Após reunião, PSC decide manter Marco Feliciano na presidência da Comissão de Direitos Humanos
Ele fica: Após reunião, PSC decide manter Marco Feliciano na presidência da Comissão de Direitos Humanos. Deputado é “ficha limpa” e “tem todas prerrogativas para estar na presidência”, diz partido.
Depois de o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Alves (PMDB-RN), dar um ultimato para o PSC encontrar uma solução para a presidência da Comissão de Direitos Humanos, o partido anunciou nesta terça-feira (26) que Marco Feliciano (PSC-SP) vai continuar na presidência do órgão.
Na última semana, Feliciano enfrentou mais manifestações contrárias à sua permanência no comando da comissão e até abandonou uma sessão porque se irritou com os protestos. Mesmo assim, o vice-presidente nacional do PSC, pastor Everaldo Pereira, informou hoje que Feliciano não vai renunciar.
— O deputado Feliciano já se desculpou por colocações mal feitas. Qualquer um pode deslizar nas palavras, pode errar. Informamos aos senhores e senhoras que o PSC não abre mão da indicação feita pelo partido. Avaliza e repito: não abre mão da indicação feita.
Pereira lembrou que o deputado Marco Feliciano “foi eleito pela maioria dos membros da comissão” e que não tem antecedentes que o comprometem para explicar uma eventual renúncia.
— Feliciano é um deputado ficha limpa, tendo todas as prerrogativas para estar na presidência da comissão de Direitos Humanos e Minorias.
Antes da reunião, Feliciano chegou sorridente ao encontro e, questionado se hoje era o "Dia do Fico", o deputado respondeu com ironia.
— É só olhar no meu rosto.
O líder do PSC na Câmara, André Moura (SE), afirmou antes do encontro que a solução poderia não sair hoje por conta da "pressão".
— Na base da pressão podemos não resolver isso hoje.
Compreensão
Pereira pediu a compreensão e respeito dos líderes de outros partidos e lembrou o apoio à presidente Dilma Rousseff nas eleições, "mesmo diante das declarações de que ela não sabia se acreditava em Deus e que não era contra o aborto".
— O PSC apoiou a presidente Dilma, sem discriminá-la, por pensar diferente de nós. O PSC é um partido que não segrega, não exclui, não discrimina ninguém. Marco Feliciano não é racista, nem homofóbico, entendemos assim. O PSC e os seus representantes não são racistas, nem homofóbicos, não discriminamos ninguém.
Cotada para lugar de Feliciano é acusada de comprar votos
O vice-presidente do partido disse ainda que espera uma ação respeitosa das pessoas que têm ideias divergentes porque "democracia não é grito, nem ditadura".
— Respeitamos e queremos que nos respeitem. Um exemplo disso é que a presidente Dilma colocou na Secretaria de Políticas para as Mulheres a senhora Eleonora Menicucci, que defende o aborto. Nós protestamos, mas não fomos lá xingar a ministra. Protestamos porque temos o direito de expor nossa opinião, mas respeitosamente.
Silêncio
Feliciano deixou a reunião pouco depois dos líderes do partido e não quis dar entrevista. Na próxima quarta-feira (27) a Comissão de Direitos Humanos se reúne novamente, às 14 hs.
Anistia Internacional pede substituição de Feliciano
Em nota, ela diz que "direitos fundamentais não devem ser objeto de barganha política"
A Anistia Internacional publicou, nesta sexta-feira (25), nota oficial dizendo estar "preocupada" com a permanência do deputado Marco Feliciano (PSC-SP) na Presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. O comunicado diz, também, que é ele é "inaceitável" para presidência da comissão.
A nota diz que "é essencial" que os integrantes da comissão "sejam pessoas comprometidas com os direitos humanos e possuam trajetórias públicas reconhecidas pelo compromisso com a luta contra discriminações e violações que continuam a fazer parte do cotidiano da sociedade brasileira".
O comunicado diz que Feliciano tem "posições claramente discriminatórias em relação à população negra, LGBT e mulheres".
Para a Anistia Internacional os "direitos fundamentais não devem ser objeto de barganha política".
A nota diz que a situação "é grave" e termina afirmando que "espera que os(as) parlamentares brasileiros(as) reconheçam o grave equívoco cometido com a indicação do deputado Feliciano e tomem imediatamente as medidas necessárias à sua substituição".
Leia abaixo a nota oficial
"A Anistia Internacional vem a público expressar sua preocupação com a permanência do Deputado Marco Feliciano na Presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, mesmo após enorme mobilização de diferentes setores da sociedade brasileira, especialmente daqueles ligados às lutas pelos direitos de populações tradicionalmente vítimas de intolerância e violência, solicitando a sua substituição.
A Comissão de Direitos Humanos é uma instância fundamental para a efetivação das garantias de cidadania estabelecidas na Constituição. É essencial que seus integrantes sejam pessoas comprometidas com os direitos humanos e possuam trajetórias públicas reconhecidas pelo compromisso com a luta contra discriminações e violações que continuam a fazer parte do cotidiano da sociedade brasileira.
As posições claramente discriminatórias em relação à população negra, LGBT e mulheres, expressas em diferentes ocasiões pelo deputado Marco Feliciano, o tornam uma escolha inaceitável para a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Proteção de Minorias. É grave que tenha sido alçado ao posto a despeito de intensa mobilização da sociedade em repúdio a seu nome.
A Anistia Internacional espera que os(as) parlamentares brasileiros(as) reconheçam o grave equívoco cometido com a indicação do Deputado Feliciano e tomem imediatamente as medidas necessárias à sua substituição. Direitos fundamentais não devem ser objeto de barganha política ou sacrificados em acordos partidários."
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