O desafio do transgênico brasileiro em Unaí-MG
Pesquisadores da unidade de Recursos Genéticos e Biotecnologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, em Brasília (DF), encaram o desafio de acelerar as pesquisas com transgênicos e colocar o país na vanguarda mundial do setor. O interesse é estratégico, já que o Brasil ocupa uma modesta posição no ranking dos países desenvolvedores de plantas transgênicas, apesar de ser um dos maiores exportadores de alimentos do mundo.
Uma das descobertas mais recentes deverá chegar ao mercado até 2015. Trata-se do feijão imune à ação do mosaico dourado, doença viral transmitida pela mosca branca. Só neste ano, produtores de Unaí-MG, na região Noroeste de Minas Gerais, amargaram perdas estimadas em mais de R$ 200 milhões por conta da praga.
No Distrito Federal, onde foi decretado vazio sanitário (suspensão do plantio), 70% da produção também foram destruídos, o equivalente a R$ 15 milhões.
As primeiras experiências com o feijão foram feitas em 2004. Depois de várias tentativas frustradas de encontrar uma espécie que apresentasse resistência ao vírus para cruzar com o tipo carioca, mais comum no Brasil – foram analisadas cerca de 15 mil variedades –, os biólogos partiram para a engenharia genética. O resultado foi o “Feijão Embrapa 5.1”, desenvolvido com um orçamento de US$ 3,5 milhões.
“Retiramos um fragmento do genoma (informação hereditária) do vírus e o inserimos na planta, que passou a produzir RNAs (material genético) capazes de destruir o RNA do vírus, impedindo-o de se multiplicar”,
Explica o pesquisador do laboratório de transformação genética de plantas da EMBRAPA, Francisco Aragão.
Perspectivas
O novo feijão mostrou-se totalmente resistente à ação do vírus nos testes feitos em estufas controladas e no campo. Diante dos bons resultados, a meta é possibilitar a redução da aplicação de inseticidas de 16 para três vezes ao mês nas lavouras.
“Embora a planta seja resistente à doença, ainda é preciso controlar a população de moscas brancas. Se tivermos até 40 insetos em um pé de feijão, a situação estará sob controle, mas, se tivermos uns 200, eles começarão a causar danos como sugadores e não transmissores do vírus”,
Afirma Aragão.
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