Deputada federal elogiou marido 
durante votação do impeachment.
Ruy Muniz usou meios fraudulentos 
para beneficiar o hospital dele, diz PF.
              Os delegados da Polícia Federal disseram durante uma coletiva de imprensa que a prisão do prefeito de Montes Claros-MG Ruy Muniz (PSB), que ocorreu nesta Segunda-feira (160418), um dia após o gestor ser elogiado pela mulher, deputada federal, Raquel Muniz (PSD), na sessão de votação do impeachment da presidente Dilma Rouseff (PT) foi uma coincidência. 
              Na ocasião ela votou a favor do processo e afirmou que "meu voto é em homenagem às vítimas da BR-251. É para dizer que o Brasil tem jeito, e o prefeito de Montes Claros mostra isso para todos nós com sua gestão".
              De acordo com os delegados, estava prevista para a próxima semana o cumprimento do mandado de prisão preventiva, mas, o pedido foi publicado equivocadamente no site do Tribunal Regional Federal, e a prisão teve que ser antecipada.
              Ruy Muniz é acusado de prejudicar o funcionamento de hospitais públicos da cidade para favorecer um hospital privado, que é gerido pela sua família. Ele foi preso na operação "Máscara da Sanidade II - Sabotadores da Saúde".
“A operação teve que necessariamente ser antecipada em virtude de um pequeno lapso ocorrido no Tribunal Regional Federal, de modo que no decorrer da semana passada o pedido de prisão preventiva foi publicado no site, e jornalistas da nossa cidade tiveram acesso a esse dado relevante, que fez com que a Polícia Federal tivesse que antecipar as ações, cumprindo o mandado imediatamente após a sessão do impeachment. Reafirmo que não foi nada planejado, tudo ocorreu para evitar que os mandados não fossem cumpridos”
              Falou o delegado Marcelo Freitas.
              O prefeito foi preso em um apartamento na Asa Sul, em Brasília-DF. Ele foi levado em uma viatura da PF para Montes Claros-MG. 
              Além de Ruy Muniz, foi presa também a secretária de Saúde, Ana Paula Nascimento. 
              Foram cumpridos ainda quatro mandados de busca e apreensão na residência dos acusados, na Prefeitura e na Secretaria de Saúde; além de dois de busca pessoal, que objetivavam apreender celulares e smartphones.
Acusação
              Ruy Muniz e Ana Paula Nascimento são acusados de reter recursos do Sistema Único de Saúde destinados a quatro hospitais do município, e beneficiar o Hospital das Clínicas Mário Ribeiro, que é do grupo empresarial do prefeito; as investigações estão sendo feitas há dois anos.
“Ele alegava que os hospitais devidamente credenciados e que deveriam receber repasses não estavam cumprindo os requisitos básicos e exigências da lei 
para que os recursos fossem repassados. 
Ao invés de adotar outras medidas para que o serviço fosse prestado da forma adequada, sem sacrificar a saúde financeira do hospital, ele simplesmente não repassava o recurso e deixava que as unidades passassem dificuldades e não conseguissem 
atender a demanda da sociedade. 
Foi identificado que em alguns casos, recursos provenientes do SUS estavam sendo desviados em detrimento dos hospitais credenciados para favorecer 
um hospital particular”
              Disse o delegado Alexandre Leão.
              Os delegados citaram que o município reteve R$16.500.000,00 milhões, que seriam destinados as quatro unidades hospitalares, e que atendem mais de 1.600.000 milhão de pessoas por mês. 
              Segundo as investigações, apenas em outubro de 2015, 37.000 mil procedimentos deixaram de ser feitos.
              Após o início da retenção da verba, o Hospital das Clínicas conseguiu, de acordo com a PF, de forma fraudulenta, uma credencial para prestados de serviços do SUS. 
              A autorização é concedida pela Secretaria de Saúde e precisa do aval do Conselho Municipal de Saúde, que não foi dado.
