>>> A CHACINA DE UNAÍ <<<
"Assassinato dos Auditores fiscais do Trabalho em Unaí-MG"
XII
2013
Agosto
Dia: 130828
Réu delator aponta Norberto Manica como mandante da chacina de Unaí
Hugo Pimenta foi ouvido como informante no segundo dia de julgamento.
Ele é um dos acusados de homicídio do crime no Noroeste de Minas.
O segundo dia de julgamento de três dos oito réus no crime conhecido como a chacina de Unaí, no Noroeste de Minas Gerais, foi marcado pelo depoimento de Hugo Pimenta, que também é réu, mas falou nesta quarta-feira (28) na condição de informante. Ele afirmou que Norberto Manica é o mandante do crime.
Nesta primeira fase, são julgados Rogério Alan Rocha Rios, William Gomes de Miranda e Erinaldo de Vasconcelos Silva pelos crimes de homicídio qualificado e formação de quadrilha. Erinaldo também responde por receptação. De acordo com a Justiça, os três atualmente estão presos. A juíza Raquel Vasconcelos Alves de Lima, da 9ª Vara da Justiça Federal em Minas Gerais, preside o júri em Belo Horizonte.
Os irmãos Antero e Norberto Manica, fazendeiros na região de Unaí, são acusados de serem os mandantes das mortes de três auditores fiscais – Nélson José da Silva, João Batista Soares Lage, Eratóstenes de Almeida Gonçalves – e do motorista do Ministério do Trabalho Aílton Pereira de Oliveira em janeiro de 2004. Os servidores investigavam uma denúncia de trabalho escravo quando foram assassinados em uma emboscada.
Durante o depoimento, Hugo Pimenta disse que presenciou a troca de ligações em que foi dada a ordem de matar as vítimas. Pimenta não falou quais foram os valores oferecidos aos três acusados de serem os assassinos. Mas disse que, posteriormente, Norberto ofereceu R$ 300 mil ao Erinaldo para que ele assumisse o crime de latrocínio e R$ 200 mil para o Rogério Alan, para ele “se virar”, como disse Pimenta em depoimento.
O informante contou também que possui uma gravação, na qual Norberto disse que não iria pagar o prometido a Erinaldo e Rogério Alan. Ele falou que a gravação foi entregue ao Ministério Público Federal (MPF) e que a prova está nos autos. A procuradora Mirian Lima confirmou a existência da gravação. Em entrevista, o advogado de Norberto, Alaor de Almeida Castro, disse que desconhece o áudio. "Duvido que a gravação exista", afirmou.
Durante o depoimento, Pimenta disse que prefere falar de Antero Manica em outro momento. Segundo o advogado de Pimenta, Lúcio Adolfo, essa opção foi uma estratégia da defesa. Entretanto, em entrevista à imprensa, o defensor afirmou que “existem elementos, sim, que apontam para o Antero. Eles são mais frágeis do que os elementos que existem com relação ao Norberto”.
Perguntado sobre a situação de Antero, o advogado do réu, Marcelo Leonardo, disse que “se as pessoas foram justas e honestas, não o citam, porque ele não tem envolvimento neste caso”.
Já o defensor de Norberto, Alaor de Almeida Castro, disse que Hugo Pimenta não trouxe nada de novo com seu depoimento. “Ele reinterpreta os fatos. Sai da posição de corréu para virar um anjo do processo. Isso não é delação”, disse. Alaor afirmou que o depoimento de Hugo Pimenta traz uma dificuldade maior para a defesa do Norberto. Porém, o advogado não acredita que seu cliente vá ser condenado.
Nesta quarta-feira (28), outras testemunhas de acusação e de defesa foram ouvidas. Durante a noite, as oitivas prosseguiam no plenário e a próxima fase seria a apresentação de vídeos e partes do processo. A previsão é que a sessão seja reiniciada, nesta quinta-feira (29), com o interrogatório dos réus.
O crime
A chacina de Unaí aconteceu em janeiro de 2004. Quatro funcionários do Ministério do Trabalho – três auditores fiscais, Nélson José da Silva, João Batista Soares Lage, Eratóstenes de Almeida Gonçalves, e o motorista Aílton Pereira de Oliveira – foram mortos em uma emboscada quando investigavam uma denúncia de trabalho escravo em fazendas da região de Unaí. Nove pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público Federal.
Um dos réus, Francisco Elder Pinheiro, acusado de contratar os matadores, morreu no dia 7 de janeiro de 2013. Com isso, o processo passou a ter oito réus. No dia 17 de setembro, devem ir a júri os acusados de ser, respectivamente, mandante e intermediários: Norberto Manica. Hugo Pimenta e José Alberto de Carvalho.
Segundo o Ministério Público Federal, o julgamento do fazendeiro Antero Manica, irmão de Norberto e que foi pronunciado pela Justiça também como mandante dos crimes, ainda não foi marcado. O MPF informou também que o crime de favorecimento pessoal pelo qual respondia o réu Humberto Ribeiro dos Santos já prescreveu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Respeite opiniões! Identifique-se com Nome e Localidade!
Obrigado.