Lagarta (Helicoverpa Armigera)
coloca Minas em estado de emergência
Oitenta e oito municípios mineiros produtores de milho, soja e algodão foram colocados em estado de emergência fitossanitária em decorrência da proliferação da lagarta da espécie (Helicoverpa Armigera). A praga já havia causado estragos na safra 2012/2013 e agora ataca as plantações ainda jovens da safra 2013/2014, que foi semeada entre setembro e outubro, o que aumenta o potencial de prejuízo.
Na edição de 28 de março, o Hoje em Dia alertou sobre a chegada da praga ao Estado, que na Bahia havia causado prejuízo estimado em R$ 1 bilhão. Nesta quarta-feira, o Ministério da Agricultura decretou o estado de emergência fitossanitária, permitindo a importação de inseticidas que combatem a lagarta.
Não existem no mercado nacional defensivos agrícolas capazes de controlar a multiplicação da praga após a lagarta atingir a fase adulta. Mesmo os produtos importados nunca foram testados em solo nacional, o que dificulta o restabelecimento da normalidade no campo, uma vez que o uso do inseticida deverá ser monitorado.
Na última safra, a Associação Mineira dos Produtores de Algodão de Patos de Minas - MG (AMIPA) calculou prejuízo de R$ 20 milhões, ou 10% do volume produzido.
A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais - FAEMG, alerta que, além da cultura de milho, soja e algodão, foi constatada a presença da praga também nas lavouras de feijão e indícios nas plantações de tomate.
A coordenadora da assessoria técnica da entidade, Aline Veloso, acredita que os danos na safra atual serão maiores do que na passada.
“Como já infestaram as plantações no início da lavoura,
vão comprometer o desenvolvimento da planta,
da flor e do fruto.
Ainda não há como mensurar o prejuízo,
mas a situação agora é bem mais crítica”,
Disse.
A necessidade de importação de defensivos com o benzoato de emamectina, substância testada e aprovada no combate a essa espécie de lagarta em outros países, como a Austrália, vai onerar os produtores.
“Já é considerado um produto caro.
Como a demanda será grande e o dólar está valorizado,
terá um custo elevado”,
afirmou Aline Veloso.
O Instituto Mineiro de Agropecuária - IMA, informou que está detalhando junto aos produtores um plano de ação de combate à lagarta que deverá ser divulgado na sexta-feira (131129).
Proliferação da praga
Os 88 municípios em estado de emergência estão, em sua maioria, nas regiões do Alto Paranaíba, Triângulo Mineiro, Noroeste e Sul de Minas. No site do Ministério da Agricultura, produtores podem acessar um plano de ação para combater a praga. A presença da larva foi detectada, além de Minas Gerais, na Bahia, Goiás, Mato Grosso, Paraná, Roraima , Maranhão, Piauí, Tocantins, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e Distrito Federal. O estado de emergência atinge Minas, Mato Grosso, Goiás e Bahia.
Helicoverpa armigera custa US$ 5 bilhões por ano
em controle e perdas
“É possível que esta praga esteja disseminada por todo o Brasil"
Em todo o mundo, chegam a US$ 5 bilhões os custos anuais com controle e perdas de produção em função da Lagarta (Helicoverpa armigera). É o que aponta o estudo publicado recentemente pela Universidade Federal de Goiás - UFG, em parceria com a Fundação Mato Grosso – tema desta série de reportagens.
Na Índia e China, nada menos que 50% dos inseticidas utilizados visam o controle desta praga. Na Espanha, a Helicoverpa armigera é uma das pragas mais nocivas ao cultivo de tomate para a indústria, revela a pesquisa, usando como referência a obra “Report of a pest risk analysis: Helicoverpa armiger”, de Lammers & MacLeod, publicado pelo Departamento de Meio Ambiente, Alimentos e Assuntos Rurais do governo do Reino Unido.
A comunicação científica mostra que a espécie “apresenta ampla distribuição geográfica, sendo registrada na Europa, Ásia, África e Oceania. Até o momento, não havia sido registrada no continente americano”. No trabalho é relatada a primeira ocorrência de H. armigera no Brasil. “Espécimes do inseto foram coletados nos meses de janeiro e fevereiro de 2013, nos Estados de Goiás, atacando cultivos de soja; Mato Grosso, atacando cultivos de algodão; e Bahia, em tiguera de soja”, relata.
De acordo com o estudo, “é possível que esta praga esteja disseminada por todo o Brasil. Em muitas localidades, os agricultores relatam a presença de lagartas de morfologia e comportamento alimentar similares aos observados nos locais onde o inseto foi coletado e identificado”.
A comunicação científica “Primeiro registro de ocorrência de Helicoverpa armigera (Hübner) (Lepidoptera: Noctuidae) no Brasil” é assinada por cinco especialistas, sendo quatro deles da Escola de Agronomia da UFG (Goiânia/GO): Cecília Czepak, Karina Cordeiro Albernaz, Humberto Oliveira Guimarães e Tiago Carvalhais. Pelo Centro de Pesquisa Dario Minoru Hiromoto, da Fundação Mato Grosso (Rondonópolis/MT), assina Lúcia Madalena Vivan.
Fotos: 27.
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