no sentido de explorar o espaço. As agências espaciais conseguiram pousar uma sonda em um cometa distante, coletaram as imagens mais detalhados de Plutão, com uma proximidade jamais alcançada; trouxeram foguetes de volta à Terra em segurança, com eles aterrissando na posição vertical, e enviaram o primeiro astronauta britânico para a Estação Espacial Internacional - ISS.
Tudo isso revigorou a corrida espacial.
Segundo o professor David Rothery, um geocientista planetário na The Open Univeristy, no Reino Unido:
“Em termos de descobertas,
acho que este próximo ano não será tão incrível
quanto o ano passado”.
Porém, quais serão as missões espaciais mais esperadas deste ano?
Conheça agora:
Marte
O planeta vermelho, novamente, será o centro das atenções dos astrônomos, há diversas missões programadas ao planeta.
Os dados recolhidos poderiam ajudar a estabelecer bases locais e avaliar a importância e a validade de futuras missões tripuladas.
A Agência Espacial Europeia, por exemplo, está se preparando para o programa ExoMars, que acontecerá em outubro.
A missão tem como objetivo detectar metano e outros gases atmosféricos em Marte, que poderiam indicar atividade biológica.
O professor Andrew Coates, um cientista planetário da UniversidadeCollege London, explicou:
“O metano na atmosfera de Marte é muito interessante,
pois não deveria estar lá,
ele deveria ser quebrado pela luz solar.
Por isso, o fato dele estar lá significa
que deve existir alguma atividade geotérmica.
Isso é interessante, pois não sabíamos
desta atividade de Marte, que pode representar a vida”.
Como outro projeto de pesquisa, a NASA tem contribuído com o Trace Gas Orbiter, projetado para detectar metano.
A agência russa Roscosmos forneceu a sonda planetária Schiaparelli, que será lançada em março.
A sonda da NASA, InSight, tinha a esperança de superar a missão europeia na superfície marciana, com uma data de chegada prevista para o final de setembro. No entanto, em dezembro, um vazamento foi encontrado em um dos tubos de vácuo da sonda e sua decolagem fracassou.
A NASA não revelou a nova data da missão.
Cinturão de asteroides
No final de 2015, a sonda Dawn, da NASA, enviou imagens próximas de Ceres, o maior objeto presente no cinturão de asteroides rochosos. Orbitando entre Marte e Júpiter, esta pedra menos conhecida revelou ter montanhas, crateras e depósitos brilhantes de sal.
A demonstração aérea mais próxima pode ter acontecido em outubro de 2015, porém, mais imagens serão transmitidas para a Terra ao longo de 2016.
A novidade para este ano será a missão OSIRIS-Rex, da NASA, que vai pousar em um asteroide chamado Bennu, mapear e analisar a rocha espacial antes de trazer uma amostra à Terra, em 2023.
Enquanto isso, em outros corpos rochosos da vizinhança, a missão europeia Rosetta fez muito sucesso no ano passado, após a sonda Philae pousar no Cometa 67-P.
No entanto, após ficar sem comunicação por um tempo, ela parece ter “acordado”. Rosetta seguirá com a missão em 67-P em setembro.
Júpiter
A missão New Frontiers, da NASA, lançou Juno, em 2011, para que chegue em Júpiter próximo a 5 de julho, onde irá entrar na órbita do gigante de gás. O objetivo é coletar novos dados sobre as origens do maior planeta do sistema solar. Porém, de acordo com a NASA, devido à intensa radiação emitida por Júpiter, a missão pode receber uma dosagem crítica, rapidamente, com duração de apenas 30 órbitas do planeta.
Com alguma sorte, ele irá enviar imagens da aurora de Júpiter, bem como uma da atmosfera mais profunda, escondida pelas nuvens, usando medições de gravidade para revelar detalhes sobre o núcleo do planeta.
Outras missões pretendem explorar as luas congeladas de Júpiter, incluindo as três maiores: Ganimedes, Calisto e Europa.
Saturno
A sonda Cassini continua explorando a atmosfera de Saturno. Após enviar dados fundamentais sobre a Lua Enceladus, uma das candidatas para a vida microbiana no Sistema Solar, a sonda da NASA continuará realizando sobrevoos a algumas das luas menores do planeta. A missão irá continuar ao longo de 2016, culminando em uma aproximação da superfície de Saturno prevista para o próximo ano.
Lua
A exploração lunar da agência espacial chinesa, Chang’e 3, e sua sonda Jade Rabbit (Yutu), acabaram de completar dois anos na superfície lunar. No entanto, a tecnologia já teria ultrapassado a sua expectativa de vida e não se sabe quanto tempo pode durar antes que a luz-piloto se apague.
Enquanto isso, os planos da Rússia de criar uma base lunar permanente foram postergados. De acordo com o jornal russo Izvestia, a agência espacial está sujeita a cortes orçamentais, por conta da próxima missão lunar tripulada da Roscosmos, adiada para 2030. Relatórios têm afirmado que Roscosmos poderá ser relançada como uma empresa estatal, e parece estar pronta para competir com a SpaceX na categoria “voos espaciais tripulados”, ainda este ano.
Porém, como as missões espaciais provenientes da China são mantidas como segredo de Estado, surpresas poderiam acontecer. “Os chineses estão aterrissando grandes trens de pouso na Lua, quem sabe quando eles vão mandar algo para coletar amostras?! Uma vez que tenham feito isso, eles poderiam mandar pessoas para lá. Minha previsão seria que nos próximos dois anos, poderíamos ver astronautas chineses na Lua”, opinou o professor Rothery.
