Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa que investiga irregularidades na Petrobras, também disse que "corrupção é um crime muito difícil de ser provado."
Chefe da força-tarefa do Ministério Publico na operação Lava Jato, o procurador Deltan Dallagnol explicou nesta quinta-feira, 27, em entrevista ao canal GloboNews, a ampliação das investigações, que inicialmente não eram tão abrangentes. Dallagnol disse que "corrupção é um crime muito difícil de ser provado" e que a apuração da Lava Jato abriu uma "janela de oportunidade" que não podia ser perdida.
Segundo o procurador, a chegada a políticos e agentes públicos só foi possível graças a uma conjunção de fatores, entre os quais estão as delações premiadas, ou colaborações, como o integrante do MP prefere chamar. Ele ressalta que a palavra delator tem uma conotação negativa. "(Os delatores) São pessoas que viviam a cultura do crime e que mudaram de lado", disse Dallagnol.
O chefe da força-tarefa chamou de "furada" a tese da defesa das empreiteiras de que havia extorsão de agentes públicos sobre as empresas. Para ele, o esquema se manteve por muitos anos porque era lucrativo para todas as partes.
Dallagnol cobrou o endurecimento das penas para corrupção no Brasil e chamou a punição atual de "piada de mau gosto". Para ele, o parâmetro para punição de corrupção deve ser as penas de homicídio. "Quem rouba milhões, mata milhões", afirmou.
O procurador demonstrou temer que a punição aplicada às grandes empresas seja branda demais e passe ideia de impunidade. Antes de terminar a entrevista à jornalista Miriam Leitão, o procurador demonstrou otimismo com o avanço do combate à corrupção no Brasil.
"A hora é agora. Existe uma luz, mas temos que fazer nossa parte. Se queremos transformar o País, o legado da Lava Jato deve ser as mudanças que o ministério publico propôs", disse, defendendo o pacote anticorrupção lançado pelo MP na semana passada.