Aplicativo para celular é ferramenta para evitar atropelamento de animais
A cada ano, 475 milhões de animais selvagens morrem atropelados nas estradas brasileiras, 15 por segundo. Para tentar frear essa estatística, pesquisadores do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas - CBEE, sediado na Universidade Federal de Lavras - Ufla, no Sul de Minas, criaram o Urubu Mobile.
O aplicativo gratuito para celular, que já foi baixado mais de mil vezes em menos de um mês, faz parte de um sistema para receber fotos e informações de animais selvagens atropelados em todo o país.
Ao se envolver ou perceber um acidente, o usuário cadastrado envia as informações, que integrarão o Banco de Dados Brasileiro de Atropelamento de Fauna Selvagem - Bafs.
O objetivo é mapear as áreas onde ocorrem mais atropelamentos, incrementar pesquisas e incentivar a formação de políticas públicas para as estradas.
“Com dados mais completos,
poderemos sugerir ao governo a construção de passagens de fauna, telamentos nas margens das rodovias,
instalação de túneis,
passagens aéreas para espécies que se deslocam pelas árvores
(como os macacos)
e ajudar no planejamento de novas rodovias
fora de áreas com grande probabilidade de atropelamentos”
detalha Alex Bager, coordenador do CBEE.
FERRAMENTA
A ideia é receber dados referentes apenas a animais selvagens. Ou seja, não adianta mandar fotos de cães, galinhas ou cavalos mortos.
Lançado em 11 de abril e disponível somente para Android, o Urubu Mobile já tem 700 pessoas cadastradas aptas a mandar informações.
A equipe já recebeu 75 fotos, a maioria de animais de grande porte atropelados, como tamanduá-bandeira, gambás e cobras.
“Nem todas as pessoas percebem
ou dão importância a bichos pequenos mortos na estrada,
como sapos”,
completa Bager.
A bióloga Clarice Vasconcelos, de 42 anos, enviou dados sobre um cachorro-do-mato morto atropelado na BR-251, em Unaí-MG, na região Noroeste de Minas.
“Tenho interesse em amenizar esse massacre de animais
que ocorre nas estradas”,
diz Clarice Vasconcelos.
Outra intenção dos pesquisadores é divulgar o aplicativo a caminhoneiros, empresas de transporte e cooperativas para elevar o número de dados coletados e, em até dois anos, ter milhares de parceiros para colaborar com o planejamento de conservação da fauna brasileira.