Plutão
Plutão nunca foi tão falando quanto em 2015, quando a maior aproximação da história ao planeta-anão rendeu imagens exclusivas e surpreendentes de sua superfície. Tudo isso graças a sonda New Horizon. Porém, embora a sonda tenha alcançado feitos históricos, ela continuará enviando imagens de Plutão por meses, inclusive algumas mais antigas, devido à distância em que ela está. A próxima parada da New Horizons será 2014 MU69, um corpo rochoso localizado 35 km a frente do Cinturão de Kuiper.
Sol
A atividade solar já desacelerou muito na última década, pois o Sol já passou de seu pico de atividade no ciclo atual de 11 anos. No entanto, os cientistas alertam para o aumento do potencial de enormes tempestades solares que poderiam enviar rajadas de partículas carregadas e radiação ao longo de 2016.
“É um momento em que qualquer atividade no sol
pode realmente afetar o que acontece na Terra,
com tempestades geomagnéticas mais fortes”,
Explicou o professor Andrew Coates, um cientista planetário da Universidade College London.
“Quando o sol emite uma dessas grandes ejeções
de massa coronal, há uma chance de interagir
com o campo magnético da Terra.
Essas interações podem tornar-se
mais intensas durante a fase de declínio”,
Completou.
Muitos satélites estão em condições de estimar o tempo solar até 2016, incluindo o Soho, da NASA. Eles analisam mudanças na superfície do Sol e a intensidade do vento solar, enviando os dados para a base de estudos, na Terra.
Mercúrio
Cientistas planetários aguardam uma missão conjunta entre a Agência Espacial Europeia - ESA e a Agência Espacial Jaxa, do Japão, que pretende explorar o planeta mais próximo do Sol, em nosso Sistema Solar.
Mas eles talvez tenham que esperar um pouco mais. Uma das maiores missões que está por vir, a BepiColombo, irá explorar a composição e a atmosfera de Mercúrio. Apesar da familiaridade do planeta, ele é um dos menos explorados, incluindo apenas alguns sobrevoos e um único veículo orbital.
O lançamento havia sido programado para julho, mas problemas na produção de componentes para a missão adiaram o projeto para o final de 2016 ou começo de janeiro de 2017. BepiColombo deve chegar a Mercúrio até 2024 e as agências espaciais acreditam que os dados irão auxiliar com informações de sua história e da formação de planetas interiores do Sistema Solar, como Mercúrio, Vênus e Terra.
Vênus
O boletim meteorológico de Vênus permanece nublado, e 2016 pode ser relativamente calmo em relação aos demais planetas do Sistema Solar. Mas nem tudo é marasmo: a sonda japonesa Akatsuki finalmente entrou na órbita de Vênus em dezembro, após o início da missão, em 2010.
Enquanto o planeta é visto como irmão da Terra, ele é consideravelmente menos hospitaleiro. A sonda Jaxa irá usar sensores infravermelhos, este ano, para analisar algo através do véu de nuvens compostas de ácido sulfúrico e capturar dados sobre a superfície do planeta.
A NASA também está considerando mais duas missões para explorar sua atmosfera, mas ainda não foram confirmadas.
Terra
Antes de qualquer viagem mundo afora, existem várias missões ocorrendo para explorar a própria Terra.
Em 2015, foguetes da SpaceX e Blue Origin conseguiram pousar na posição vertical após voos curtos, empolgando cientistas sobre a possibilidade da realização de turismo espacial, criação de bases lunares e cidades em Marte, de acordo com empresas aeroespaciais.
A tecnologia de foguete recuperável poderia reduzir drasticamente o custo de missões espaciais.
Tim Peake, atualmente na estação espacial, pode retornar à Terra em 5 de junho. No entanto, o futuro financiamento da estação espacial está sendo questionado.
As agências espaciais alemã e francesa, que são os maiores financiadores europeus da estação espacial, anunciaram este mês que eles estão realizando estudos detalhados para avaliar as despesas de funcionamento da estação, avaliando se o atual nível de financiamento é viável.
Outros vários satélites estão prestes a ser lançados este ano, assim como diversos planos para a criação de soluções para enfrentar o crescente problema do lixo espacial na órbita da Terra.
Urano e Netuno
Já se passaram 30 anos desde que a Voyager passou por eles. Não existem missões previstas para analisar estes planetas.
Descobrimentos
Após vários anúncios no início deste mês, tudo indica que, em 2016, os astrônomos vão tentar confirmar se existe um nono planeta escondido na borda do nosso sistema planetário.
Cientistas na Califórnia acreditam que tenham encontrado um planeta com dez vezes a massa da Terra, além de Netuno, o que poderia explicar a atração de corpos gelados no cinturão de Kuiper.
Mas ele ainda precisa ser observado.
A nave espacial Voyager está, atualmente a mais de 130 vezes a distância da Terra ao Sol (medida como “unidade astronômica” ou AU).
Professor Coates disse, em entrevista ao portal Daily Mail:
“A Voyager 1 está provando a região do espaço
fora daqui, medindo os campos magnéticos,
partículas energéticas, partículas de baixa energia,
realmente mostrando a fronteira entre o Sistema Solar
e o espaço interestelar”.
No entanto, a nossa sonda mais distante da borda real do Sistema Solar, encontra-se na Nuvem de Oort.
“Voyager 1 está atualmente a 134 UA de distância.
A Nuvem de Oort está a algo como 10 mil UA.
O Sistema Solar é muito grande,
o espaço é muito grande,
e por isso estamos realmente olhando
apenas para as coisas mais próximas
de nosso ambiente”,
concluiu o professor Coates.