Vilani Cambraia só se iniciou na arte após
'ser tirada para dançar' em 2013
Ela ensina crianças carentes em Santa Maria-DF
e dá palestras motivacionais
A paralisia infantil, descoberta aos 3 anos, não impediu Vilani Cambraia de virar dançarina, mesmo em uma cadeira de rodas. Hoje, já adulta, ela não apenas consegue dançar, como também ensina crianças carentes em um projeto social em Santa Maria, no Distrito Federal.
Herdeira de uma família de dançarinos, ela só despertou para a arte em 2013, quando foi tirada para dançar por um professor em uma festa junina. Até então, ela apenas apreciava os pares no salão.
"Quando eu via alguém assim dançando bem,
eu só ficava ali babando"
Diz Vilani, que se acostumou a ver os pares em coreografias não apenas no salão, mas também dentro de casa.
"Minha família toda é dançarina, meu pai.
E eu ficava só olhando
porque imaginava assim que em uma cadeira de rodas
eu não daria conta de nada."
Ela afirma que a vida mudou desde que foi convidada a sair do canto onde só admirava o baile. Até a relação com a cadeira de rodas se tornou outra.
"Eu e ela [a cadeira de rodas], a gente não se gostava.
Eu só sentava nela para sair na rua.
Eu aprendi que posso lidar muito bem com ela.
Que ela pode ser minhas pernas e me fazer voar."
Desde que dançou pela primeira vez, ela não parou mais. Hoje, é possível vê-la em feiras, nos salões, em escolas e festas em geral.
"Depois que eu descobri que eu podia [dançar],
nossa, aí eu me jogo de cabeça."
O parceiro é aquele que fez o convite na festa junina. Professor da arte, Adailton Lourenço diz que o bailado em parceria com Vilani é sempre motivo de grande satisfação.
"Tenho muito orgulho. [É prazeroso]
você entrar num salão de dança e as pessoas aplaudirem
o trabalho que você está fazendo
com uma pessoa maravilhosa dessas."
Mesmo sem o movimento nos membros inferiores, ela diz que consegue ensinar dança para as crianças do projeto social.
"Eu não consigo mover as pernas para dar os passos,
para que as pessoas vejam.
Mas eu uso isso nas mãos e na fala.
Eu digo 'pezinho para frente, pezinho para trás';
'sensualidade'; corpo'. E 'se joga'."
As palestras que ela ministra são uma forma de motivar outros cadeirantes a descobrirem o prazer da dança.
"Eu quero que as pessoas conheçam
que a dança pode fazer uma diferença enorme na vida
do ser humano, como tem feito na minha.
Muito".