Mosquito transmite dengue, vírus da zika,
chikungunya e febre amarela.
Servidores já haviam relatado haver água
contaminada, ratos e insetos.
Uma vistoria feita pelo Sindicato dos Policiais Civis apontou a existência de larvas do mosquito Aedes aegypti – que transmite dengue, vírus da zika, chikungunya e febre amarela – em delegacias do Distrito Federal.
Vídeo mostra focos nos pátios onde ficam os carros apreendidos.
O último boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde aponta que os casos de dengue subiram 341% neste ano, em comparação com o mesmo período de 2015, chegando a 4.735 ocorrências.
Por e-mail, a Polícia Civil disse que as delegacias foram orientadas a fazerem a fiscalização, junto com a Vigilância Sanitária, dos pátios e objetos apreendidos e de qualquer local que possa acumular água.
"Assim, visando o controle
e a eliminação de qualquer local
que possa ser foco do mosquito Aedes aegypti,
todo o material necessário
está sendo disponibilizado as DPs"
Declarou.
Policiais civis já haviam relatado infestação de ratos e insetos, além de consumo de água contaminada com fezes de pombos, em delegacias. Imagens feitas pelo sindicato da categoria mostram infestação de baratas em uma das unidades e uma tarântula circulando em outra.
O problema seria mais intenso nas unidades do:
Pistão Sul (21ª),
Sobradinho II (35ª DP) e
Taguatinga Norte (17ª DP).
Em nota, a direção da Polícia Civil disse que as denúncias são infundadas e afirmou que as dedetizações ocorrem dentro do prazo.
O presidente do sindicato, Rodrigo Franco, oficiou a direção da corporação e a Vigilância Sanitária em 26 de janeiro cobrando um posicionamento.
Por telefone, a Secretaria de Saúde disse que não se manifestaria sobre o assunto porque, apesar do documento, o tema era de responsabilidade da corporação.
"A gente oficiou a direção da polícia
para que eles nos informassem qual a data
que foi feito um trabalho de dedetização
e controle de pragas,
mas a gente não recebeu a resposta.
Mesma coisa com a vigilância"
Diz Franco.
"Soubemos por causa das denúncias dos colegas.
Eles mandam fotos, mandam reclamações."
Policiais da 21ª DP contam ter precisado tomar vermífugo em janeiro depois de descobrir que a água da delegacia estava contaminada. A unidade recebe até 30 presos por dia e atende, além da parte sul de Taguatinga-DF, moradores de Águas Claras e do Areal.
O conserto e a limpeza da caixa d'água aconteceram no dia 22 de janeiro.
A direção da Polícia Civil disse considerar com isso a situação normalizada.
"Encontraram fezes de pombo na caixa d’água.
O rapaz que foi fazer na manutenção
disse que pisou na bosta lá
e que ficou coberta por uma substância pastosa.
Inclusive, durante a manutenção,
o cheiro que ficou aqui foi de esgoto.
E a gente bebeu essa água assim por meses.
Mesmo tendo filtro, era água com cocô
que a gente bebia.
A mesma água de lavar a mão, tomar banho",
Disse um servidor que não quis se identificar.
"E barata, então, já é quase da família.
Cada uma tinha a sua de estimação.
Na porta da delegacia,
à noite tinha assembleia de barata.
Quando acendia a luz,
à noite tinha muita barata lá.
Eu cheguei a trazer veneno de casa para jogar.
Também tem muito rato
por causa do pátio de veículo apreendido"
Completou o homem.
Segundo a Polícia Civil, a última dedetização nas delegacias aconteceu em dezembro. A limpeza das caixas d'águas, afirma, ocorre durante todo o ano.
O presidente do sindicato afirma que problemas do tipo acabam tirando o foco do que deveria ser a preocupação dos policiais.
"Tivemos colegas com problemas estomacais
por tomar água contaminada.
Isso traz problema para a corporação,
para a saúde dos presos, para a população.
Se um colega fica doente
e precisa se afastar do trabalho,
principalmente quando o efetivo é baixo,
a situação fica pior.
Temos que estar preocupados com o que interessa,
que é o controle dos crimes,
não com controle de inseto."
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