Cidade de 10 mil habitantes é responsável
por 15% da produção do país.
Exemplo de empreendedorismo,
confecções tiraram mulheres das lavouras.
Juruaia-MG é uma cidade de cerca de 10.000 mil habitantes que se transformou em poucos anos na “capital da lingerie” do Sul de Minas.
O município é considerado o 3º polo em produção de roupas íntimas do Brasil, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Têxteis - ABIT, responsável por 15% da produção no país.
O desenvolvimento da cidade é contado como exemplo de empreendedorismo. Em pouco mais de uma década, Juruaia saiu de uma economia essencialmente agropecuária para se transformar em um centro industrial de lingerie, e os únicos protagonistas dessa história foram os próprios moradores da cidade.
Essa história começa em 1991.
Naquele ano, uma reportagem veiculada em um jornal da Rede Globo mostrava o prefeito à época dizer que em Juruaia não se cobrava água nem iluminação pública dos moradores.
Do outro lado do país, ‘seu’ Alencar assistia à televisão em Goiânia-GO e já com a intenção de montar uma empresa, resolveu escolher Juruaia para começar seu negócio.
Assim surgiu a primeira confecção de lingerie da cidade. Na época, a prefeitura apoiou e cedeu um barracão para o empresário, que ficou conhecido na cidade como ‘Zé Carcinha’.
A empresa, que começou na informalidade, acabou não dando certo e fechou as portas alguns anos depois, mas a iniciativa trouxe para os moradores de Juruaia a ideia de mudar de vida investindo em um novo setor.
Os primeiros moradores a embarcar na ideia montaram suas empresas com um conceito diferente: produzir lingerie de qualidade e com tendências alternativas a um preço mais em conta do que as já conceituadas marcas de lingerie.
Para divulgar o novo negócio, os moradores usavam a boa fórmula mineira do ‘boca a boca’. Muitas universitárias da região vendiam a lingerie da cidade para as colegas e usavam a renda para pagar os estudos, e assim iam divulgando a cidade.
Alguns empresários também entregavam panfletos convidando os clientes para conhecer a já intitulada “capital da lingerie”.
Com o sucesso das primeiras empresas, mais e mais moradores foram iniciando os seus negócios e assim, as mulheres da cidade foram trocando as lavouras de café pelas máquinas de costura.
Escalada
Em 1997, a prefeitura e alguns comerciantes resolveram fundar uma associação comercial na cidade para conseguir puxar mais investimentos na profissionalização das empresas. Cursos foram dados gratuitamente para os funcionários dos associados, essencialmente trabalhadoras rurais e donas de casa, com o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - Sebrae.
Associação Comercial de Juruaia - ACIJU começou com 35 indústrias de moda íntima. Hoje, 19 anos depois, são cerca de 250 confecções na cidade, que juntas, vendem aproximadamente 1.600.000,00 milhão de peças por mês especialmente para o atacado. A produção na cidade possui um crescimento médio anual de 20% e R$20.000.000,00 milhões de faturamento por mês.
Atualmente, ainda segundo informações da ACIJU, o setor de lingerie gera 5.000 mil empregos, o equivalente a 45% da população da cidade. Com a alta demanda, a produção ainda precisa de mão de obra das cidades vizinhas. Cerca de 500 trabalhadores chegam todos os dias à cidade para trabalhar na indústria de lingerie.
Ainda para contornar a falta de funcionários, algumas empresas inovaram treinando homens para a confecção de lingerie, antes um tabu na cidade.
Além de moda íntima, muitas empresas hoje desenvolvem linhas de pijamas, fitness e moda praia. As confecções distribuem para todo o país, e algumas, inclusive, exportam para países como Alemanha, Japão, Bolívia, Estados Unidos, Irlanda, entre outros.
As empresas, geralmente, seguem um perfil semelhante em Juruaia. As mulheres lideram no comando das empresas, à frente de 92% das confecções na cidade. As fábricas, no geral, se constituem em um formato familiar. A irmã da costureira começa a trabalhar, que chama a tia, que puxa a sobrinha, e assim por diante.
A apresentação de metas é feita de forma descontraída e há envolvimento pessoal dos funcionários com a empresa e proprietários. Com a conquista da experiência, vem a vontade de criar o próprio negócio, e assim, ex-funcionários se tornam proprietários de novas confecções.
Confira Galeria de Fotos do desfile, AQUI NO G1. |
Desenvolvimento
A consolidação como um polo de lingerie trouxe uma verdadeira transformação social na cidade. Se antes, como contam os moradores, não se achava um administrador formado em Juruaia-MG, uma geração de jovens que cresceu na cidade em ascensão empresarial hoje se profissionaliza para dar continuidade à “capital da lingerie”. Muitos saem da cidade para estudar em universidades, mas voltam para aprimorar a produção de Juruaia e assumir os negócios da família.
A prefeitura investe em infraestrutura para receber os milhares de clientes que visitam Juruaia anualmente. O Centro de Eventos foi construído para receber as edições anuais da Feira de Lingerie de Juruaia - Felinju, principal evento do setor na cidade, onde os comerciantes apresentam suas novas coleções.
O desenvolvimento econômico do município também contribuiu para melhorar a qualidade de vida dos moradores.
Muitos que antes trabalhavam nas lavouras de café e outras culturas, trocaram a função por trabalhos com carteira assinada e benefícios, ou abrindo seus próprios negócios.
Em 2013, Juruaia passou a liderar a renda per capita do Sul de Minas e figurava como a terceira de Minas Gerais, segundo dados do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil.
A história da cidade se resume como a síntese de um exemplo de empreendedorismo. Seus moradores arriscaram o que tinham em um sonho, e com isso, mudaram a própria realidade.
Com Informações de: G1.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Respeite opiniões! Identifique-se com Nome e Localidade!
Obrigado.