Lee Ann Fink e Mzee Shabani estão na carceragem
da PF desde sexta (29).
Casal tinha fugido para a Tanzânia
e foi localizado pela Interpol.
A mãe do menino Ezra confessou em depoimento à polícia que matou o filho no apartamento da família na região central de São paulo, em setembro. Lee Ann Fink também afirmou que estava sozinha no apartamento quando bateu e golpeou o menino com uma faca. As informações são do SPTV.
Ela e o padrasto do menino Ezra serão transferidos para presídios diferentes na manhã desta Quarta-feira (160302). Lee Ann Fink e Mzee Shabani estão na carceragem da Polícia Federal, na Lapa, desde Sexta-feira (160226).
O casal foi ouvido na sede da Polícia Federal nesta Segunda-feira (160229).
O padrasto Mzee Shabani afirmou que tinha ido levar as duas filhas do casal à escola e quando voltou o menino já estava morto.
A prisão preventiva dos pais do menino foi decretada em setembro de 2015, quando eles ainda estavam na Tanzânia.
Eles foram denunciados por homicídio e ocultação de cadáver.
O Departamento de Homicídios ainda precisava saber qual tinha sido a participação de cada um na morte do menino.
Um dia antes do crime ser descoberto, o casal e as duas filhas viajaram para a Tanzânia. Em novembro, eles foram presos pela Intermpol.
A investigação foi encerrada pelo Departamento de Homicídios e o casal vai a júri popular.
O crime
Ezra Liam Joshua Finck tinha 7 anos e foi encontrado morto em 4 de setembro no freezer da casa onde morava com a mãe, a sul-africana Lee Ann Finck, de 29 anos, o padrasto, o tanzaniano Mzee Shabani, de 27 anos, e duas irmãs, no Centro de São Paulo.
Câmeras do Aeroporto de Guarulhos registraram o casal deixando o país com as duas filhas em 3 de setembro.
O menino foi enterrado quase um mês depois do crime, em 29 de setembro, sem velório ou qualquer outro tipo de cerimônia.
Os foragidos foram encontrados em Bagamoyo, na região costeira do país. A Interpol de São Paulo havia inserido, a pedido da Justiça, o nome do casal na “difusão vermelha”, onde estão foragidos.
Enterro e missa
O corpo do garoto ficou 25 dias no necrotério do Instituto Médico-Legal (IML).
A demora ocorreu porque os parentes próximos da vítima, que poderiam liberar o cadáver e cuidar dos ritos fúnebres, vivem na África do Sul.
O Unicef (Fundo das Nações Unidas para Infância), através seu escritório nacional, em Brasília, havia encaminhado um pedido à embaixada daquele país para ajudar na localização de familiares.
O vice-cônsul sul-africano Thabo Sedibana informou, porém, que as buscas não tiveram êxito e liberou o enterro do garoto.
A Secretaria da Segurança Pública afirmou, em nota, que, depois do aval do consulado, tomou a iniciativa de enterrar o menino “pois nenhum parente se comprometeu a se responsabilizar pelo corpo”.
Uma missa foi feita em homenagem ao menino Ezra no cemitério da Vila Formosa, no dia 5 de outubro.
Na missa, estavam presentes o secretário de Direitos Humanos, Eduardo Suplicy, a Arquidiocese de São Paulo, a Pastoral da Menor e representantes do consulado da África do Sul.
A cônsul geral da África do Sul, Mmaikeletsi Dube, disse que "é importante salientar que não é assim que o povo sul africano trata suas crianças".
Quando foi enterrado, o túmulo de Ezra, nascido na África, tinha apenas uma coroa de flores com a frase “Descanse em paz”, que foi dada pelo IML.
A Arquidiocese de São Paulo e o secretário Eduardo Suplicy reclamaram de não ter sido avisados sobre o enterro de Ezra.
Prisão decretada
A Justiça de São Paulo decretou em 15 de setembro a prisão da mãe e do padrasto. Segundo uma testemunha, o padrasto e Mzee Shabani confessou, por telefone, que a mãe do menino, Lee Ann Finck, “se excedeu e matou a criança e que ela estaria dentro de um freezer.
Disse, por fim, antes de desligar o telefone, que fugiram para a África”.
A juíza que cuida do caso, Ana Helena Rodrigues Mellim, justificou o pedido de prisão preventiva dizendo que "os investigados têm em seu poder mais duas crianças de pouca idade e que podem sofrer a mesma absurda violência pela qual passou esse menino antes de ser morto por quem tinha o dever de protegê-lo".
Imagens de câmeras de segurança do prédio onde morava a família mostram que, no dia 28 de agosto, o freezer foi carregado da loja de doces de Mzee, que ficava no térreo do prédio, até o apartamento deles.
Seis dias antes, no dia 22, as mesmas câmeras registraram o Ezra entrando no hall do prédio e, em outro momento, cumprimentando um vizinho.
Histórico de problemas
O Conselho Tutelar informou que Ezra foi atendido em junho de 2014 após receber denúncia que a criança apresentava sinais de espancamento.
A mãe declarou, segundo o conselho, que batia "no intuito de educar, e não machucar".
No mesmo ano foi concedida uma liminar de acolhimento, suspendendo o convívio familiar de Ezra com o padrasto e a mãe.
Em 15 de janeiro deste ano, o juiz Rodrigo Vieira Murat permitiu o retorno do menino ao convívio com o casal e determinou que o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) acompanhasse a família por seis meses.
O desembargador do Tribunal de Justiça, Antônio Carlos Malheiros, disse que o menino foi acompanhado durante seis meses e depois devolvido à família após pedido da criança.
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