“A própria Superintendência Regional de Saúde informa que o Hospital das Clínicas Mário Ribeiro não está credenciado para prestar serviço ao SUS”
              Esclarece Marcelo Freitas. 
              A irregularidade foi detectada pelo Departamento Nacional de Auditoria do SUS - DNASUS. 
              As investigações apontam que o HC conseguiu receber R$1.000.000,00 milhão para prestar serviços de baixa e média complexidade. Dinheiro, que, para a PF, foi conseguido por meio de um processo licitatório fraudulento, já que a unidade de saúde não é filantrópica e não estava credenciada.
              Após a retenção das verbas do SUS, Montes Claros perdeu a gestão plena de saúde, e o repasse que era gerido pela Prefeitura passou a ser feito pelo Governo de Minas Gerais. 
              De acordo com Marcelo Freitas, mesmo após esta decisão, Ruy Muniz ainda tentou denegrir a imagem das instituições hospitalares.
“A Prefeitura perdeu a gestão plena da saúde, mas de lá para cá tem tentado reaver essa gestão, por outro lado, embora tenha perdido a gestão plena da saúde, os ataques aos demais hospitais ainda persistem de maneira veemente, e mesmo acontecendo todas as investigações que foram divulgadas pela PF e MPF, o prefeito ainda persistiu utilizando-se de mídia paga pelo município para denegrir a imagem dos hospitais”
              Afirmou.
Ameaça de testemunhas
              Como os prefeitos têm foro privilegiado e trata-se de crimes envolvendo verbas federais, o caso foi encaminhado à Procuradoria Regional da República em Brasília-DF. 
              A denúncia foi oferecida pelo procurador Alexandre Camanho, que conversou por telefone com o G1.
“Já havia uma denúncia relacionada às praticas destes mesmos crimes, e, mesmo após essa denúncia, 
as práticas criminosas continuaram sendo reiteradas, 
e houve neste período de tempo [da investigação] 
a intimidação de testemunhas. 
Para o Ministério Público Federal e Poder Judiciário 
não importa se trata-se de um governador, 
prefeito ou empresário. 
Uma pessoa que reitera o cometimento de crimes 
e ameaça testemunhas precisa ser presa”.
              Em relação às testemunhas, Camanho afirmou que são pessoas ligadas à Saúde e que são importantes para a investigação.
Reeleição e futuro do prefeito
              Ao ser questionado se a operação poderia atrapalhar uma possível candidatura de Muniz, o delegado Marcelo Freitas ressaltou que “a Polícia Federal não vai analisar essa questão porque a ela não compete fazer qualquer juízo de valor em relação a eleição ou reeleição e quem quer seja”.
              O prefeito e a secretária permanecerão presos em Montes Claros, e, como têm curso superior, terão direto à celas especiais.
“O prefeito permanece no cargo por 15 dias, prazo previsto na Lei Orgânica Municipal, ultrapassado esse prazo sem que a prisão seja revogada ou sem que haja alguma outra deliberação em sentido contrário, 
o prefeito necessariamente será afastado do cargo”
              Falou Freitas.
              O gestor municipal e a secretaria podem responder por falsidade ideológica majorada, dispensa indevida de licitação pública, estelionato majorado, prevaricação e peculato. As penas máximas podem chegar a 30 anos. 
              Um ex-secretário de Saúde também está sendo denunciado, ele não foi preso por não estar atuando atualmente.
O que diz a prefeitura
              Em nota, a prefeitura de Montes Claros esclareceu que o prefeito permanece em pleno exercício do cargo e que todos os órgãos continuam funcionando normalmente. 
"A administração tem plena convicção de que a decisão absurda será revertida com a maior brevidade possível, por entender que a Justiça Federal foi induzida ao erro 
ao receber informações que não se harmonizam com a verdade"
              Diz a nota.
              Ainda segundo a nota, o prefeito cobrou profundas mudanças no sistema de saúde de Montes Claros, contrariando grandes interesses, o que provocou uma perseguição política contra ele e contra a secretária de Saúde.
              Com Informações de: G1.
 


 
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