“Isabela” é a criança mais jovem do país
a obter o reconhecimento da mudança de gênero
No início do mês foi anunciado que um menino de 9 anos obteve autorização judicial para mudar o nome e o gênero sexual. Agora, o jornal Estado de São Paulo mostra em reportagem que um de 5 anos, em Salvador, que “ganhou o direito de ser menina”.
O menino baiano, que não teve o nome de batismo revelado, passou a se chamar oficialmente de Isabela.
Trata-se da criança mais jovem do país a obter o reconhecimento da mudança de gênero. Embora frequentasse a mesma escola há três anos, esta semana sua professora a chamou pelo novo nome e pôde usar o banheiro das meninas.
O argumento da família é que “Isabela” tem disforia de gênero. Desde o ano passado, o ex-menino é uma das 32 crianças atendidas pelo Ambulatório de Transtorno de Identidade de Gênero do Hospital das Clínicas - HC de São Paulo.
Por isso, já é considerado um transexual.
Sua mãe, Patrícia, 36 anos, explica que, desde que tinha um ano e meio, ele demonstrava preferência por brinquedos e roupas de meninas.
“Nessa época, não demos a menor importância,
até por causa da pouca idade”
Justifica.
Diz ainda que a partir dos dois anos, Isabela mostrava-se cada vez mais incomodada em ser tratada como menino. A mãe lembra que ele não queria mais usar roupas masculinas e até chorava quando a chamavam por seu nome de batismo.
Patrícia começou então a pesquisar para entender o incômodo da criança e procurou a ajuda de um psicólogo.
O fundador do Ambulatório de Transtorno de Gênero, o psiquiatra Alexandre Saadeh, conta que além das 32 crianças, atende ainda 80 adolescentes.
Ele justifica que nem todos que chegam ao ambulatório se tornarão transexuais.
Segundo o psiquiatra, alguns casos é apenas um “comportamento lúdico convencional”. Ou seja, uma fase quando um menino prefere brincar com outras garotas ou uma menina que quer brincar com carrinhos.
Ele acredita que “o preconceito diminuiu bastante nos últimos anos. Mas muitos pais ainda chegam se sentindo culpados, nosso papel é mostrar que não está nas mãos da família decidir isso. É o que a criança é.” O seu grupo desde 2013 oferece o “bloqueio da puberdade”, que é um tratamento hormonal para crianças, que tem como justificativa “evitar sofrimento maior”.
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